Bolsonaristas fazem tentativa patética de escapar da culpa pelo 8 de janeiro

Nesta quarta-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, faz a leitura do requerimento de abertura da “CPMI do Golpe”. Com isso, a comissão estará criada, aguardando a indicação dos integrantes

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Bolsonaristas tentam golpe de Estado em 8 de janeiro: punição vai chegar

A tentativa dos bolsonaristas de se esquivar da culpa dos atos golpistas e terroristas de 8 de janeiro é tão patética que só pode ser explicada pelo desespero que sentem por estar a um passo da punição.

Eles estimularam, apoiaram, patrocinaram e tentaram um golpe terrorista. Agora que a punição se aproxima, querem se livrar e perdem o senso do ridículo.

A insistência dos cúmplices de Jair Bolsonaro pela instalação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) tem o objetivo claro de montar um palco onde possam, com a cara de pau de sempre, dizer mentiras e espalhá-las pela internet.

Para tentar enganar a população, certamente vão usar os vídeos que mostram a presença, no Palácio do Planalto, no dia do ataque, de membros de um GSI (Gabinete de Segurança Institucional) que ainda estava repleto de bolsonaristas. Afinal, o governo Lula estava apenas em seu oitavo dia.

A estratégia, no entanto, é de arrancar gargalhadas. Pois, para que funcionasse, precisaria que todo o país fosse afetado por um súbito caso de amnésia e se esquecesse dos seguintes fatos:

1. Foi Jair Bolsonaro quem sempre ofendeu e estimulou ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ofensiva aos outros Poderes começou nos primeiros meses de seu desgoverno, quando ele participou de um ato em defesa da ditadura.

Depois, os ataques continuaram, tanto por meio de declarações do ex-capitão quanto por atos de seus seguidores, como no dia em que soltaram fogos de artifício em direção ao prédio do Supremo. 

O auge dessa postura golpista foi alcançado no 7 de Setembro de 2022, quando Bolsonaro ofendeu ministros do STF e disse que não respeitaria as decisões da Corte. Nesse dia, muitos de seus seguidores manifestavam o desejo de invadir a sede do tribunal.

2. Foi Jair Bolsonaro quem, após atacar as urnas eletrônicas e o processo eleitoral, se recusou a reconhecer a derrota. E foi ele quem deixou o país para não passar a faixa ao presidente eleito pelo povo brasileiro.

3. Foram bolsonaristas, motivados pela postura de seu líder, que acamparam em frente a quartéis militares e usaram de violência e intimidação para bloquear estradas, defendendo um golpe de Estado no país após as eleições. 

4. Foram também bolsonaristas que tramaram atentados terroristas, como a tentativa de explodir um caminhão no aeroporto de Brasília. Esses planos coincidiam com mensagens divulgadas nas redes sociais de que tais medidas levariam à decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que, na tosca narrativa dessa gente, colocaria o Exército no controle do país.

5. Foram empresários bolsonaristas que bancaram os acampamentos em frente aos quartéis. Também foram eles que pagaram pelos ônibus que levaram golpistas a Brasília para participar dos ataques de 8 de janeiro.

6. Foram parlamentares e políticos bolsonaristas que, no dia dos ataques, manifestaram pelas redes sociais apoio aos golpistas e terroristas. Alguns, inclusive, ficaram por um triz de perder seus mandatos por causa disso.

7. Foi Bolsonaro quem, em 10 de janeiro, apenas dois dias após a tentativa fracassada de golpe, fez nova postagem contestando as eleições, numa clara tentativa de manter aceso o movimento terrorista, que ainda fazia ataques, como as tentativas de derrubar torres de energia. Por causa dessa postagem, apagada por Bolsonaro horas depois, ele foi convocado a depor na Polícia Federal em 26 de abril.

8. Foi um deputado bolsonarista, Major Vitor Hugo (PL-GO), ex-líder do governo Bolsonaro, quem apresentou um projeto de lei que buscava perdoar os terroristas antecipadamente.

9. Foi um ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres, que, transformado em secretário de Segurança do DF, deixou de tomar as providência necessárias para que a Polícia Militar impedisse os ataques. A PM de Torres, pelo contrário, chegou a escoltar os terroristas até a Praça dos Três Poderes. É Torres quem hoje está preso.

10. Foi na casa desse mesmo Anderson Torres que a Polícia Federal encontrou uma minuta que tramava um golpe de Estado para fazer com que Bolsonaro continuasse no poder mesmo depois de ser enxotado da Presidência pela maioria do povo brasileiro. 

Gleisi: “Não adianta vir com armação” 

O governo Lula e o PT não viam a necessidade de uma CPMI sobre o assunto por dois motivos. Primeiro, há um país a ser governado e reconstruído. 

Em segundo, as autoridades policiais e de Justiça já estão investigando o caso, que, como vimos, não precisa de um Sherlock Holmes para apontar os culpados todos.

Caso a CPMI seja instalada, no entanto, ela servirá para deixar ainda mais claro que Bolsonaro e sua turma atacaram a democracia e, por isso, devem ser punidos.

“Não adianta vir com armação: invasores, terroristas e golpistas eram todos da turma de Bolsonaro. Vão pagar por seus crimes”, avisou a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

“O país sabe que eles (bolsonaristas) patrocinaram e executaram a tentativa de golpe. A narrativa deles não cola. Já tem ex-ministro da Justiça (de Bolsonaro) preso e militares. Queremos uma investigação ampla, geral e irrestrita. Doa a quem doer”, afirmou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).

Da Redação

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