“É inconcebível que Lula esteja na prisão”, critica deputada alemã

A presidente do Grupo Parlamentar Alemanha-Brasil no Parlamento Alemão, deputada Yasmin Fahimi, do Partido Social-Democrata da Alemanha se reuniu com petistas nesta quinta (21)

Lula Marques

A presidente do Grupo Parlamentar Alemanha-Brasil no Parlamento Alemão, deputada Yasmin Fahimi, do Partido Social-Democrata da Alemanha – de centro-esquerda – afirmou nesta quinta-feira (21) que “é inconcebível que Lula esteja na prisão”. A deputada também demonstrou preocupação com o avanço da extrema direita no Brasil, ao conseguir eleger Jair Bolsonaro, e com os métodos ilegais utilizados durante a campanha, como no caso das notícias falsas (fake news) disseminadas pelas redes sociais.

As declarações aconteceram durante reunião na liderança do PT na Câmara dos Deputados, na presença do líder da bancada, deputado Paulo Pimenta (RS); do vice-presidente nacional do partido, deputado Alexandre Padilha (PT-SP); do governador do Piauí, Wellington Dias; e do senador Jaques Wagner (PT-BA).

No encontro, Paulo Pimenta explicou para a parlamentar alemã que Lula foi condenado “sem a apresentação de provas”, e que para prendê-lo passaram por cima “do princípio constitucional da presunção de inocência, que diz que todo réu é inocente até que se prove o contrário e que o processo transite em julgado, quando não caiba mais recurso”. A deputada social-democrata afirmou que também entende que a prisão de Lula é injusta.

“Reiteramos a solidariedade do nosso partido e nosso respeito por tudo que vocês conseguiram mesmo diante da polarização da sociedade [brasileira]. Reconhecemos que o PT defende os direitos da maioria do povo brasileiro. É inconcebível que Lula esteja na prisão. Estão usando a corrupção como desculpa para fazer uma ‘limpeza política’. O que acontece com Lula é um absurdo dentro do Estado de Direito”, destacou Yasmin Fahimi.

Durante a reunião, o deputado Alexandre Padilha relatou à parlamentar o cenário atual da política brasileira com o governo Bolsonaro. Ele explicou os retrocessos sociais propostos pelo atual governo, e manifestou preocupação com o clima de ódio que move os partidários de Bolsonaro. Segundo Padilha, enquanto os adversários tradicionais do PT- de centro-direita – desejavam “apenas nos derrotar eleitoralmente, o governo Bolsonaro e sua coalização, junto com parte do judiciário, quer nos destruir”.

Diante desse quadro, a parlamentar alemã também manifestou preocupação com o avanço da extrema direita, no Brasil e no mundo. Segundo ela, esses grupos têm usado a questão do combate à corrupção e da segurança pública para apresentar soluções simplistas e demagógicas, porém de fácil compreensão, como forma de conquistar a população. “Eles [a extrema direita] têm usado a corrupção e a segurança pública para dar respostas simples, como ‘vamos restabelecer a ordem’, e assim abrir a porta para o fascismo. Na Alemanha temos o mesmo problema”, relatou Fahimi.

Fake news e redes sociais

A parlamentar alemã também demonstrou preocupação com o fenômeno das notícias falsas (fake news) que influenciaram o resultado das eleições no País. Durante a conversa, o senador Jaques Wagner observou que “atualmente o maior desafio é saber como manter a democracia não apenas no Brasil, como no mundo”, ao citar o caso da influência das fake news na recente eleição no País. “Isso não é uma questão de esquerda ou direita, mas entre democracia e autoritarismo”, ponderou Wagner.

Sobre esse ponto, a presidente do Grupo Parlamentar Alemanha-Brasil no Parlamento Alemão relatou que o caso das fake news também têm preocupado os partidos progressistas europeus. “Temos um partido de extrema direita, a AFD (Alternative für Deutschland, Alternativa para a Alemanha), que divulga pequenos vídeos pelas redes sociais pregando a xenofobia. Eles utilizam principalmente o WhatsApp, que é uma rede que não tem controle”, criticou. Ela disse que o ex-estrategista da campanha de Donald Trump e entusiasta da extrema direita Steve Bannon, está por trás dessa campanha.

O líder do PT propôs à parlamentar alemã a formação de uma parceria estratégica internacional de partidos progressistas, e junto ao Parlamento Europeu, como forma de criar um canal de troca de informações e ajuda mútua. “Temos que criar uma rede internacional de parlamentares progressistas, para discutirmos as redes sociais, as novas tecnologias, e como elas interferem na democracia dos Países”, sugeriu Pimenta.

A deputada Yasmin Fahimi concordou com a proposta. “Isso nós apoiamos completamente”, afirmou.

A reunião contou ainda com a presença do diretor da Fundação Friedrich Ebert no Brasil, Thomas Manz. A fundação é uma entidade política ligada ao Partido Social-Democrata da Alemanha.

Por PT na Câmara

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