Lançado nesta quinta-feira, livro traz reflexões de Lula sobre espiritualidade

A obra, que reúne textos de 24 autores, foi organizada por Mauro Lopes: “é preciso oferecer em contraponto um projeto espiritual e político que ofereça sentido de vida”

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Nesta quinta-feira (21) aconteceu o lançamento do livro “Lula e a espiritualidade: oração, meditação e militância”, organizado pelo jornalista Mauro Lopes. O evento contou com a presença do ex-presidente Lula, da ex-presidente Dilma Rousseff, da presidenta Nacional do PT Gleisi Hoffmann e do ex-prefeito Fernando Haddad.

Durante o lançamento, Mauro Lopes explicou a construção da obra. “Este livro foi construído a partir da minha troca de correspondências com Lula, sobre espiritualidade. Foi uma troca sobre a transparência da espiritualidade de Lula, que aconteceu no período da prisão. Essa espiritualidade veio à tona e aparece como um convite de uma nova relação da esquerda com o povo brasileiro. Esses três pontos: oração, meditação e militância são um tripé que o presidente nos propõe e estão explicados no livro. São 24 autores, além de histórias inéditas, como o encontro da Monja Coen com Lula na prisão.”

Lopes também comentou a proposta de Lula descrita no livro. “É importante e fundamental falar que esse livro contém um projeto, uma proposta de uma nova política espiritual para o povo brasileiro, porque o que está em voga nos últimos anos é um projeto político dos fundamentalistas e da extrema direita. É preciso oferecer em contraponto um projeto espiritual e político que ofereça sentido de vida para as pessoas”, finalizou.

Lula se emocionou ao comentar sobre a intenção e o processo de fazer o livro. “Eu comecei a pensar que nós precisamos melhorar nossa formação política, precisamos saber o que queremos falar para o nosso povo. Quando você está preso e você tem que dominar seu ódio, tudo se resolvia quando eu pensava que o povo estava mais ferrado que eu. Toda vez que eu ficava pensando e batia o desespero, eu lembrava que, mesmo preso, eu estava vivendo melhor que 70% do povo brasileiro. O povo está fodido e esse governo está acabando com o povo. Isso me alimentava. Então eu acho que saí um homem melhor do que eu entrei”, contou.

O livro reúne artigos de líderes religiosos, como Frei Betto, Leonardo Boff, Monja Coen, entre outros e tratam sobre a relação do ex-presidente com a meditação, a oração e a militância. A obra está à venda neste link.

Leia o prefácio do livro

 

“Em tempos de exploração da fé e manipulação política promovidas por falsos profetas que semeiam a ganância e o ódio, este livro é um sopro de esperança. Aqui estão reunidas diferentes vozes, das mais diferentes religiões, falando a mesma língua: a do amor. Para mim, e para os autores e as autoras deste livro, não há outra maneira de vivenciar a espiritualidade que não seja exercer o Bem.

Não sei dizer com exatidão quando a espiritualidade entrou na minha vida. O que posso dizer com toda a certeza é que desde muito cedo aprendi a amar o próximo. Serei eternamente grato ao povo brasileiro pela bênção de poder governar este país transformar em ações concretas a minha crença mais profunda: a de que a vida só tem sentido se cada um de nós fizer as coisas com amor, generosidade e senso de humanismo.

Não aprendi a odiar. Não odeio sequer meus algozes, que me trancaram numa cela porque tiveram medo que eu voltasse à Presidência para cuidar dos mais necessitados,achando que com isso teriam seus lucros reduzidos, porque odeiam qualquer um que sonhe em dividir o pão. Eles não sabem dividir. Eles não aprenderam a sonhar,enquanto eu,  tanto tempo privado de minha liberdade, sigo sonhando com um mundo melhor, onde reine a paz, a fartura e a justiça para todos.

Vivi minha vida inteira cercado daqueles que mais amo: meus familiares, meus amigos, o povo brasileiro. Sei a dor que a distância deles me causou. No entanto, a solidão que me foi imposta fez de mim um ser humano melhor. Rezei, meditei, mergulhei numa jornada de autoconhecimentoA comunhão comigo mesmo renovou minha esperança e minha crença no ser humano.

Aprendi que a gratidão é um dos sentimentos mais fortes e mais nobres. Sou grato a cada pessoa que vem me visitar na prisão, que enfrenta o frio, o sol e a chuva na inesquecível Vigília pela minha liberdade, e que mesmo à distância ora por mim, envia energias positivas e me deseja o Bem.

Aprendi também que nunca estamos verdadeiramente sós, que somos parte de um Todo. Que a cada um é dada a missão de ser feliz e fazer os outros felizes, embora  tantos ainda queiram o contrário.

Agradeço de coração ao amigo e irmão Mauro Lopes, idealizador deste livro, que nunca me faltou nas horas mais difíceis, e cada autor e a cada autora que humildemente trouxe sua mensagem de fé e esperança. A todas e todos, minha eterna gratidão.

Paz e Bem.

Luiz Inácio Lula da Silva”

Da Redação da Agência PT de Notícias

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