Desemprego bate novo recorde; povo protesta contra carestia

O desemprego bateu novo recorde em novembro, atingindo 14 milhões de brasileiros que entrarão 2021 expostos a maior crise da história do país. A exemplo das manifestação contra a carestia nos anos oitenta, protestos contra a alta dos preços foram realizados em diversas cidades nesta quarta-feira, 23

Agência Brasil

Desemprego explode no país

Enquanto o ministro Paulo Guedes especula uma nova solução mágica para a economia, o imposto sobre imóveis, o IGBE anunciou o óbvio nesta quarta-feira. O desemprego bateu novo recorde em novembro, atingindo 14 milhões de brasileiros que entrarão 2021 expostos a maior crise da história do país. Segundo o IBGE, a taxa de desocupação chegou a 14,2%, o maior percentual da série histórica da Pnad Covid, pesquisa iniciada em maio para mensurar os efeitos da pandemia. O crescimento representa mais 4 milhões de brasileiros desempregados, em seis meses.

De acordo com os pesquisadores, o fim do auxílio emergencial deverá levar mais pessoas a procurar trabalho. As duas regiões com os maiores percentuais de domicílios recebendo o auxílio emergencial, Norte (57%) e Nordeste (55,3%), já concentram as maiores taxas de desocupação do país. A região Norte manteve 15,4% dos desempregados, enquanto que o Nordeste passou de 17,3%, em outubro, para 17,8% em novembro. O nível de desocupação nas demais regiões chega a 14,3% no Sudeste, 12,2% no Centro-Oeste e 9,3% no Sul.

A taxa de desocupação entre as mulheres foi de 17,2%, maior que a dos homens, que fechou em 11,9%, mostra a pesquisa. Pretos e pardos também representaram 16,5% do desemprego, um aumento de 0,3 pontos percentuais, frente aos brancos, com 11,5%, que manteve uma taxa inalterada pelo quarto mês consecutivo. O IBGE também identificou que os jovens de 14 a 29 anos são os mais atingidos pelo desemprego, com 24,2%.

“Se as pessoas não tivessem saído do mercado, seria uma tragédia ainda maior agora, adiada para o início de 2021”, afirma o economista Bruno Moretti, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e doutor em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB). “Mesmo saindo muita gente do mercado de trabalho, a população desempregada subiu 1,5 milhão no terceiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo trimestre de 2019”, aponta.

Os números de novembro reafirmam a tendência do crescimento do desemprego e escancaram a incapacidade do governo para conter a crise. “O drama é que muita gente saiu do mercado de trabalho na pandemia, inclusive porque não tinha perspectiva de conseguir emprego. Então, a taxa de desemprego está ‘camuflada’ porque as pessoas nem estão procurando”, aponta. A previsão da própria equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes é que o desemprego deve chegar a 18% no próximo ano.

A soma do desemprego, do fim do auxílio emergencial e da inflação de alimentos está levando cada vez mais a fome para dentro de milhares de lares do país. A exemplo das manifestação contra a carestia nos anos oitenta, protestos contra a alta dos preços foram realizados em diversas cidades nesta quarta-feira, 23. Os protestos fazem parte da campanha Natal Sem Fome, organizados pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). De acordo com o movimento, ela visa denunciar “o aumento do preço dos alimentos, o genocídio e o racismo que sofre o povo preto do nosso país”.

Da Redação com RBA

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