Enquanto Bolsonaro arrisca vida dos brasileiros, país tem mais 807 mortes

Presidente infringiu decreto do governo do Distrito Federal que tornou obrigatório o uso de máscaras a partir do dia 11 de maio e participou de manifestação no domingo (24), na Esplanada dos Ministérios, sem máscara. Ministro interino da Saúde também compareceu ao ato, contrariando recomendações da própria pasta. Vítimas fatais já somam 23.473. No total, são mais de 370 mil infectados no país

Foto: Alex Pazuello

Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou mais 807 mortes e 11.687 novos casos de Covid019. O Ministério da Saúde informa que vítimas fatais já somam 23.473. No total, são mais de 370 mil infectados. O avanço devastador da doença no Brasil, que já é segundo lugar em número de infectados, não impediu o presidente Jair Bolsonaro de ignorar mais uma vez as recomendações de isolamento social das autoridades mundiais de saúde. Infringindo o decreto do governo do Distrito Federal que tornou obrigatório o uso de máscaras a partir do dia 11 de maio, Bolsonaro participou de manifestação no domingo (24), na Esplanada dos Ministérios, sem máscara. Outras centenas de pessoas também não usavam a proteção exigida por lei. Na aglomeração, Bolsonaro chegou a carregar uma criança no colo. O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, também compareceu ao ato, contrariando as orientações da pasta e da OMS.

Cobrado pela atitude do presidente, que pelo decreto, deveria ser multado em R$ 2 mil pela infração, o governador Ibaneis Rocha (MDB), limitou-se a dizer que vai “pedir” a Bolsonaro que evite novas aglomerações. “Tenho trabalhado para conscientizar as pessoas. Vou recomendar a ele que evite esse tipo de atitude. Incentiva as pessoas mais humildes, que em sua maioria são seus apoiadores, a desobedecer nosso decreto”, afirmou Ibaneis ao portal ‘UOL’ sem, no entanto, confirmar se vai aplicar a multa em Bolsoanro e todos os infratores que estavam aglomerados com o presidente.

População indignada

Além da manifestação na Esplanada, Bolsonaro esteve em outros lugares do Plano Piloto. No sábado, no bairro Asa Norte, recebeu uma prova do derretimento de sua popularidade. Parado para comer um cachorro quente na rua, o presidente foi duramente hostilizado. Quando avistaram Bolsonaro, moradores bateram panelas e protestaram contra o governo e o desrespeito às recomendações de isolamento social. Sob gritos de “fora, Bolsonaro”, “vagabundo”, “genocida”, “fascista”, “rascista”  e “safado”, Bolsonaro entrou no carro oficial da Presidência e retirou-se.

Nesta segunda-feira (25), ele voltou a encontrar-se com alguns apoiadores. Informando que a imagem do presidente está muito prejudicada no exterior, uma seguidora que o governo deveria fazer algo para melhorar a percepção de sua popularidade. Ao que Bolsonaro replicou: “A imprensa mundial é de esquerda. O Trump sofre muito nos Estados Unidos também”.

Agressões

Entre domingo e segunda-feira, diversos veículos de imprensa estrangeiros publicaram ou exibiram matérias com críticas ao presidente e à condução do país em meio à pandemia do coronavírus. A rede americana ‘CNN’ exibiu reportagem do correspondente do canal no país, Nick Walsh, que descreveu como Bolsonaro constantemente desdenha da letalidade do vírus, tirando a máscara em eventos públicos.

Wash repercutiu as agressões de Bolsonaro ao prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgilio, vazadas na transmissão da reunião com a equipe ministerial no dia 22 de abril. Virgílio foi entrevistado pelo canal de notícias e rebateu os ataques. “Bolronaro é cúmplice, co-responsável pelas mortes por coronavírus no Brasil”, respondeu Virgílio, que ainda mandou um recado ao presidente: “Presidente, por favor, cale a boca, fique em casa”.  Virgílio também pediu a renúncia de Bolsonaro. “Ele não governa o Brasil”. Walsh relata que o país nem chegou ao pico da doença – em uma ou duas semanas – e ainda precisa combater as mensagens contrárias do próprio Bolsonaro.

Da Redação

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