Lula: Brasil não pode cometer o erro de cortar investimentos públicos

Presidente defende equilíbrio entre responsabilidade fiscal e destinação de recursos para a retomada da economia. “Nossa obrigação é arrumar dinheiro e fazer esse país crescer”, disse

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Fábrica de automóveis no Brasil: investimentos públicos são fundamentais para aquecer a economia, aumentar a produção e gerar empregos

O presidente Lula voltou a lembrar a importância de o Brasil manter um bom nível de investimentos públicos, inclusive com a ajuda dos bancos estatais, para recuperar a economia e dar mais qualidade de vida à população.

O alerta foi dado na quarta-feira (6), durante a cerimônia que oficializou empréstimos da ordem de R$ 8,33 bilhões do Banco dos Brics para o BNDES. 

“Nós temos uma missão, que é fazer esse país voltar a crescer. E, para crescer, o BNDES é uma peça importante”, disse Lula, pouco depois de lembrar que o banco de desenvolvimento foi crucial em vários momentos de dificuldade.

“Esse banco aqui salvou o Brasil em muitos momentos. Quando veio a crise de 2008, se não fosse o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Brasil não tinha escapado da crise como escapou, pois foi nesse banco aqui que a gente fez parte dos investimentos de que o PAC precisava”, recordou (assista à íntegra do discurso abaixo).

“Temos que calibrar as coisas” 

Hoje, a importância do BNDES e dos investimentos públicos não diminuíram, observou o presidente. Afinal, o Brasil está em verdadeira reconstrução. Basta lembrar que, neste ano, o governo Lula retomou 52 programas sociais que estavam abandonados.

E foi graças aos recursos públicos, conquistados na PEC da Transição e fornecidos pelos bancos e empresas estatais, que hoje o Minha Casa Minha Vida está de volta, as obras de educação que tinham sido paralisadas foram reiniciadas, que o SUS recebeu verba para reduzir as filas de espera, que a merenda escolar pôde ser reajustada após ficar seis anos congelada, que o salário mínimo voltou a ser reajustado acima da inflação. E que o Brasil acabou crescendo mais do triplo do que se previa no começo do ano.

Abrir mão dos investimentos públicos, portanto, ressaltou Lula, seria deixar “o país voltar para trás”. E, por isso, deve haver um equilíbrio entre a responsabilidade fiscal e a injeção de recursos na economia. 

“Não pode ficar com R$ 1 trilhão, R$ 2 trilhões guardados no Tesouro e o BNDES comendo pão seco com mortadela. Nós vamos ter que calibrar as coisas”, defendeu Lula, referindo-se ao colchão de liquidez mantido atualmente pela Secretaria do Tesouro, que está na casa do R$ 1 trilhão.

Esse colchão é um recurso mantido pelo Tesouro Nacional para garantir o pagamento de títulos públicos prestes a vencer. No patamar atual, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, ele é suficiente para cobrir 8,52 meses de vencimentos, “bem acima do limite prudencial de três meses”.

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“A gente não pode ficar constatando que não tem dinheiro. Não pode ficar constatando que o PIB não vai crescer”, acrescentou Lula. “A nossa obrigação é arrumar dinheiro e fazer esse país crescer. Porque, se não crescer, não tem emprego, não tem salário, não tem consumo e o país fica na bancarrota.”

Dívida para construir não é problema

“Nós precisamos convencer a sociedade brasileira e o mercado de que não tem nenhum problema você ter uma dívida se aquela dívida é para construir um ativo produtivo, que vai render, que vai facilitar escoamento de produção, que vai baratear as coisas que você produz, que vai melhorar o investimento em tecnologia”, disse por fim.

Ao fazer essa última afirmação, Lula rebateu os discursos alarmistas de ultraliberais que utilizam o índice da dívida pública para pregar um arrocho desmedido na economia, que apenas retiraria recursos da área social e os transferiria para o mercado financeiro, como ocorreu com o Teto de Gastos, criado por Temer e praticado por Bolsonaro.

Dados divulgados na quarta-feira mostram que a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que reúne governo federal, INSS e governos estaduais e municipais, atingiu 74,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em outubro. Como ressaltou a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, esse índice está bem longe de ser “o fim do mundo”.

“Resultado da dívida bruta do governo de 74,7% do PIB não é o fim do mundo como os ultraliberais acham. Passamos por uma pandemia e tivemos quatro anos de desgoverno em que Bolsonaro gastou mundos e fundos pra tentar se reeleger. Foram R$ 300 bilhões dos cofres públicos na campanha eleitoral, orçamentos de várias políticas praticamente zerados e deixando um rombo de quase R$ 800 bilhões. Até os liberais sabem disso”, escreveu Gleisi na rede social X.

“Países da União Europeia, como França, Espanha e Bélgica, têm dívidas que superam os 100% do PIB. Aqui, estamos no caminho certo, temos mais de U$ 300 bilhões em reservas, inflação em queda, economia crescendo e, pra variar, só faltam os juros cair direito pra deslanchar o PIB e inclusive pra aliviar o custo da dívida pública. Então nada de terrorismo fiscal pra atacar o governo Lula”, completou.

Da Redação

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