Coronavírus | Violência contra a mulher aumentou durante quarentena na China

Matéria da revista Galileu revela que, ao longo do período de restrição de deslocamento, mais chinesas estão denunciando casos de violência doméstica

Da Revista Galileu

Uma das recomendações para impedir a propagação da , infecção causada pelo novo coronavírus, é a quarentena. A medida já se mostrou eficaz em diversos lugares do mundo, pois evita o contato entre pessoas contaminadas e saudáveis, mas na a medida teve como consequência um efeito muito negativo: o aumento dos casos de violência doméstica contra as mulheres.

De acordo com o que a ativista chinesa Guo Jing contou à BBC, desde que as pessoas começaram a passar mais tempo em casa para prevenir a infecção por coronavírus, mais mulheres estão noticiando casos de violência que sofreram ou presenciaram. Além disso, Feng Yuan, da ONG de defesa à mulher Weiping, disse que sua organização forneceu três vezes mais consultas às vítimas do que antes das quarentenas.

Um desses casos foi o de uma parente da ativista Xiao Li, que vive na província de Henan. Segundo ela, a familiar contou ter sido agredida pelo ex-marido em uma rede social chinesa. “Estávamos super preocupados com o quão fácil era para o agressor bater nela durante a quarentena”, disse a chinesa ao Sixth Tone. “Não há restaurantes abertos, nenhum transporte permitido. Eles [a mulher e seus filhos] não comem há muito tempo.”

Felizmente, Xiao Li conseguiu uma permissão para retirar sua familiar da vila em que ela estava, distanciando-a de seu agressor. “Incialmente, achamos impossível obter uma permissão para [que ela pudesse] deixar sua vila”, contou à BBC. “Eventualmente, depois de muita persuasão, a polícia finalmente concedeu uma permissão de saída e entrada para que meu irmão pudesse dirigir e encontrar ela e os filhos.”

Mas a parente de Xiao Li não foi a única a denunciar o caso de violência pela internet. A hashtag #AntiDomesticViolenceDuringEpidemic (#ContraViolênciaDomésticaDuranteEpidemia) foi usada mais de 3 mil vezes na rede social chinesa Sina Weibo com relatos de vítimas ou testemunhas.

Como contou à BBC, Feng Yuan acredita que a polícia não pode “usar a pandemia como desculpa para não levar a violência doméstica a sério”. A situação preocupa também a Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente quando o assunto é a verba direcionada pelo governo chinês ao combate à violência doméstica.

“Desviar recursos de serviços críticos nos quais as mulheres confiam, como exames de saúde de rotina ou serviços de violência com base no gênero, é algo com que estamos muito preocupados”, afirmou Maria Holtsberg, conselheira da ONU na Ásia e no Pacífico.

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