Eduardo Cunha faz lobby pró mídia para ser presidente da Câmara

Deputado promete barrar regulação proposta por Dilma, caso eleito presidente da Câmara, para defender interesse dos barões da imprensa nacional

Defensor das causas indefensáveis: para ser presidente da Câmara, Eduardo Cunha se pôs a serviço dos barões da mídia

Favorito da oposição para presidir a Câmara dos Deputados na próxima legislatura, o deputado Eduardo Cunha (PMDB) promete se opor a pautas importantes cobradas pela sociedade e defendidas pelo governo federal. Ao mirar no primeiro alvo – a regulação da mídia –, Cunha expõe os interesses pelos quais trabalha.

Atual líder do PMDB na Câmara, o deputado prometeu engavetar o projeto que, curiosamente, sequer foi elaborado. “Regulação de mídia jamais. Eu colocaria na gaveta. Não faz parte do meu propósito”, bradou o parlamentar, em entrevista à imprensa, na última sexta-feira (7).

Apesar da pouco simpático a jornalistas, corriqueiramente processados pelo parlamentar, a candidatura de Cunha tem o suporte dos proprietários de veículos de comunicação. Assim, ele segue sem resistência da mídia, que parece ignorar o passado político do parlamentar.

No histórico conflituoso do peemedebista com a imprensa somam-se mais de 50 ações na Justiça, cível e criminal, jornais e jornalistas, segundo levantamento feito pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

O motivo de tamanho apoio está nas promessas feitas, até aqui, para chegar à presidência. Além da chamada “bancada da mídia”, formada por deputados detentores ilegais de veículos de comunicação, Cunha conta também com os votos do bloco dos 10 partidos nanicos, o “G-10”. Em contrapartida, oferece a garantia de vetar qualquer passo que a discussão sobre a regulação da mídia der na Casa.

Patrão – Eduardo Cunha defende também interesses próprios quando se posiciona contra a regulação da mídia. O deputado é sócio de uma empresa de comunicação, a C3 Produções Artísticas e Jornalísticas, e dono da Rádio Melodia FM, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

As mesmas motivações levaram o líder peemedebista a trabalhar contra a aprovação do Marco Civil da Internet. A ligação de Cunha com as empresas de telecomunicações, interessadas em derrubar o projeto, data de 1991, quando o deputado era presidente da Telerj, antiga companhia telefônica do Rio, privatizada em 1998. Aliás, cargo ocupado por indicação de Paulo César Faria, ex-tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello e pivô do escândalo que iria tirar o ex-presidente do poder, em 1992.

A estratégia não é novidade. Em 2013, Eduardo Cunha fez de tudo para tentar barrar a Medida Provisória dos Portos e, assim, impedir o governo de realizar novos leilões para concessão dos terminais portuários. Segundo reportagem da revista Isto É, de agosto de 2013, o custo de tanto esforço foram os mais de R$ 240 mil doados, em 2010, para a campanha do deputado, por meio do PMDB do Rio de Janeiro, pela AMC Holding, do Grupo Libra. A empresa é responsável pelo Porto de Santos.

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.

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