Covid-19: país supera negacionismo e avança na produção de vacina 100% nacional
Pesquisadores brasileiros concluem fase final de testes da SpiN-TEC, vacina nacional que conta com investimentos de R$ 140 milhões do governo Lula
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O Brasil consolida a superação do negacionismo científico que marcou o governo Bolsonaro com o avanço nas pesquisas para a produção da primeira vacina 100% nacional contra a Covid-19.
Em fase final de testes, o imunizante produzido pelo Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) contra a doença é a prova da abissal diferença entre um governo que se recusou a comprar vacinas – e deixou morrer pelo menos 400 mil brasileiros – e o governo Lula, comprometido com a vida da população.
Com investimentos de R$ 140 milhões do governo federal, cientistas brasileiros realizaram pesquisas e publicaram um estudo sobre os resultados dos testes de segurança da vacina SpiN-TEC, que deve estar disponível para a população em 2027 pelo SUS.
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Trata-se de um marco para a ciência brasileira e um imenso divisor de águas num país que, há menos de três anos, era vítima de um governo genocida e negacionista.
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“É soberania científica e tecnológica em ação: pesquisa, investimento e inovação feitos no Brasil para proteger os brasileiros”, exaltou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em seu perfil na rede X.
Investimentos federais são decisivos
O pesquisador e coordenador do CT-Vacinas da UFMG, Ricardo Gazzinelli, destacou a importância dos investimentos do governo Lula em ciência e tecnologia.
“A SpiN-TEC é uma mudança de paradigma. O investimento do MCTI permitiu construir capacidade científica e infraestrutura no Brasil. Foi um grande passo dado para a política nacional de produção de imunobiológicos. Essa base hoje beneficia não apenas a pesquisa sobre Covid-19, mas também o desenvolvimento de vacinas contra doenças como malária, chagas e monkeypox”, salientou.
Para o avanço das pesquisas, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) desempenha papel estratégico com soluções tecnológicas para a saúde.
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“O ministério tem o papel fundamental de garantir os recursos necessários para que o Brasil não apenas desenvolva, mas também avance com autonomia em todas as etapas regulatórias, assegurando nossa soberania tecnológica na área da saúde e biotecnologia”, afirmou o coordenador-geral de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias do MCTI, Thiago Moraes.
Os investimentos do MCTI no desenvolvimento da vacina foram direcionados para a RedeVírus, para todas as etapas de testes, desde os ensaios pré-clínicos até as fases clínicas 1, 2 e 3. Os estudos estão em fase final, fruto de parceria entre o CT-Vacinas da UFMG e a Fundação Ezequiel Dias (Funed), com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), gerido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
“Nós sabemos que vacinas realmente protegem. Evitam, inclusive, a mortalidade. Quanto mais gente vacinada, mais protegida está a população”, ressaltou Gazzinelli.
Mais que uma vacina
A SpiN-TEC não é só uma vacina contra o vírus. Além de ter menos efeitos colaterais que a norte-americana Pfizer, ela revoluciona ao carregar uma estratégia de imunidade celular que prepara as células para que elas não sejam infectadas.
Se a infecção ocorrer, a SpiN-TEC leva o sistema imunológico a atacar apenas as células atingidas, um golpe de superação no bolsonarismo que promoveu uma carnificina no país na pandemia.
“Concluímos que a vacina se mostrou imunogênica, ou seja, capaz de induzir a resposta imune em humanos. O estudo de segurança foi ampliado e ela manteve esse perfil; na verdade, foi até um pouco melhor, induziu menos efeitos colaterais do que a vacina da Pfizer”, diz Gazzinelli.
A SpiN-TEC oferece uma imunidade mais ampla e duradoura, capaz de responder a diferentes variantes do vírus. “Se os resultados se confirmarem nas próximas fases, teremos uma mudança no conceito de imunização da Covid-19”, ressalta o pesquisador Helton Santiago.
Governo Lula promove ecossistema de vacinas
Ricardo Gazzinelli destacou que o Brasil agora dispõe de “um ecossistema de vacinas quase completo”, com pesquisas em universidades, fábricas de produção de vacinas e distribuição dos imunizantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Esse foi um exemplo de uma vacina idealizada no Brasil e levada para os ensaios clínicos”, apontou o pesquisador, ao explicar que o país ainda não tinha essa transposição da universidade.
“Eu digo que um dos grandes legados desse programa, além, obviamente, da vacina contra Covid, é que aprendemos o caminho de levar uma vacina para a Anvisa e fazer o teste clínico”, assinalou.
A primeira fase do estudo teve 36 voluntários, de 18 a 54 anos, e avaliou a segurança do imunizante em diferentes dosagens. A fase 2 teve 320 voluntários, e, logo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar, a fase 3 será iniciada, com estimativa de 5,3 mil voluntários de todas as regiões do Brasil.
Criado em 2016, o CT-Vacinas é um centro de pesquisas fruto da parceria entre a UFMG, o Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Minas) e o Parque Tecnológico de Belo Horizonte. Atualmente, reúne cerca de 120 pesquisadores, estudantes e técnicos.
Da Redação, com agências Brasil e Gov
