Lindbergh: queda da Selic é insuficiente, e pressão contra o BC deve ser intensificada

Em entrevista ao Jornal PT Brasil, deputado alertou que o Brasil ainda tem a maior taxa de juros reais do mundo, superior a 10%

Reprodução/TvPT

Deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), em entrevista ao Jornal PT Brasil

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), vice-líder da maioria na Câmara e vice-líder do governo Lula no Congresso, defende o reforço da pressão que resultou na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Em entrevista nesta quinta-feira (3) ao Jornal PT Brasil, da TvPT, o parlamentar afirmou que o índice ainda é muito elevado, por gerar a maior taxa de juros reais do mundo, superior a 10%.

Lindbergh considera insuficiente a previsão do Banco Central, constante de comunicado divulgado na quarta-feira (2), de reduzir a Selic em 0,5 ponto a cada uma das próximas reuniões do Copom.

“Foi uma conquista parcial, a votação foi por cinco a quatro, mas ainda está muito longe do que o país precisa para que a gente acelere o crescimento econômico”, disse Lindbergh. “A gente tem que continuar a nossa mobilização, essa mobilização que a gente fez foi muito importante, abaixo-assinado, tudo isso ganhou uma onda de pressão, e eu acho que a gente tem que continuar nesse caminho”.

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Durante a entrevista, o parlamentar reafirmou que as sucessivas quedas da inflação não justificam a manutenção da Selic em patamares extorsivos. “Veja bem, a gente está com taxa de juros reais de mais de dez por cento, porque a Selic estava em treze ponto setenta e cinco, e a inflação, no acumulado de doze meses, está em três ponto dezesseis. Ao cair zero cinco ponto, a taxa Selic cai para treze ponto vinte e cinco, mas a taxa de juros real continua acima de dez por cento. É muito alto”, disse o deputado.

O parlamentar também destacou o protagonismo do presidente Lula, que iniciou o movimento pela queda da Selic logo após tomar posse. “O presidente Lula foi o que mais acertou desde o começo, batendo nessa taxa de juros, mas nós ainda temos, hoje, a maior taxa de juros do mundo, mais de dez por cento. Para vocês terem uma ideia, o segundo país que mais tem taxa de juros reais do mundo é o México, com quatro por cento. A maior parte dos países está com juros negativos. Então, isso ainda é uma política monetária muito contracionista e vai continuar segurando a economia”, disse Lindbergh.

Autonomia do BC é um erro

Outro assunto tratado na entrevista foi a lei que deu autonomia ao Banco Central e que tem sido utilizada pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, presidente da instituição, para sabotar o governo Lula e o desenvolvimento do Brasil. Lindbergh afirmou que “essa lei é um erro” e precisa ser revista.

“Essa autonomia do Banco Central parece uma autonomia em relação ao voto popular, à soberania popular. Lula foi eleito presidente falando claramente que tinha um projeto de país: crescimento econômico, geração de emprego, distribuição de renda. Só que o Lula é eleito, e ele percebe que a caneta dele tem metade da tinta, porque, na política econômica, uma parte muito importante, que é o Banco Central, política monetária, política cambial, está com o presidente do Banco Central, que, no caso, agora, nosso, com essa lei de autonomia, foi do Bolsonaro”, disse o deputado. “Eu diria que o Banco Central do Roberto Campos Neto é o último bastião do bolsonarismo. Eles podem travar a economia brasileira”.

Ouça a entrevista na Rádio PT:

O parlamentar destacou que a atuação do presidente do BC vai na contramão das medidas adotadas pelo governo Lula para a recuperação econômica. Citou como exemplo a mudança da política de preços da Petrobras, que deixou de ser dolarizada e resultou na queda do valor dos combustíveis e na redução dos índices de inflação. “O preço dos combustíveis, hoje, no Brasil, está, em média, vinte por cento abaixo do preço internacional, e a Petrobras continua tendo lucro”, disse.

Lindbergh afirmou também que a política monetária do BC tem gerado dificuldades para o setor produtivo e muitas demissões, além de inibir investimentos. “Tem muita empresa quebrando, tem muita empresa demitindo empregados. Então, veja, o impacto na geração de empregos é direto. Quanto maior a taxa de juros, mais desemprego nós temos”, sublinhou.

O parlamentar disse ainda que continua empenhado em trabalhar pela saída do bolsonarista da presidência do Banco Central. Ele lembrou ter protocolado um requerimento nesse sentido junto ao Conselho Monetário Nacional.

Campos Neto também é alvo de um pedido de investigação no Senado, apresentado por nove partidos com o argumento de que ele descumpre o dispositivo da lei da autonomia do BC que atribui à instituição o dever de fomentar o pleno emprego. O bolsonarista já é investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por planejar a entrega das reservas internacionais do Brasil, estimadas em US$ 380 bilhões, à gestora de fundos Black Rock, em mais um ataque à soberania do país.

Da Redação

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