Lula começa a recuperar fábrica brasileira de chips e semicondutores 

Presidente cria grupo de trabalho para analisar situação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), que Bolsonaro tentou destruir

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Dependência perigosa: a falta de chips importados fez o Brasil deixar de produzir 300 mil veículos em 2021 (Foto: Site do PT)

O presidente Lula deu o primeiro passo para recuperar o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), empresa estatal e única desenvolvedora e fabricante de semicondudores e chips eletrônicos da América Latina. Por pouco, o centro não foi fechado por Jair Bolsonaro.

Em decreto publicado na quarta-feira (8) no Diário Oficial da União, Lula criou um grupo de trabalho coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que deve propor uma estratégia para reverter o processo de extinção da empresa e apresentar um plano para que o Ceitec ajude a promover uma política de desenvolvimento de semicondutores no país.

Criado em 2010, com sede em Porto Alegre, o centro foi incluído no programa de privatizações de Bolsonaro. Ao não encontrar compradores para a empresa, o governo anterior iniciou, então, um processo de liquidação, que foi contestado e suspenso pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2021. 

Questão de estratégia e soberania

A tentativa de acabar com o Ceitec é mais uma prova da falta de visão estratégica e do pouco caso com a soberania nacional que marcaram o governo Bolsonaro. O centro pode colocar o Brasil no seleto grupo de países que desenvolvem chips e semicondutores, além de garantir que essas peças não faltem no mercado interno.

Vale lembrar que, durante a pandemia, fabricantes de smartphones, automóveis, aviões e sistemas militares no Brasil foram obrigados a paralisar sua produção por falta dos componentes eletrônicos. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), esse foi o motivo para que o Brasil deixasse de produzir entre 300 mil e 350 mil veículos em 2021, por exemplo.

Foi uma crise semelhante à dos fertilizantes durante a guerra na Ucrânia. Por ter fechado as fábricas desses produtos durante os governos Temer e Bolsonaro, o Brasil correu o risco de ver a produção do agronegócio despencar devido à escassez de oferta no mundo.

Ignorância custa mais caro

Como o Brasil agora voltou a ter um governo comprometido com o desenvolvimento e a soberania, o Ceitec retorna à lista de prioridades. Sua recuperação foi uma das propostas feitas pelo Grupo de Trabalho de Ciência e Tecnologia durante o Gabinete de Transição, em dezembro passado. O coordenador da transição, Aloizio Mercadante, hoje presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), explicou na época a importância do Ceitec.

“Tem um custo investir na produção de chips, mas a ignorância nesse setor é muito mais cara. Esta é a escolha que o Brasil deve fazer: se ele quer ter o domínio, se ele quer se preparar, se ele quer atrair investimentos, se ele quer entrar nessa elite dos países que produzem chips e estão na vanguarda da tecnologia da informação, nós vamos ter que investir”, disse (veja vídeo abaixo).

Mercadante também lembrou que, por estar na América Latina, o Brasil pode levar vantagem no setor, ainda muito concentrado na Ásia, região politicamente instável. “O Brasil não tem esse tipo de problema e pode ser uma grande opção na indústria de semicondutores para a criação de novos centros tecnológicos”, destacou.

Nesta quinta-feira (9), o senador Paulo Paim (PT-RS), celebrou a decisão do governo Lula de recuperar a empresa, que classificou como “uma extraordinária notícia”. “Essa empresa é a única da América Latina que atua na fabricação de chips e semicondutores. Não podemos abrir mão dela. A Ceitec é fundamental para o desenvolvimento econômico, tecnológico e social do Brasil, gerando também emprego e renda. Estamos falando de soberania”, destacou Paim.

Da Redação, com PT no Senado e MCTI

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