Caso “Aécioporto” permanece sem punição

Construído com dinheiro público pelo então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, o aeroporto que é administrado por seus parentes permanece sem punição

Na semana em que se completa setes meses da derrota do senador Aécio Neves (PSDB) para a presidenta Dilma Rousseff nas eleições do ano passado, cujo segundo turno foi realizado no dia 23 de outubro de 2014, uma série de questões que tornaram-se públicas durante a campanha eleitoral sobre a atuação política do tucano ainda não tiveram os esclarecimentos devidos.

É o caso do “Aécioporto”, o aeroporto que o ex-governador de Minas Gerais construiu na cidade mineira de Cláudio, no terreno que fazia parte da fazenda de um tio. A obra custou R$ 14 milhões dos cofres públicos e foi executada durante sua gestão à frente do estado.

O aeroporto ficou pronto em outubro de 2010 e é administrado pela família do senador. Desde outubro do ano passado, a Procuradoria Geral da República em Divinópolis, centro-oeste de Minas, entrou com uma ação para apurar se o então candidato à presidência cometeu alguma ilegalidade.

Na época, ficou comprovado que apesar de ser obra construída com dinheiro público, conduzida pessoalmente pelo então governador, o aeroporto funcionava sem autorização do órgão regulador responsável pela aviação e suas instalações no país, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A utilização da pista dependia de autorização dos filhos do dono da Fazenda, Múcio Tolentino. A ligação desse aeroporto com um notório caso de apreensão de cocaína pela polícia de Minas também continua sem esclarecimentos.

O helicóptero, de propriedade de outro senador e amigo de Aécio, Zezé Perrela (PDT), foi apreendido com 445 quilos de pasta base de cocaína em novembro de 2013 já no Espírito Santo, três horas e meia depois de fazer um pouso numa propriedade próxima ao aeroporto de Cláudio. A carga foi estimada em R$ 10 milhões.

O município de Cláudio chegou a ser citado no inquérito da Polícia Federal sobre o caso, pois a análise das mensagens telefônicas dos pilotos do helicóptero mostram que o tráfego de sinais da telefonia celular foram captadas pelas Estações Rádio Base (ERBs) da cidade.

A conexão dos dois escândalos – do helicóptero com a cocaína e o da pista na fazenda da família de Aécio Neves – é comprovado, segundo reportagens publicadas na época, pelos documentos considerados sigilosos do inquérito da Polícia Federal (PF). Nada nunca foi concluído sobre o assunto ou teve encaminhamento público nas instâncias judiciais que tenha merecido registro da mídia, desde então.

 Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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