Maurílio Araújo: minha história com os fundadores do PT

“Estou pesquisando a história do PT no mestrado, programa de história social da USP. Há uns quatro meses venho coletando depoimentos de fundadores do PT”

Paulo Pinto/Agência PT

militância petista

Meu nome é Maurílio Araújo, sou filiado do PT no Diretório Zonal do Centro na cidade de São Paulo. Estou pesquisando a história do PT no mestrado, programa de história social da USP, sob a orientação do professor Francisco Palomanes Martinho. Há uns quatro meses venho coletando depoimentos de fundadores do PT para a minha pesquisa. “Fundador”, para fins dessa pesquisa, foram todos os militantes que contribuíram, de alguma forma, para a criação do partido em seus primeiros anos de vida. Os depoimentos das grandes lideranças são fundamentais para entender esse processo. Mas, numa perspectiva própria da “Nova História”, corrente historiográfica iniciada nos anos 70, militantes “menos ilustres” também terão nesse trabalho seus depoimentos registrados e valorizados. A maior parte dessas entrevistas já se encontram disponíveis no youtube, no canal do núcleo de base do PT do qual faço parte. https://www.youtube.com/channel/UCJU_g2dEGZx8gGxutWaxncQ

As histórias que tenho escutado são fantásticas! É lugar-comum dizer que o PT nasceu da tríade “Novo Sindicalismo + Igreja e Movimentos Sociais + Intelectuais e Luta Armada”. No entanto, uma simples equação sociológica não reproduz, nem de longe o que realmente isso representa. Não se trata de uma equação como a de Einsten E=MC², mas de vidas! Vidas militantes, melhor dizendo! Escutei 18 dessas vidas constituintes do PT. Algumas dessas histórias passarei aqui a contá-las, bem superficialmente (uma vez que já mais de 30 horas de depoimentos), mas não irei narrá-las como um mero espectador externo. Mas sim, como se estivesse vivido tais situação com esses militantes. Situação que assim me senti enquanto os entrevistava.

Estive com o Cloves nas fileiras da ALN. Em outubro de 1969, 15 dias antes de Marighella ser assassinado, estivemos em uma reunião na casa do Cloves, onde nosso comandante nos repreendia pelo “excesso de ações”, provocando muitas baixas: prisões, torturas, mortes. Anunciava que logo mais estaríamos em uma nova fase da organização: a guerrilha rural. Não houve tempo… Mais tarde, ainda com Cloves no presídio Tiradentes, era anunciada mais uma triste baixa: a do comandante Toledo. O sucessor de Marighela tivera o mesmo triste destino… Em 1979, nos reencontramos novamente na Oposição Metalúrgica de São Paulo, organizando a Greve Geral! Falamos com Santo Dias na noite anterior de seu assassinato. Presenciamos a queda de uma das subsedes e a prisão de dezenas de militantes. Escapamos por pouco! E junto com outros persistentes companheiros (incluindo o Santo) retomamos a Greve!

Com o Wellington, fundador do DZ centro de São Paulo, passamos algumas vezes na vigília “Lula Livre”. Não essa última, em Curitiba. Mas a do bairro da Luz, próxima ao prédio do DOPS, em 1980. Com ele também acabei sendo preso e demitido em uma greve dos correios nos anos 90, primeiro mandato FHC.

Companheiro sindicalista Zé Preto. Fomos juntos ao ENTOES (Encontro dos Opositores da Estrutura Sindical, simplificando) em Nova Iguaçu, baixada fluminense. Pela manhã, pouco antes de irmos ao local do evento para o segundo dia de debates, nos deparamos com uma cena muito sinistra. Perto de um matagal, vários corpos se encontravam perfilados (uns 15 no total!), bem próximo do nosso improvisado alojamento em uma creche. Uma chacina havia ocorrido e o resultado dela havia sido “despachado” naquele local há poucas horas. Felizmente, não presenciamos, o que poderia ter nos trazido sérios problemas… Também com o Zé e mais alguns companheiros fomos em 1983 dar um “alô” para o interventor indicado pelo MTE, lá no 4º no nosso sindicato em SBC. O companheiro “Paraíba” deu um murro na mesa que fez o interventor cair sentado no chão! O Zé falou para mantermos a calma já que ele era só mais um pau mandado da ditadura…

Com o companheiro Agenor, fundamos a Associação dos Mutuários e o Núcleo de militantes petistas da Cohab 1 em Itaquera. Em seu auge, as reuniões do núcleo enchiam o saguão da Cohab com mais de 50 pessoas. Também fomos juntos, certa vez, à casa do Lula, onde pudemos ter uma descontraída conversa sobre socialismo e social-democracia.

Isaías, metalúrgico da Cofap em Santo André. Um dos campeões em entrar em cana! Em 79, após panfletarmos desde as 4 da manhã, reivindicando um refeitório para a sede da empresa em Mauá, vi quando dois agentes da ditadura se aproximaram dele em pleno horário de trabalho. Os agentes pediram para ele os acompanhar de maneira discreta, mas Isaías disse que só sairia dali algemado, e assim foi feito. E aproveitou para gritar e denunciar a ditadura, com punhos cerrados, enquanto era retirado de seu local de trabalho. Por sorte, fomos liberados logo. Também com ele estive preso no DOPS, no 17º dia de greve de 1980. O regime  ditatorial foi pegar cada um de nós dirigentes em nossas casas, às 6 hs da manhã, incluindo Lula e vários diretores dos sindicatos da região do ABC. Quase um mês em cana dessa vez. Mas não foi de todo ruim. Djalma Bom passava o dia cantando e contando piada.

