Exemplo inglês mostra que privatizações não melhoram serviços

Maioria esmagadora dos britânicos quer reestatizar empresas enquanto o golpista Michel Temer privatiza o patrimônio do Brasil

José Cruz/Agência Brasil

Manifestantes fazem ato contra a privatização do setor elétrico na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto

“Pesquisas recentes mostram que surpreendentes 83% da população estão a favor da de nacionalizar a água, 77% a favor de eletricidade e gás, 76% a favor de nacionalizar o sistema férreo. Isso não representa apenas uma queda geral da confiança nas empresas. Os serviços privatizados são sentidos como uma categoria diferente: são serviços públicos”.

A frase acima foi publicada em artigo do jornal inglês Guardian, assinado por Will Hutton, diretor de Oxford. Meca das privatizações nos anos 1970 e 80, hoje a Inglaterra sofre com os resultados da entrega dos serviços públicos para o setor privado.

A pesquisa citada por Hutton ainda mostra que a maioria dos ingleses acredita que impostos deveriam aumentar para financiar o Sistema Nacional de Saúde e que o modelo de contratação equivalente ao contrato intermitente (zero hour contract) deveria acabar.

Segundo o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta, “o que diferencia o serviço publico do privado é a finalidade do objeto. O serviço público tem por objetivo o atendimento da população, especialmente para aquelas as pessoas que mais precisam. O serviço privado tem sempre por objetivo a obtenção do lucro”.

“No privado o objeto é sempre tratado como mercadoria, seja ele a água, a saúde, a educação. É incompatível imaginar que a privatização vá trazer melhoria para a população”, acrescenta.

Pimenta cita outros exemplos infelizes de privatização, como o caso da Previdência no Chile, onde boa parte dos pensionistas recebe menos que um salário mínimo, ou os serviços ferroviário e de água no Brasil, sendo o primeiro praticamente destruído e o segundo precarizado, gerando um ressentimento por parte da população.

“É esse sentimento que hoje ganha corpo no mundo inteiro, porque as experiências foram na prática o contrário de tudo que nós defendemos”.

Na Inglaterra, a reestatização de todas as empresas, incluindo a Thames Water, responsável pelo abastecimento na Grande Londres, custaria ao governo do Reino Unido algo em torno de 170 bilhões de libras, porém, alternativas já são elaboradas.

Um trabalho desenvolvido pela Big Innovation Centre cria um modelo de contrato onde a Grã-Bretanha conseguiria retomar o controle das empresas sem gastar um centavo. Isso seria possível com uma nova categoria de companhia: a empresa de benefício público.

A proposta é apresentada no artigo de Will Hutton, que é diretor da instituição, e prevê que as empresas de benefício público seriam obrigadas a subordinar a lucratividade dos seus acionistas a prestação de serviços de qualidade para a população geral.

Pesquisa mostra que brasileiros são contrários à privatização

Já no Brasil, toma-se o caminho contrario, com propostas de privatização de empresas que são verdadeiro patrimônio nacional, como o sistema Eletrobras, que só não avançou por impedimento na justiça.

Pesquisa Datafolha divulgada em dezembro (26) mostrou que 70% dos brasileiros são contrários à entrega das empresas públicas para iniciativa privada. Eleitores do PSDB, partido que defende as privatizações, também se posicionaram contrários. Vale lembrar que a venda das empresas brasileiras é defendida publicamente por lideranças tucanas, como o governos de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Em novembro ele defendeu a privatização de todas as estatais criadas nos governos do PT.

A maior parte dos brasileiros – 67% – também acredita que a venda de empresas estatais gera mais prejuízo do que benefício para a população.

Da Redação da Agência PT de notícias, com informações do Guardian

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