Maio das Trabalhadoras | O que querem as trabalhadoras dos Transportes

Motoristas de ônibus, caminhões, coletivos, condutoras quais são as demandas das mulheres que atuam neste setor? Conversamos com Luiza Helena Xavier Owhoka, dirigente sindical da categoria de trabalhadores rodoviários, no transporte de passageiros e cargas próprias.

No imaginário da sociedade patriarcal, praticamente não há espaço para mulheres que atuam como motoristas de ônibus, de caminhão, condutoras. No entanto, o cenário é ainda pior quando se compreende a categoria de Transportes como um todo, que inclui a operação prática nas garagens como lubrificadores, pintores de roda, eletricistas, funileiros. Romper a barreira da desigualdade salarial e das portas fechadas para ampliar a atuação profissional estão entre as demandas das trabalhadoras do setor.

Este é o Especial “Pelo que lutam as trabalhadoras”, iniciativa do projeto Elas Por Elas para a semana que celebra o 1 de maio, dia do trabalho. Diante dos desafios contemporâneos, conversamos com mulheres dirigentes de diversas categorias para difundir e compartilhar as demandas das mulheres da classe trabalhadora.

Ser uma mulher condutora  na segunda maior cidade do Estado de São Paulo é, ao mesmo tempo, uma honra e um desafio. É  dizer pra sociedade que podemos SIM estar aonde queremos de forma consciente  e competente

Luiza Helena Xavier Owhoka, 46, é militante sindical desde 2012 e atualmente é Secretária de Mulheres e Políticas Afirmativas no sindicato dos Trabalhadores Rodoviários no Transporte de Passageiros, Urbano, Suburbano, Metropolitano, Intermunicipal e Cargas Próprias de Guarulhos e Arujá, em São PauloDurante a adolescência iniciou sua militância nos movimentos sociais,  criada pelo terreiro de Matriz Africana sempre  aprendeu a fazer o bem sem olhar a quem. Luiza é filiada ao Partidos dos Trabalhadores (PT), sendo secretária municipal  de Combate ao Racismo do PT e faz parte da executiva do PT de Guarulhos.  

1) Quais são as principais reivindicações das mulheres que são da área de transporte ?

Existem diversas reivindicações, mas atualmente  estamos fortalecendo a campanha salarial. Há também a política de cotas. Para nós, mulheres, há  uma questão essencial que é fazer com que as empresas cumpram a cota de 15% de companheiras, significa que precisam respeitar  a nossa  representação e  a equidade de direito.  

2)  Quais as principais dificuldades de ser mulher dentro da categoria? (situações que acontecem no local de trabalho, específicas do setor)

Devido à estrutura social, machista, xenofóbica, racial em que vivemos, inevitavelmente impacta em nossa vida profissional. A dificuldade está em não ser reconhecida como igualmente capaz no nosso meio profissional. O Sindicato dos Condutores representa  a área de operação prática nas garagens,  isto inclui não apenas os motoristas,  mas lubrificadores,  pintores de roda, eletricistas,  funileiros, etc. E temos uma grande dificuldade em fazer com que as empresas contratem e/ou promovam  mulheres para estas funções/profissões por  conta de considerarem linhas de atuação profissional historicamente masculinas. 

Essa discriminação ultrapassa a preocupação com  a maternidade ou afastamentos do trabalho devido aos filhos, está consolidada no ideário de que “isso não é coisa pra mulher”.

3) Quais são as perspectivas de organização e conquistas para 2022 e no próximo período?

Como Sindicato combativo e atuante que somos, esperamos realizar o primeiro passo para a reconstrução  da vida das trabalhadoras nos empenhando e elegendo o nosso sempre Presidente Lula, e claro, uma bancada com o maior número de representantes da classe trabalhadora possível. Precisamos devolver ao povo a esperança e o orgulho de ser brasileiro .

Sobre o Especial Maio das Trabalhadoras

Esta matéria compõe o Especial 1 de maio, “Pelo que lutam as mulheres trabalhadoras”. Nele, conversamos com metalúrgicas, domésticas, têxteis, pescadoras, quebradeiras de coco, enfermeiras, servidoras, professoras e diversas outras categorias para repercutir as pautas das mulheres nas mais diversas trincheiras do mundo do trabalho atualmente. Acesse aqui a tag e confira todas as matérias.

Ao longo da semana, publicamos duas entrevistas por dia com o objetivo de dar visibilidade não só para as demandas específicas das trabalhadoras de cada setor, mas também contar uma breve história de militância de cada uma das companheiras que atuam em defesa dos direitos de sua categoria.

E, claro, mais do que nunca, dar espaço para que elas contem o que esperam de 2022 e das perspectivas de reconstrução de um país em que ainda é possível sonhar e concretizar um mundo mais justo e solidário.

Ana Clara Ferrari e Dandara Maria Barbosa, Agência Todas

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