Campanha da Previdência do governo mente cinco vezes em 30 segundos

Com seu habitual desprezo pelo povo, gestão Bolsonaro usa rede nacional para espalhar fake news sobre a nefasta proposta que, se aprovada, agravará crise social do país

É preciso admitir: o desgoverno Bolsonaro tem se mostrado hábil na arte de criar mentiras. E a nova peça produzida pela fábrica de fake news da atual gestão é o  vídeo da campanha pela aprovação da reforma da Previdência – depois de passar pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado nesta terça (1º), a PEC 06 pode entrar em votação a qualquer momento.

Veiculado em rede nacional, o fantasioso material publicitário tem exatos 30 segundos e ao menos cinco mentiras facilmente identificáveis. A campanha ultrapassa todos os limites quando usa a malfadada proposta para prometer melhorias que a trajetória do próprio governo tem desmentido desde 1º de janeiro – seja ao sugerir acabar com privilégios, criar empregos ou melhorar a saúde.

Em tom ufanista, com atores sorridentes e imagens de um Brasil harmônico, o vídeo tenta fazer com que o espectador esqueça o estilo raivoso e a falta de apreço ao diálogo que já viraram uma das marcas registradas do mandatário da República – embora, felizmente, ele não apareça na tela.

Confira a seguir as cinco mentiras apresentadas no vídeo:

Governo mente: nova previdência vai, sim, atacar os mais pobres

As alterações nas regras de aposentadoria e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) vão prejudicar sobretudo a população negra, pobre e periférica, já excluída socialmente, e que sobrevive sem direitos, por meio de trabalhos precários e informais. A avaliação foi feita logo após a aprovação na Câmara por representantes de coletivos negros em audiência pública interativa da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

Durante outra audiência, representantes da Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita deixaram claro que a reforma terá um impacto “arrasador” para a economia da maioria das cidades do interior do país. Segundo a Anfip, a reforma impedirá que milhões de trabalhadores se aposentem, e mesmo quem conseguir se aposentar, terá seus vencimentos achatados, gerando um círculo vicioso de empobrecimento por todo o país.

Junto com o povo? Nova previdência não foi debatida com a sociedade

Num dos trechos do vídeo, o governo mais uma vez mostra que já não tem qualquer pudor em desmentir a si mesmo. Quando conclama os brasileiros a “fazerem juntos” a reforma, a peça publicitária simplesmente ignora a própria atuação do governo até agora: medidas antipovo, ataques diários a direitos e a compra de apoio no Congresso.

Foi o que Bolsonaro fez em meio à votação da reforma da Previdência na Câmara em julho ao liberar emendas parlamentares que ultrapassaram a casa do R$ 1,5 bilhão – desse montante, R$ 439,6 milhões foram liberados no dia em que o Plenário aprovou, por 379 votos a favor e 131 contra, a reforma da Previdência.

Como se vê, o “fazer junto” de Bolsonaro não tem nada a ver com apresentar o debate sobre a reforma de maneira transparente e com participação popular.

Governo mente e desemprego acelera

Em seu 10º mês desde que assumiu a Presidência, Jair Bolsonaro ainda não conseguiu oferecer explicações convincentes para levar adiante a sua proposta de reforma da Previdência. De quebra, também não apresentou nenhuma medida clara para conter o avanço do desemprego, justamente uma das causas do aumento no déficit da arrecadação da seguridade social do país.

Fiel devoto das fake news, Bolsonaro ainda teve a pachorra de comemorar a queda irrisória do desemprego apontada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no final de setembro. O que o descontrolado presidente não disse é que já há no país 38,8 milhões de pessoas trabalhando na informalidade – empregados sem carteira assinada, trabalhadores por conta própria, empregadores sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.

Tudo isso sem contar levar em conta os prováveis efeitos da já aprovada MP da Liberdade Econômica , medida que não se acanha em deixar claro que atenderá tão somente os interesses do mercado e afetará drasticamente a vida do trabalhador.

Bolsonaro cortou vacinas, remédios, SUS…

O Brasil todo se espantou quando o ilegítimo governo Temer levou adiante a chamada PEC da Morte – a Emenda Constitucional 95 que determina o congelamento dos investimentos públicos durante duas décadas com consequências graves também à saúde pública.

Tivesse bom senso, Bolsonaro tentaria reverter os efeitos gestão golpista, mas o que fez foi agravar a situação.  A lista de retrocessos tem como destaques negativos o corte orçamentário que tirou quase R$ 500 milhões destinados à compra de vacinas distribuídas pelo Sistema Único de Saúde.

Antes, o desgoverno já havia suspendido contratos com sete laboratórios públicos nacionais que produzem 19 medicamentos distribuídos gratuitamente pelo SUS. Esses medicamentos atendem a mais de 30 milhões de brasileiros.

O caos da saúde pública inclui também: enfraquecimento da estrutura que combate a HIV/Aids no Ministério da Saúde; mudanças na política de saúde mental, desmonte da assistência farmacêutica e o projeto inexplicável da gestão bolsonarista de acabar com o caráter de atendimento universal do SUS. 

Reforma é volta ao passado

Olhe para o que diz o texto da imagem abaixo: “Aprovar a Nova Previdência é aprovar um futuro melhor para o nosso país”. Chega a ser constrangedor ter de relembrar diariamente o quanto há de mentira nesta frase. Mas para resumir basta olhar alguns pontos cruciais da proposta como o fato de punir quem começa a trabalhar e contribuir mais cedo: ao só permitir aposentadoria por idade (65 anos para homens e 62 para mulheres).

A reforma também ataca algumas categorias específicas como aumento da idade mínima para professores, a redução do abono salarial, redução na pensão por morte, prejuízos à aposentadoria especial e à aposentadoria por incapacidade permanente – nesse ponto, o novo texto é pior que a proposta original, pode reduzir o valor em até 40 pontos percentuais.

Em suma, a proposta que agora está nas mãos do Senado, apontam especialistas, é a violação do direito fundamental à Previdência Pública –  direito garantido pelo artigo 6º da Constituição Federal de 1988. A proposta apresentada é uma afronta aos padrões sociais e geográficos brasileiros e fere drasticamente os direitos humanos.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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