Brumadinho: Rogério Correia acusa Vale de comprar laudo e pede explicações

Requerimento do deputado petista pede que diretor da Empresa Tüv Süd, Chris-Peter Meier, e outros funcionários da companhia para prestarem esclarecimento sobre a tragédia

Gabriel Paiva

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as causas do rompimento da barragem em Brumadinho

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as causas do rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, aprovou nesta quinta-feira (16) requerimento do relator do colegiado, deputado Rogério Correia (PT-MG), em que solicita a convocação do diretor de Negócios e Desenvolvimento da Empresa Tüv Süd Brasil Website Mais Segurança, Chris-Peter Meier, e outros funcionários da companhia para prestarem esclarecimento sobre a tragédia na mina Córrego do Feijão, da empresa Vale, em Brumadinho, em janeiro deste ano. O rompimento da barragem deixou 232 pessoas mortas e 40 ainda estão desaparecidas.

O deputado afirmou que houve cumplicidade da empresa de auditoria Tüv Süd com a Vale na elaboração do laudo que atestou a estabilidade da barragem. De acordo com o deputado, o laudo “não comprovava a realidade do que acontecia no local”. “A Tüv Süd fez o laudo a partir (pelo que nós sabemos) da pressão financeira da própria Vale. Ou seja, a Vale comprou um laudo dessa Tüv Süd”, denunciou Rogério Correia.

Rogério Correia adiantou que na próxima semana a CPI participa de uma reunião na embaixada da Alemanha para tratar da atuação Tüv Süd no Brasil, conforme aprovado pelo colegiado. “Vamos solicitar ao governo alemão informações sobre as providências necessárias para esclarecer o porquê de a Tüv Süd – que é uma empresa de grandes proporções – fazer isso no Brasil, nos tratando como um País de submundo”, reclamou o petista.

Além disso, Correia destacou que o engenheiro-responsável, Chris-Peter Meier, desde que ocorreu o rompimento da barragem de Brumadinho, não voltou ao Brasil. O executivo também, segundo o deputado, não prestou esclarecimento a nenhuma autoridade policial que acompanha o desdobramento do caso.

Crime da Vale

Rogério Correia relatou que a comissão externa criada pela Câmara para acompanhar o crime da Vale, em Brumadinho, fez audiências que ajudaram a CPI esclarecer pontos importantes para descobrir o que aconteceu de fato e apontar os principais responsáveis. Segundo o deputado, a Vale escondeu da Agência Nacional de Mineração todo o risco que existia de rompimento da barragem do Córrego do Feijão.

“A Vale omitiu e omissão é crime ambiental. Foi dito com todas as palavras pelo representante da Agência Nacional Mineração que nada foi passado para o governo em relação a esses riscos. Segundo o representante, esses riscos eram muito grandes. Eles fizeram painéis, já tinha intervenções feitas para tentar minimizar o problema acontecido e isso não foi informado para agência de mineração. Foi enviado para a diretoria da Vale. Então, a direção da Vale tinha conhecimento dos riscos e não agiu como devia”, condenou Rogério Correia.

Documentos

O colegiado aprovou ainda requerimentos solicitando que a Tüv Süd apresente os relatórios de reavaliação de todas as barragens em Minas Gerais – que já começaram a ser produzido – após o rompimento da barragem mina Córrego de Feijão, em Brumadinho. Foi solicitado também cópia de contratos e relatórios de auditorias produzidos pela empresa TÜV SÜD para a Mineradora Vale nos últimos cinco anos, além de cópia dos contratos e aditivos celebrados entre a Vale e a Tüv Süd.

Oitivas

Também serão ouvidos pela CPI: Alice Maia, da Diretora de Gestão e Qualidade da TÜV Süd, e os engenheiros, Vinícius da Mota Wedekin, Arsênio Negro Júnior, Denis Rafael Valentim e Marlísio Cecílio.

Por Benildes Rodrigues do PT na Câmara

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