Márcia Tiburi lança livro que busca dar nome ao horror autoritário à brasileira no século 21

Em série de lives com Jean Willys, Rita Von Hunty e outras personalidades, obra lança luz sobre as diferenças entre o fenômeno atual e o populismo nacionalista do século passado

Da Redação, Agência Todas

Alvo de ataques da extrema direita principalmente desde 2018, a filósofa Márcia Tiburi lançou seu novo livro “Como derrotar o turbo tecno macho nazifascismo”, pela editora Record, e vem movimentando as redes sociais com lives para debater o fenômeno autoritário brasileiro.

 Vítima de hackers em sua conta do Instagram, a autora realizou o lançamento por meio do perfil da editora e, ao longo das últimas semanas, já com a conta recuperada, vem promovendo transmissões ao vivo com personalidades da esquerda brasileira como Jean Willys e Rita Von Hunty.

 Autora do sucesso de vendas, “Como conversar com um fascista”, Márcia relatou que a ideia inicial era produzir uma edição comentada e revista dessa última obra, no entanto chegou à conclusão que precisava escrever outro livro. O título “Como derrotar o Turbo Tecno Macho Nazifascismo” já nasce a partir da referência do clássico “Como esmagar o fascismo”, de Trotsky.

 Apesar da semelhança, a proposta de Márcia vai por outro caminho, no sentido de estabelecer as principais diferenças entre o populismo nacionalista — de Hitler e Mussolini — e o autoritarismo à brasileira que vivemos hoje, no século 21. Portanto, a autora busca conceituar e nomear — daí o termo ‘turbo tecno macho nazifascismo’ —  essa fase aguda do capitalismo neoliberal que atinge a sua forma mais monstruosa, fundamentalista, obscurantista, ilimitada e alucinada.

 Dentre as diferenciações que Márcia aponta em sua obra entre os dois tipos de “autoritarismo”, a manipulação para a criação da “massa sem identidade” (que dá sustentação ao bolsonarismo) e o alto grau de desenvolvimento da tecnologia estão no cerne do enredo da política nazifascista brasileira, que ganha essa alcunha a partir da ascensão do governo Bolsonaro.

“A política autoritária nasce sob determinadas condições históricas e geopolíticas. E quando se fala em históricas, também se fala em condições antropológicas, sociais, mentalidade e, principalmente, o estágio tecnológico de uma sociedade”, explicou a autora.

A tecnologia digital, o aumento da velocidade e da difusão acelerada de informações afetam diretamente a forma de uma sociedade fazer política, consequentemente a sua forma de “produzir autoritarismo” e “produzir democracia”. A autora ainda reforça o peso da era digital em relação ao papel dos meios de comunicação.  

“Não há política sem comunicação, sem produzir algum tipo de difusão, de passar uma mensagem […] Para derrotar, é preciso ter essa ‘turbo democracia’, que se dá com muito esforço e muito trabalho. Não é um fenômeno espontâneo”, apontou Tiburi.

A obra de Márcia também avança sobre o enlace entre tecnologias e economias que interfere na nossa forma de fazer política — e de que forma poderíamos estar aprimorando e aperfeiçoando nossas democracias em vez de produzir ainda mais autoritarismo. Nesse caldo chorumento que escoa pela política autoritária brasileira, o machismo não estaria de fora, sendo mais uma das abordagens da obra que reflete sobre esses pilares do horror que enterra o país na barbárie.

Passando por questões estéticas, políticas, históricas e filosóficas, Márcia Tiburi ousa enfiar a mão nessa lama que atola nosso cotidiano, avalia, conceitua e dá nomes. E esse passo, tão estratégico quanto qualquer outro, deve ser cravado para que possamos seguir em frente, derrotar a barbárie e fazer vencer o processo civilizatório da humanidade. 

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