Lula reúne ministros e anuncia reforço da presença federal no Rio
Após reunião, uma comitiva segue ao Rio para coordenar medidas conjuntas de segurança e apoio às vítimas, em meio à crise provocada por operação estadual
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O governo Lula anunciou novas medidas de reforço à segurança pública no estado do Rio de Janeiro e o envio dos ministros da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; da Casa Civil, Rui Costa; dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo; e da Igualdade Racial, Anielle Franco, para acompanhar a situação local. A decisão foi tomada após uma reunião na manhã desta quarta-feira (29) no Palácio do Planalto, com o presidente Lula, que manifestou indignação com o número de mortos, que passou de 130, e a ausência de comunicação prévia sobre a operação realizada pelo governo estadual.
Participaram do encontro o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Comunicação Social), José Múcio (Defesa), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos).
Também estiveram presentes o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, o ex-deputado estadual do Rio com histórico de atuação no combate às milícias, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues. O presidente Lula chegou ao Brasil na noite de terça-feira, após viagem oficial à Ásia, e foi informado sobre a gravidade da situação ainda durante o voo de retorno.
Em coletiva após a reunião, Lewandowski afirmou que a decisão foi tomada após diálogo direto com o presidente e criticou a falta de coordenação por parte do governo estadual.
“O presidente ficou surpreso com o número de ocorrências fatais e surpreso que uma operação de envergadura foi desencadeada sem o conhecimento do governo federal. Ele determinou que nos dirigíssemos imediatamente ao Rio de Janeiro para apoiar o povo e as forças de segurança locais”, declarou o ministro.
O Ministério da Justiça também anunciou a disponibilização de dez vagas em presídios federais de segurança máxima para custodiar líderes do Comando Vermelho, a pedido do governador Cláudio Castro. A medida visa impedir a continuidade de ações criminosas a partir dos presídios estaduais.
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Apoio técnico
Durante a coletiva, Lewandowski destacou que o governo Lula vai oferecer apoio técnico e logístico, incluindo peritos criminosos, médicos legistas e acesso a bancos de dados de DNA e balística da Polícia Federal (PF), para a identificação das vítimas e apuração das mortes.
“Não basta a força bruta. O enfrentamento se faz com inteligência, com planejamento e coordenação entre as diversas forças. A PEC da Segurança Pública vai nessa direção”, afirmou o ministro.
Ele ressaltou a proposta enviada ao Congresso Nacional que unifica ações das polícias estaduais e federais no combate ao crime organizado.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, disse que a PF não foi comunicada sobre a operação estadual e que suas ações seguem focadas em descapitalizar financeiramente as facções.
“A Polícia Federal atua com estratégia e inteligência, atacando o poder econômico do crime e prendendo lideranças. É assim que enfrentamos o crime organizado, e é isso que já estamos fazendo no Rio”, afirmou.
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Garantia da Lei da Ordem
O ministro Lewandowski afastou a possibilidade imediata de decretar uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), destacando que essa é uma medida excepcional que depende de solicitação formal do governador.
“A GLO é uma medida excepcionalíssima. Por enquanto, não houve pedido formal. Nosso foco é apoiar com os instrumentos já disponíveis e fortalecer a cooperação interfederativa”, explicou.
A ministra Gleisi Hoffmann reforçou que o governo federal está disposto a cooperar, mas destacou que “operações dessa magnitude precisam ser planejadas com integração e comunicação entre os entes federados”. Segundo ela, o governador Cláudio Castro informou, em conversa telefônica, que não solicitou a GLO nem equipamentos para a ação.
Compromisso com o Estado Democrático de Direito
Ao final da coletiva, Lewandowski defendeu uma mudança estrutural na política de segurança pública brasileira, com foco em inteligência, integração e respeito aos direitos humanos.
“O modelo de confronto armado já se mostrou ineficaz. O caminho é a integração entre as forças e o uso da inteligência para desmontar as estruturas financeiras das facções”, concluiu.
Com a ajuda dos ministros do Rio, o governo Lula busca enfrentar o crime organizado e garantir o atendimento humanitário às comunidades afetadas.
Desde 2023, a Força Nacional de Segurança atua de forma permanente no estado, com 11 renovações autorizadas pelo governo federal, a pedido do próprio governador.
A Operação Contenção, ocorrida nos complexos do Alemão e da Penha, na capital do estado, deixou mais de 130 mortos, mas a contagem de corpos ainda não está fechada. As forças de segurança do Rio realizaram a operação considerada mais letal da história para combater o Comando Vermelho.
Da Redação, com informações da Agência Brasil
