Lula sobre atos de 19 de junho: “A sociedade começou a andar”
Em entrevista a rádio, Lula apoiou manifestações contra Bolsonaro e disse que ainda avalia se participará: “Não quero transformar um ato da sociedade brasileira em um ato político-eleitoral”
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O presidente Lula manifestou, nesta quinta-feira (17), em entrevista à rádio Tribuna do Norte, de Natal, apoio às manifestações contra Jair Bolsonaro marcadas para ocorrer em centenas de cidades do Brasil e do mundo, no próximo sábado (19). “A sociedade começou a andar. As manifestações vão ocorrer em muitas cidades do Brasil, e isso é uma coisa muito boa, porque significa que a sociedade está acordando, está se levantando e está começando a brigar pela conquista do seu direito à reconstrução do nosso país”, afirmou.
Perguntado se irá a algum dos atos, Lula disse que está refletindo muito sobre sua participação. “Não quero transformar um ato da sociedade brasileira em um ato político-eleitoral. Estou meditando profundamente se a minha participação não pode ser explorada por setores do meio de comunicação como ‘o Lula manipulou o ato’, ‘o ato virou uma peça de campanha do Lula…’. Eu não tenho o direito de fazer isso com a sociedade brasileira”, ponderou, completando que o grande protagonista do movimento deve ser o povo brasileiro, que está sendo chamado às ruas pela oposição, pelos sindicatos e pela sociedade civil organizada.
Fico feliz que o povo esteja brigando pelos seus direitos. E não adianta querer igualar as manifestações. Veja a diferença entre as manifestações contra o genocida e os atos promovidos por ele. Um lado usa máscara, álcool gel, o outro lado vai sem máscara e nega a vacina.
— Lula (@LulaOficial) June 17, 2021
Lula também discordou daqueles que comparam as manifestações aos atos promovidos por Jair Bolsonaro, pois ambos provocariam aglomeração. “Veja a diferença dessas manifestações com as do genocida. Nessas manifestações, todo mundo está de máscara, a maioria das pessoas está com seu álcool em gel, porque as pessoas, embora estejam na rua, elas gostam das suas vidas e estão se protegendo”, disse, referindo-se aos atos que ocorreram em 29 de maio e ao fato de as convocações para o próximo sábado recomendarem que todos os participantes adotem medidas de proteção.
“Há uma diferença substancial com os atos do presidente, que não usa máscara, que nega a vacina como solução, que não reconheceu o coronavírus como uma doença grave, como um vírus mortal, disse que era apenas uma gripezinha, e ainda continua negando. O que é mais grave é que já estamos próximos de 500 mil mortos e esse presidente trata como se não fosse nada. Para ele, 500 mil mortes não são nada. Ele deveria estar sensibilizado, ele deveria estar chorando essas mortes. A diferença é esta: a sociedade vai para as ruas de forma civilizada, o Bolsonaro vai para a rua totalmente sem máscara, e muita gente dele sem máscara, para agredir as pessoas. Nós queremos construir o Brasil e ele quer destruir o Brasil”, completou.
E não adianta falar que "ah, mas o povo agora tá aglomerando". O povo está aglomerado todo dia e faz tempo. Pra trabalhar, pra pegar ônibus. E sem estar todo mundo vacinado, porque o Bolsonaro recusou as ofertas pra comprar enquanto era tempo.
— Lula (@LulaOficial) June 17, 2021
Fascista contra a democracia
Por isso, Lula também rejeita a ideia de que o Brasil vive uma polarização entre ele e Bolsonaro. “Hoje, não tem uma polarização ideológica. Hoje você tem um fascista no poder, você tem um genocida no poder, que mente todo santo dia. Você tem um fascista lutando contra a democracia. Você tem um cidadão que utiliza fake news para mentir todo santo dia. O prazer dele é contar mentira, é fazer provocação, é desrespeitar as pessoas. Então, nós não temos uma polarização entre Lula e Bolsonaro. Nós temos uma polarização entre a sociedade brasileira democrática e uma pequena parte de milicianos que segue o Bolsonaro”, ressaltou.
Lula lembrou, ainda, que foi o governo Bolsonaro que levou o Brasil a meio milhão de mortos por Covid-19, marca que deve ser alcançada nos próximos dias. “Se o governo tivesse criado desde o começo um protocolo, tivesse montado um comitê de crise com pesquisadores, cientistas, médicos, e tivesse orientado a sociedade, a gente não teria os 500 mil mortos. A gente poderia ter muito menos. Se a gente tivesse comprado a vacina no tempo certo, a gente teria muito menos. Por isso é que dá uma certa inveja quando a gente vê na Inglaterra, nos Estados Unidos, as pessoas voltando à normalidade, porque tiveram a responsabilidade de vacinar.”
Ouça a íntegra da entrevista:
Da Redação