CPI da Covid começa a investigar sabotagem à vacinação

Depoimentos agendados para esta e a próxima semanas podem esclarecer por que Bolsonaro se esforçou tanto para comprar cloroquina, mas desprezou vacina

Agência Senado

Senadores Humberto Costa e Rogério Carvalho, do PT, conversam com o presidente e o relator da CPI da Covid, Omar Aziz e Renan Calheiros

Após reunir importantes provas de que, de maneira criminosa, Jair Bolsonaro tentou implementar no Brasil a imunidade de rebanho contra a Covid-19 sem vacinação, provocando mais de 420 mil mortes até agora, a CPI da Covid avança, nesta semana, para esclarecer o atraso na compra de imunizantes.

Como já é notório, além de recusar, em agosto de 2020, uma oferta de 70 milhões de doses da Pfizer, o governo Bolsonaro rejeitou outras 10 propostas, feitas por empresas diferentes. Resultado: até agora, apenas 7% dos brasileiros foram protegidos com as duas doses, e outros 8% receberam a primeira dose. Enquanto isso, faz 49 dias que o país contabiliza mais de 2 mil óbitos diários.

Entre a terça (11) e a quinta-feira (13), a Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Senado espera ouvir o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres; o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Fábio Wajngarten; e a presidente da Pfizer no Brasil, Marta Díez, bem como o antecessor dela, Carlos Murillo (veja agenda de audiências abaixo).

Todos os convidados poderão esclarecer questões relacionadas ao atraso no início da vacinação e ao lento ritmo de imunização. Barra Torres, por exemplo, cuja audiência foi marcada para a terça-feira, precisa explicar a mal contada recusa da Anvisa em aprovar no país a vacina Sputnik V.

Como já ressaltou o senador Humberto Costa (PT-PE), membro titular da CPI, “o governo não faz o menor movimento” para agilizar a resolução da pendência entre a Anvisa e os fabricantes da Sputnik V, o que poderia garantir à população 66 milhões de vacinas encomendadas pelo Consórcio Nordeste e o Consórcio Norte.

Já Fábio Wajngarten, convocado para falar na quarta-feira (12), também tem muito a explicar à CPI. Desde por que a Secretaria de Comunicação não apoiou a campanha educativa proposta pelo Ministério da Saúde no início da pandemia, conforme revelou o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, até recente entrevista à revista Veja, na qual narrou a falta de empenho do governo na aquisição de vacinas da Pfizer no ano passado.

Embora tenha tentado limpar o nome de Bolsonaro na entrevista e colocar no Ministério da Saúde toda a culpa pela recusa de adquirir doses oferecidas, Wajngarten deixou claro que o governo não comprou a vacina mesmo depois de uma reunião com representantes da empresa da qual participaram o próprio presidente e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Cloroquina

O tema deve ocupar as atenções da CPI também na semana que vem, quando estão previstos os depoimentos dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Este último precisará explicar por que mobilizou a diplomacia brasileira para adquirir caixas de cloroquina da Índia mesmo após a Organização Mundial da Saúde (OMS) descartar a eficácia da droga contra o novo coronavírus. A denúncia foi feita nesta segunda-feira (10) pela Folha de S. Paulo, que teve acesso a telegramas trocados pelo Itamaraty com autoridades estrangeiras.

Agenda da CPI da Covid

Devem ser ouvidos nesta semana:

  • Terça-feira (11): diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres
  • Quarta-feira (12): ex-ministro da Secretaria de Comunicação Fábio Wajngarten
  • Quinta-feira (13): Marta Díez, presidente da Pfizer no Brasil, e seu antecessor, Carlos Murillo

Da Redação

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