Lula, sobre taxa de juros: “Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%”

“E a verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro precisa circular, não apenas na mão de poucos, na mão de todos”, disse o presidente, nesta segunda-feira (24), em Portugal

Ricardo Stuckert

Lula, em Portugal: taxa de juros atual impede o consumo das famílias.

Enquanto o comandante do Banco Central, Roberto Campos Neto, tenta, inutilmente, imprimir algum verniz técnico para a decisão política de manter a taxa Selic na estratosfera, o presidente Lula expõe o risco de uma crise de crédito pelo qual passa o Brasil em decorrência do arrocho monetário imposto pelo bolsonarista. Nesta segunda-feira (24), no Fórum Empresarial Brasil-Portugal, em Matosinhos, na região do Porto, em Portugal, Lula voltou a criticar a taxa de juros de Neto, um dos maiores entraves ao crescimento econômico do país.

“Nós temos um problema, primeiro-ministro [António Costa], que não sei se Portugal tem, que a nossa taxa de juros é muito alta, é muito alta”, discursou Lula. “No Brasil, a taxa Selic, que é a taxa referencial, está a 13,75%”, explicou o presidente. “Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém”.

“E a verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro precisa circular, não apenas na mão de poucos, na mão de todos”, afirmou o presidente, em referência à escassez de crédito provocada pela taxa Selic.

“É por isso que eu digo sempre: a solução do Brasil é a gente voltar a colocar o pobre no Orçamento, é a gente garantir que as pessoas pobres possam participar, porque quando eles virarem consumidores, eles vão comprar”, argumentou o petista.

“Quando eles comprarem, o comércio vai vender. Quando o comércio vender, vai gerar emprego, vai comprar mais produtos da fábrica”, esclareceu Lula. “Não precisa importar da China, pode comprar produtos produzidos no Brasil, e a gente vai gerar mais emprego, e mais emprego vai gerar mais salário. É uma coisa mais normal da roda gigante da economia funcionando e todo mundo participando”, observou o presidente.

As declarações de Lula ocorreram poucos dias depois de Campos Neto afirmar, em Londres, na Inglaterra: “O anseio pela queda de juros é político, mas nosso trabalho é técnico”. O recado de Neto, deixando mais do que evidente que não pretende reduzir os juros, foi uma clara resposta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que participou do mesmo evento para o qual Neto foi o presidente do Bacen foi convidado e advogou em defesa de uma queda dos juros.

Estatais

Ainda no Forum, Lula voltou a criticar o entreguismo dos governos Temer e Bolsonaro, que venderam estatais para garantir a farra dos detentores de juros da dívida pública. “No Brasil, não vamos vender as empresas públicas”, advertiu o presidente. “Queremos convidar os empresários para fazer parcerias naquilo que a gente precisa criar de novo”, afirmou.

Lula foi categórico ao afirmar que a venda de estatais privilegiou apenas o rentismo, o mesmo que se beneficia das taxas de juros exorbitantes de Campos Neto. “Ou seja, nos desfizemos do nosso patrimônio, e a qualidade do serviço não melhorou”, disse o presidente, em referência às Eletrobras.

Da Redação

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