Brasil está perto de atingir 1 milhão de infectados por Covid-19
Com uma média de quase 30 mil novos casos diários, país ruma para ultrapassar EUA em casos e mortes e tornar-se o novo epicentro mundial da doença. Nesta quinta-feira (18), foram registrados 983.359 casos e 47.869 mil mortes, segundo veículos de imprensa. Apenas nas últimas 24 horas, foram confirmadas 23.050 novas infecções por coronavírus e mais de 1.200 óbitos pelo terceiro dia consecutivo. Apesar de queda na taxa de contágio, segundo estimativas do Imperial College London, ONU considera que quadro pandêmico no país é grave e não é hora de relaxar
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Com uma média de quase 30 mil novos casos diários, o Brasil ruma para tornar-se o novo epicentro mundial da doença. Nesta quinta-feira (18), o país registrou 983.359 casos e 47.869 mil mortes., de acordo com um consórcio de veículos de imprensa. Apenas nas últimas 24 horas, foram confirmadas 23.050 novas infecções por coronavírus e mais de 1.200 (1.204) óbitos pelo terceiro dia consecutivo. Apesar de uma ligeira tendência de estabilidade nos números de mortes diárias e de uma queda na taxa de contágio registrada pelo Imperial College London, é pouco provável que o pico da curva de contágio tenha sido atingido, consideradas as subnotificações.
O Imperial College London divulgou novas estimativas indicando que a taxa de contágio (Rt) vem diminuindo no país nas últimas semanas. Segundo o instituto, a taxa de transmissão caiu de 2,8 – quando uma pessoa doente infectava quase três – para 1,05, índice ainda alarmante. Países com Rt acima de 1 são classificados pelo instituto britânico com quadro pandêmico “fora de controle”. E mesmo com a relativa estabilidade nos últimos registros de mortes diárias – uma média de mil óbitos em 24 horas – a situação está longe de ficar sob controle.
“Já vimos isso antes em epidemias em outros países. Pode-se ver um sinal de estabilização durante um dia, ou alguns dias, e a [ocorrência da] doença pode subir novamente”, declarou o diretor executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan. O diretor afirmou que o quadro da pandemia no Brasil é grave e não se pode relaxar. “Deve haver um foco no distanciamento social, na higiene e nos esforços para evitar aglomerações”, recomendou.
O diretor ressaltou ainda a necessidade de o governo dar atenção especial às populações mais vulneráveis nos centros urbanos e periferias do país. “Penso que, na perspectiva do Brasil, agora realmente é um momento de dobrar as apostas no sistema público de saúde e nas medidas sociais. [É o momento de] focar em ajudar comunidades e garantir que o sistema hospitalar continue funcionando e seja capaz de tratar pacientes graves”, frisou.
Desconfiança
As mudanças na divulgação de dados impostas pelo Ministério da Saúde, atualmente sem ministro oficial, traduziram-se em uma canhestra tentativa de maquiar números. A sonegação de dados levantou desconfianças de especialistas e da imprensa brasileira. Com os boicotes de Bolsonaro à divulgação dos números relativos ao coronavírus, veículos de imprensa uniram-se em um consórcio para coletar diretamente os dados juntos às secretarias estaduais de Saúde. Em um país que não faz testes para conhecer seus doentes, por exemplo, a desconfiança em relação à transparência do governo espalhou-se rapidamente.
“Há dúvidas sobre o real número de testes em andamento na maioria das áreas mais afetadas, o que também pode influenciar os números”, afirmou Gimena Sánchez-Garzoli, diretora dos Andes do Escritório de Washington na América Latina (WOLA), em entrevista à ‘CBS News’, na quarta-feira (17).
Ela afirmou que não “confiaria” nos números anunciados pelo governo brasileiro. Garzoli disse acreditar que os dados são muito maiores do que os relatados, citando a falta de transparência do presidente brasileiro Jair Bolsonaro na divulgação dos dados. “O fato de [ a doença] estar se espalhando como fogo não é uma surpresa”, afirmou a diretora, enfatizando as subnotificações.
Brasil, ameaça a países vizinhos
Como o Brasil nunca adotou mecanismos e medidas de controle da doença – o que explica, entre outros motivos, a catástrofe sanitária atual – o país passou a representar uma ameaça real nas regiões que fazem fronteira com países vizinhos, cujos governos temem um surto de infecções por causa do novo epicentro, mesmo em nações com a doença sob controle.
Para a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, é de vital importância a adoção de medidas de proteção às comunidades pobres de migrantes nas áreas de fronteira.
Segundo Etienne, dados coletados pela organização indicam uma tendência preocupante de transmissão do vírus nas divisas dos países . “A maioria das cidades fronteiriças carece de uma infraestrutura de saúde robusta e a qualidade e acesso aos serviços são geralmente baixos”, explicou a diretora.
“Devido às instalações hospitalares limitadas, estas cidades costumam contar com laboratórios de capacidade também limitada e pequenas clínicas que atendem comunidades em vastas áreas de captação”, afirmou a diretora. O aumento da transmissão da COVID-19 nessas áreas “é motivo de séria preocupação e ação imediata”.
Transmissões
A diretora da OPAS disse que há transmissões nos estados do norte do Brasil que fazem fronteira com a Guiana e o Suriname. Também é alarmante a situação das divisas entre Venezuela, Brasil e Colômbia, na região Amazônica, e nas fronteiras entre Peru, Brasil e Colômbia.
A agência da ONU adverte que não há motivos para relaxamento. Só as Américas caminham para ter quase 4 milhões de casos quase 204 mil mortes pela Covid-19. Os EUA respondem por 54% de todos os casos nas Américas, seguido pelo Brasil, com 23% de todas as infecções. “E não estamos vendo a transmissão desacelerar. Esse é o caso em quase todos os países da América Latina e alguns no Caribe”, concluiu a diretora da OPAS.
Da Redação