Florianópolis: Trabalhadores municipais mantêm greve em defesa da vida
Paralisada há um mês, categoria realizou passeata no centro da cidade para exigir que a prefeitura garanta retorno seguro ao trabalho
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Os trabalhadores da Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF), que estão em greve desde o dia 24 de março com uma única pauta, a defesa da vida contra a Covid-19, realizaram uma mobilização na quinta-feira (22), quando percorreram em passeata o centro da capital catarinense. A mobilização foi feita com segurança e seguindo todos os protocolos sanitários.
Mais de mil pessoas participaram do cortejo para exigir que o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), receba os grevistas em mesa de negociação.
A categoria, em greve há um mês, afirma que deseja retornar ao trabalho, mas que precisa de ter garantias de condições sanitárias seguras contra a pandemia de Covid-19 que atinge a capital catarinense. A preocupação dos trabalhadores e trabalhadoras municipais se estendem para além de suas vidas, mas também dos trabalhadores terceirizados, das crianças, dos jovens e de familiares.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis – Sintrasem, o sistema de saúde de Florianópolis está em colapso, sobrecarregado, com falta de vagas nas UTIs, ausência de uma política de testagem da população e um dos piores índices de cobertura da vacinação entre todas as capitais brasileiras.
Greve legal
De acordo com o Sintrasem, até agora houve duas audiências de conciliação junto ao Tribunal de Justiça (TJ-SC), sendo que nem o prefeito e nenhum representante do seu secretariado compareceram.
Na primeira dessas audiências, o desembargador Vilson Fontana removeu a ilegalidade da greve decretada dias antes e tentou, via poder judiciário, estabelecer uma proposta de negociação entre os trabalhadores e a prefeitura.
Mesmo assim, afirmam os sindicalistas, a PMF continua com uma prática anti-sindical ao dizer que não negocia com os trabalhadores em greve, preferindo apostar com a vida da comunidade escolar a sentar e tratar da pauta da categoria.
Negacionismo bolsonarista
“O Gean e seu secretário de educação, Maurício Pereira, garantem que as redes que já retornaram em Florianópolis – estadual e privada – não tiveram problemas, mas não é que estamos vendo na prática, com inúmeros surtos, unidades fechadas às pressas e casos sendo escondidos da vigilância epidemiológica”, afirma o Sintrasem.
“Trabalhadores da rede privada que foram obrigados a retornar ao presencial são ameaçados, e muitos vão para a escola mesmo sob suspeita para não sofrerem represálias, denunciam os sindicalistas.
Em um questionário espontâneo feito pelo sindicato dos trabalhadores das escolas privadas da região da Grande Florianópolis, 88,4% dos entrevistados disseram que não se sentem seguros para ministrar aulas presenciais; e 95% afirmaram conhecer algum colega de trabalho que contraiu a Covid-19.
Em março, uma escola privada da cidade virou notícia nacional ao esconder 20 crianças no banheiro para fugir da fiscalização.
O resultado: das cerca de 360 unidades de educação de Florianópolis (federal, estadual, municipal e privadas), 78 tem casos ativos de Covid neste momento.
Retorno, só com segurança
Os trabalhadores na educação, de acordo com o Sintrasem, garantem que não querem a manutenção do trabalho remoto “para sempre”, como a prefeitura alega, pois sabem que as aulas remotas estão longe do ideal.
Nas reivindicações da categoria para um retorno com segurança sanitária estão o controle da pandemia, com a taxa de contaminação comunitária abaixo de 1,0 e próxima de 0,5; imunização e testagem da comunidade escolar; EPIs seguros para todos (incluindo os terceirizados); estrutura física adequada, com a revisão e a atualização dos Planos de Contingência (Plancons); e a contratação de novos trabalhadores com o chamamento dos aprovados em concurso público.
Da Redação, com Sintrasem