Bolsa Família derruba em 55% mortes por Aids entre mulheres vulneráveis
Estudo publicado na revista Nature Human Behaviour comprova o impacto do programa de transferência de renda na redução das mortes pela doença causada pelo HIV e revela papel determinante para evitar novas infecções
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A queda expressiva no número de mortes por HIV entre beneficiárias do Bolsa Família é a maior prova de que o programa, criado pelo presidente Lula em 2003, relançado em 2023 e que ajudou a tirar o Brasil do Mapa da Fome pela segunda vez, ultrapassa barreiras da simples transferência de renda ao reduzir as desigualdades e salvar vidas.
Recente pesquisa publicada pela revista Nature Human Behaviour comprovou a redução de 47% na incidência da síndrome causada pelo HIV e em 55% na taxa de mortalidade pela doença. Outro dado positivo é que o impacto do programa foi mais intenso entre mães pardas e pretas, de baixa renda e maior escolaridade, registrando redução de 56% na incidência da doença.
Coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) da Espanha, em parceria com instituições dos Estados Unidos e do Brasil, o estudo alcançou 12,3 milhões de mulheres de baixa renda e avaliou dados de 2007 a 2015 de mães e filhas em domicílios beneficiados pelo Bolsa Família.
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Entre as filhas, houve diminuição de 47% na incidência de aids e de 55% na mortalidade e entre as mães, as quedas foram de 42% e 43%, respectivamente.
“Nossas descobertas mostram que esses programas não apenas reduzem os riscos de HIV e as mortes relacionadas à Aids, mas também apoiam o progresso em direção ao desenvolvimento sustentável. No atual contexto global de aumento das desigualdades e das taxas de pobreza, os programas de transferência de renda têm o potencial de reduzir significativamente a morbidade e a mortalidade por aids, especialmente entre populações com múltiplas vulnerabilidades”, afirmou Davide Rasella, pesquisador do ISGlobal e coordenador do estudo em matéria publicada pelo site Metropoles.
Condicionalidades fazem a diferença
O estudo mostrou também que as condicionalidades do Bolsa Família foram decisivos para o alcance dos bons resultados. O programa acompanha e exige a frequência escolar, exames de rotina, participação em ações de educação em saúde e atividades sobre prevenção sexual e reprodutiva.
“A pesquisa sugere que políticas integradas de assistência social e saúde podem explicar parte da redução nacional da Aids. No total, entre 2007 e 2021, a incidência caiu quase 30% no país e mais de 40% apenas entre as mulheres”, publicou o site Metropoles.
A equipe cruzou dados socioeconômicos e de saúde, o que permitiu identificar efeitos específicos em subgrupos vulneráveis, frequentemente sub-representados em estudos clínicos. O estudo constatou ainda que, além de apoiar o acesso à escola e aos serviços de saúde, o Bolsa Família ajuda a melhorar a alimentação e a redução da insegurança alimentar, o que fortalece o sistema imunológico e incentiva a busca por tratamento precoce.
Referência mundial
Criado pelo presidente Lula em 2003, o Bolsa Família é o maior programa de transferência de renda do Brasil e referência mundial, sendo replicado em vários países como Chile, México, Indonésia, África do Sul, Turquia e Marrocos.
No Brasil, o número de famílias atendidas caiu para 19,6 milhões em julho, o menor desde o retorno do Bolsa Família em março de 2023, após ter atingido 21,4 milhões em setembro do mesmo ano.
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Em julho, um milhão de famílias deixaram o programa porque conseguiram empregos estáveis ou expandiram pequenos negócios. “Estamos falando de quase 24 milhões de brasileiros superando a pobreza desde 2023. Muitos estão saindo para a classe média, que cresce com a ascensão de parte do público do Bolsa Família”, disse o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias.
“A virtude do Bolsa Família é atingir uma parcela significativa da sociedade brasileira que nunca tinha sido beneficiada por programas sociais. Ele está entre os programas mais bem direcionados do mundo, chegando a quem realmente precisa dele”, diz o site do Banco Mundial ao informar que a cidade de Nova York implantou o programa “Opportunity NYC”, de transferência condicional de renda, modelado no Bolsa Família.
“Esta é uma das raras ocasiões em que um país desenvolvido está adotando e aprendendo com experiências do chamado mundo em desenvolvimento”, publicou o site, comprovando o êxito absoluto do Bolsa Família.
Da Redação, com Agência Gov e site Metropoles
