Maio das Trabalhadoras | O que querem as eletricitárias?

Conversamos com Rosana Gazzola Favaro, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos- Sinergia CUT e dirigente estadual da CUT-SP

Na propaganda, as empresas de energia escondem uma prática cruel que prejudica o futuro do país: não permitem que suas funcionárias cuidem de seus filhos quando ficam doentes. As empresas abonam apenas um dia de atestado médico por mês para cuidar de crianças. No restante, caso a mãe trabalhadora precise acompanhar um filho internado, os patrões descontam do salário.

Este é o Especial “Pelo que lutam as trabalhadoras”, iniciativa do projeto Elas Por Elas para a semana que celebra o 1 de maio, dia do trabalho. Diante dos desafios contemporâneos, conversamos com mulheres dirigentes de diversas categorias para difundir e compartilhar as demandas específicas das mulheres da classe trabalhadora.

Com o desemprego em alta, as trabalhadoras, muitas vezes são as chefes de família, e temem o enfrentamento que o sindicato trava nas campanhas salariais, por medo de perderem o emprego

Rosana Gazzolla Favaro faz parte da direção do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos- Sinergia Cut. É coordenadora  do coletivo de mulheres do Sinergia CUT e do coletivo de mulheres da subsede da CUT Campinas. Rosana também faz parte da direção da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo . Além de ser atuante no movimento sindical, é militante do Partido dos Trabalhadores há  seis anos.

1) Quais são as principais reivindicações das mulheres que são da área eletricista?

Exigimos a igualdade de salário, essencial direitos e oportunidade entre homens e mulheres. Lutamos pelo auxílio creche/ creche na empresa. E também pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salário.

2)  Quais as principais dificuldades de ser mulher dentro da categoria? (situações que acontecem no local de trabalho, específicas do setor)

Acredito que a maior dificuldade de ser mulher no local de trabalho, são as mulheres que são mães e precisam do direito de acompanhar os filhos em consulta médica sem sofrer desconto no salário (a empresa aceita/abona 1 dia apenas de atestado para filho menores de 6 anos, e no meu local de trabalho a maioria de trabalhadores são mulheres). 

Existem dificuldades sobre a organização das trabalhadoras em defesa de seus direitos.  Um deles é que durante a pandemia houve o alto número de trabalhadoras em home office, e dessa forma dificultou as conversas na base. E o alto número de desempregados, as trabalhadoras, muitas vezes são as chefes de família, e temem o enfrentamento que o sindicato trava nas campanhas salariais, por medo de perderem o emprego.

3) Quais são as perspectivas de organização e conquistas para 2022 e no próximo período?

Uma das  principais perspectivas, ao meu ver, é combater as diversas formas que assédio se manifesta  nas empresas. Outra questão é conseguirmos negociar nos acordos coletivos, cláusulas de proteção às mulheres, e regulamentar o home office. Estamos na luta.

Sobre o Especial Maio das Trabalhadoras

Esta matéria faz parte do Especial 1 de maio, “Pelo que lutam as mulheres trabalhadoras”Nele, conversamos com metalúrgicas, domésticas, têxteis, pescadoras, quebradeiras de coco, enfermeiras, servidoras, professoras e diversas outras categorias para repercutir as pautas das mulheres nas mais diversas trincheiras do mundo do trabalho atualmente. Acesse aqui a tag e confira todas as matérias.

Ao longo da semana, publicamos duas entrevistas por dia com o objetivo de dar visibilidade não só para as demandas específicas das trabalhadoras de cada setor, mas também contar uma breve história de militância de cada uma das companheiras que atuam em defesa dos direitos de sua categoria.

E, claro, mais do que nunca, dar espaço para que elas contem o que esperam de 2022 e das perspectivas de reconstrução de um país em que ainda é possível sonhar e concretizar um mundo mais justo e solidário.

Ana Clara Ferrari e Dandara Maria Barbosa, Agência Todas

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