Bolsonaro descarta prorrogar R$ 600, mas PT quer manter o pagamento de auxílio ao povo

“União não aguenta outro montante desses”, diz o presidente. Lula rebate: governo tem dinheiro para dar R$ 1,3 trilhão aos bancos, mas se recusa a manter ajuda à população. Planalto negou benefício a 42 milhões de brasileiros. “Pobre pode morrer, mas o caixa do governo não pode quebrar”, lamenta Gleisi. “O governo opera para os banqueiros”

O presidente Jair Bolsonaro se recusa a continuar garantindo o pagamento do benefício de auxílio emergencial de R$ 600 aos brasileiros daqui para frente. Na segunda-feira, em entrevista à Agromais, da Bandeirantes, ele disse que o vai negociar com o Congresso um novo valor para a quarta e a quinta parcelas do auxílio emergencial. Ele avisou que a manutenção da ajuda no valor atual de R$ 600 não será possível. “União não aguenta outro desse mesmo montante que por mês nos custa cerca de R$ 50 bilhões”, alega Bolsonaro, dando como justiticativa o endividamento do país.

A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), anunciou que a bancada do partido no Congresso vai brigar pela manutenção do auxílio de R$ 600, prorrogando-o por mais um ano. “No momento em que a pandemia acelera no Brasil, Bolsonaro volta a dizer que não vai manter o auxílio emergencial”, denunciou. “São 50 mil mortos, 1 milhão de infectados e ele quer o povo seja contaminado na rua, atrás de renda. O pobre pode morrer, mas o caixa do governo não pode quebrar”, lamentou. “O governo opera apenas para os banqueiros”.

O Projeto de Lei 2283/20, apresentado pela bancada do PT, aumenta para um ano o período de concessão do auxílio e prevê que, após esse prazo, a concessão do benefício poderá ser prorrogada novamente por ato do Poder Executivo.​ Os deputados do PT alegam que o período de três meses previsto para o pagamento do auxílio não é suficiente. “Haverá um período de transição entre o choque do isolamento e a efetiva retomada da atividade, uma vez que o mercado de trabalho costuma ser o último a reagir em momentos de crise”, diz Gleisi.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com ironia à declaração de Bolsonaro, lembrando que o governo não viu problema em abrir os cofres públicos para agradar o sistema financeiro e dar dinheiro aos bancos. “O mesmo governo que não viu nenhum problema no Banco Central distribuir R$ 1,2 trilhão para resolver o problema da liquidez do sistema financeiro, agora diz que não tem como pagar duas parcelas de R$ 600 do auxílio emergencial, que custa apenas R$ 50 bilhões por mês”, comparou.

Paulo Guedes, a versão “econômica” do desprezo de Bolsonaro pelo povo.

 

Política de morte e atraso

O senador Humberto Costa (PT-PE) também criticou a decisão de Bolsonaro. “Bolsonaro e Guedes ofereceram R$ 200 para o trabalhador. O Congresso Nacional aumentou para R$600. Bolsonaro vive alimentando uma mentira. Governa sem a verdade do seu lado”, atacou. O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), reagiu à decisão do governo. “Suspender o pagamento do auxílio emergencial ceifará ainda mais vidas e sufocará profundamente a economia. Quem ganha com essa política de morte e atraso?”, questionou.

Apesar da suspensão das regras fiscais, governo segue mais preocupado com a dívida do que com a vida”, reforça Gleisi. Ela lembra que o Ministério da Economia de Paulo Guedes negou o pagamento do auxílio emergencial a 42 milhões de pessoas e é contrário à extensão do benefício de R$ 600, que seria fundamental, diante da crise econômica. “O Brasil deve chegar à marca de 20 milhões de desempregados em 2020”, adverte a presidenta do PT. A desigualdade continua a crescer, o país amarga hoje 40 milhões de brasileiros vivendo na informalidade.

De acordo com a Caixa Econômica Federal, R$ 81 bilhões distribuídos em forma do seguro-quarentena a 63,5 milhões de pessoas, entre beneficiários do programa Bolsa Família, inscritos no Cadastro Único do governo federal e pelo aplicativo criado para atender ainda a trabalhadores autônomos. O governo destinou R$ 152,6 bilhões no orçamento emergencial aprovado pelo Congresso, tendo pago R$ 95,5 bilhões.

O tratamento diferenciado dado pelo governo aos ricos e pobres mostra a prioridade que o Palácio do Planalto dá à maioria da população, já abandonada por Bolsonaro no enfrentamento da pandemia. A prometida ajuda anunciada pelo governo para pequenas e microempresas, por meio de crédito barato via bancos, jamais se materializou, apesar das evasivas de Paulo Guedes. “O presidente não ajuda microempresários, pequenas empresas e nem o conjunto da maioria da população, que está sem condições de se manter, enquanto o governo ignora o sofrimento dos brasileiros”, critica Gleisi.

Da Redação

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