Caseiro desmente polícia e nega assassinato de Malhães, diz senadora petista

Segundo a senadora Ana Rita (ES), principal suspeito é analfabeto, nega ter confessado o crime e estava sem advogado durante depoimento à Policia Civil do Rio 

O coronel Paulo Malhães: investigações controversas sobre sua morte. Foto: Agência Brasil

A  Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal (CDH),  foi ao Rio de Janeiro acompanhar as investigações sobre o assassinato do coronel Paulo Malhães, autor de torturas contra perseguidos políticos na ditadura militar, encontrado morto em seu sítio no Rio de Janeiro. A presidenta da comissão, senadora Ana Rita (PT-ES), afirmou que o principal suspeito pelo crime, o caseiro Rogério Pires, negou ter confessado à Polícia Civil do Estado sua participação no caso.

“Ele não confirma essa versão apresentada pela polícia de que participou do crime e de que matou o coronel, ao contrário do que a polícia está dizendo”, afirmou a senadora.

As declarações foram acompanhadas pelo presidente da Comissão da Verdade do Estado do Rio, Wadih Damous.

De acordo com a parlamentar, Pires não estava acompanhado de advogado ou defensor público durante seu depoimento à polícia carioca.

“Ele não tem nenhum defensor público o acompanhando. Ele não sabe ler e nem escrever. É uma pessoa muito simples e isso realmente nos preocupou”, destacou.

A comissão vai solicitar a presença de um defensor para acompanhar o caseiro. “Nós iremos fazer contato com a Defensoria Pública do estado do Rio de Janeiro para que designem um advogado para fazer todo o acompanhamento”, adiantou a senadora.

A presidenta afirmou ainda a CDH pretende solicitar cópia do inteiro teor do inquérito policial. “Nós já fizemos isso verbalmente para o delegado chefe da Polícia Civil, mas como o processo corre em segredo de justiça, ele pediu que isso fosse feito via judicial”, explicou.

Entenda o caso – o coronel da reserva Paulo Malhães, de 76 anos, era uma das principais testemunhas das investigações sobre os crimes do regime militar.

Em 16 de março deste ano, ele prestou um importante depoimento à Comissão Nacional da Verdade em que, de forma clara e objetiva, confessou ter efetuado inúmeras prisões, além de ter participado de torturas de presos políticos durante a ditadura militar.

No mesmo depoimento, o militar declarou também ter sido destacado pelo Exército para sumir com o corpo do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971.

Em 24 de março, Malhães depôs novamente à mesma comissão e negou ter desenterrado Paiva, desmentindo a versão apresentada anteriormente.

No dia 25 de Abril, o coreonel foi encontrado morto dentro de sua casa, num sítio do bairro Marapicu, na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

A polícia ainda não conseguiu esclarecer as circunstâncias da morte de Malhães. As investigações buscam elucidar se houve latrocínio, vingança pessoal ou queima de arquivo.

Por Fabrícia Neves, da Agência PT de Notícias

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