Brasil terá o pior desempenho entre as maiores economias em 2021

Pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas projetam para este ano crescimento abaixo da média mundial. Negligência no combate à pandemia é principal barreira para a recuperação

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Brasil em queda livre

A derrocada neoliberal do Brasil conduzirá o país ao pior desempenho econômico entre as dez maiores economias do mundo em 2021. A projeção, fundamentada no critério da paridade de poder de compra (PPC), que reflete o custo de vida nos países, foi feita pelos economistas Claudio Considera e Juliana Trece, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre).

Publicada pela Folha de São Paulo na quinta (29), a pesquisa usa a base de dados e projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgados no final de março. Em 2021, as sete maiores economias do planeta terão performance superior à brasileira, segundo a estimativa do FMI, mais otimista que a do governo brasileiro.

O Fundo projeta crescimento de 3,7% para o Brasil neste ano. O Ministério da Economia, de 3,2%. A estimativa do mercado está em 3,09%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. A média mundial, afirma o FMI, é uma expansão de 6%.

Apesar da queda, o Brasil deve manter a 8ª posição pelo terceiro ano seguido, considerando o tamanho das economias mundiais com base na PPC. Mas ficará próximo de ser ultrapassado por França e Reino Unido, atuais 9º e 10º colocados, que vão crescer mais em 2021. Em 2018, o país era o 7º colocado.

No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil sofreu queda de 4,1%, acima da média mundial de 3,3%, e a desvalorização da moeda chegou a 30%, um dos piores desempenhos internacionais. No ano passado, o real passou de R$ 4,03 para R$ 5,20. Mas para o final de 2021 as expectativas de mercado indicam uma taxa de R$ 5,40.

“Mesmo que o real não se desvalorize tanto neste ano, você vai ter um crescimento menor do que no resto do mundo jogando contra, porque nós não cuidamos direito da pandemia”, criticou Considera.

“Recuperação em V” é vôo para baixo

O economista acredita que, mesmo que o país tenha a tal recuperação em “V” propalada pelo ministro-banqueiro da Economia, Paulo Guedes, o crescimento deste ano não irá repor as perdas de 2020. E mesmo que isso ocorresse, o país voltaria para o patamar de crescimento muito baixo verificado entre 2017 e 2019.

A estimativa dos pesquisadores é de uma variação do PIB brasileiro próxima de zero no primeiro trimestre, o que pode se repetir em abril e maio, com ganho de tração nos três meses seguintes e uma nova desaceleração a partir de setembro.

“O segundo trimestre vai depender do quanto você vai conseguir vacinar de gente, porque o setor mais importante da economia, que é o de serviços, depende de interação social. Ou tem população vacinada ou não tem interação social”, conclui o economista.

Pelo critério do PPC, a China é a maior economia mundial, seguida por Estados Unidos, Índia, Japão, Alemanha, Rússia, Indonésia e Brasil. Além do critério da PPC, o Fundo também compara o tamanho das economias considerando o valor do PIB de cada país em dólares a preços correntes.

Nesse caso, o Brasil caiu da 9ª posição ocupada em 2018 e 2019 para a 12ª posição em 2020, sendo ultrapassado por Canadá, Coreia do Sul e Rússia. Para 2021, a projeção do FMI indica que o país deve perder mais uma posição, desta vez para a Austrália.

As projeções do FMI também mostram que o Brasil recuou no ranking global dos países com maior PIB per capita em 2020, e deve continuar a perder posições. A queda ocorre pelo menos desde 1980, quando o país estava entre os 50 maiores. Em 2020, ficou na 85ª posição entre os 195 países computados.

Da Redação

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