Com Sílvio Zanin, fundamos o Diretório do bairro da Liberdade, que depois virou diretório da Bela Vista. Desse fundador terei que abri uma exceção e um parêntese um pouco mais longo. Apesar de meu pouco tempo de militância no PT (a partir de 2015), Sílvio é o único dos entrevistados que tenho “histórias reais” para contar ao seu lado. Fundamos um núcleo para lutar contra o golpe contra a Dilma tão logo me filiei. Fomos há dezenas de atos entre os anos de 2015 e 2016, pequenos, médios e grandes, incluindo uma corrida de rua na Moóca, às 7 hs da manhã de domingo, em que não nos preocupamos em correr todo o percurso mas em cruzar “algumas vezes” a linha de chegada erguendo uma faixa enorme do Lula. As faixas que levávamos aos atos eram cuidadosamente trabalhadas, confeccionada como muito trabalho de nossos valorosos membros e com o dinheiro que arrecadávamos da venda de camisas “anti-golpe”. Um núcleo de base no seu sentido exato (histórico, por assim dizer). Com o golpe já consolidado, em 2017 montamos uma chapa independente para concorrer ao diretório nacional, que defendesse a anulação do golpe (e não as “Diretas Já”, palavra de ordem predominante naquele momento). Viajamos para Brasília por conta para a Etapa Nacional do Congresso, sem direito nem mesmo ao vale-refeição dos delegados. Junto com outras militantes de Brasília e do Rio de Janeiro, também defensoras da “anulação”, panfletados e conversamos acredito que com todos os 600 delegados. Sílvio defendeu nossa tese nos 10 minutos que tínhamos direito. No entanto, não recebemos um único voto

Simão Pedro, muito antes de se tornar deputado estadual por 3 legislaturas, estava comigo e o  Agenor também participando da fundação da Associação dos Mutuários da Cohab 1 e o Núcleo Petista da Cohab. Mas foi apenas com o Simão e mais um grupo de missionários da igreja que parti para a América Central conhecer experiências da recém-vitoriosa Revolução na Nicarágua. Colhemos experiências mas também colhemos café, para dar nossa contribuição voluntária à causa revolucionária dos nossos hermanos.

João Avamileno, ex-prefeito de Santo André. Valoroso companheiro da Pirelli, foi com ele que participamos de nossa primeira greve, em maio de 78, após uma década de descenso operário em virtude da atuação da linha-dura da ditadura e das direções pelegas instaladas nos sindicatos, coniventes com o regime opressor. A greve da Pirelli estourou poucos dias após a greve da Scania, a primeira dirigida pelo chamado “Novo Sindicalismo”. Estivemos juntos também em um momento histórico da história do partido: os debates e a formulação, no sindicato dos metalúrgicos de Santo André, da tese apresentada no IX Congresso dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, na cidade de Lins. Nesse documento (que João ainda guarda o original datilografado de 41 anos atrás, assim como sua pastinha de delegado) se encontrava várias proposições para a luta sindical que travávamos no período. E entre elas, a formação de um partido dos trabalhadores, tese que conseguimos aprovar no congresso!

Com a companheira Ana Maria participei de uma ocupação do escritório de um interventor da APEOESP, o pelego Paulo Zingg, que ficava compulsoriamente com nossas contribuições sem cumprir sua obrigação de defender a categoria. Também com a Ana, na campanha do Suplicy em 1992 e como delegados do PT na apuração, tivemos que passar a noite em claro ao lado das urnas para que os fiscais malufistas não tentassem fraudar nossa sessão.

Companheiro Roberto Carlos, físico da USP. Militamos juntos nos núcleos de militantes petistas, inclusive do CRUSP. Com um trabalho bastante meticuloso, conseguimos montar a Chapa “Barricadas” agrupando todos os grupos petistas da USP e ganhamos o DCE, que se tornara hegemônico de militantes petistas na direção pela primeira vez!

Companheiro Vilson de Oliveira, líder comunitário da região do Itaim Paulista, zona leste. Fizemos boca de urna para a eleição de “Lula Governador” e fundamos o “Núcleo Jardim Romano”. Militamos juntos na “Associação de Moradores”, levando todas nossas demandas do bairro para os administradores. E com isso conseguimos muitas ruas asfaltadas no governo Erundina (o que praticamente não existia em nosso bairro) e um posto de saúde e um CEU no governo Marta Suplicy, graças também a presença contínua do nosso vereador Zelão, também morador da comunidade.

Companheiro Osvaldo Martines Bargas. Se numa greve são necessários oradores inflamados que mobilizem sua categoria, tão importante quanto são os estrategistas desse processo, o cérebro pensante. E esse cérebro grevista é o do Osvaldo. Dei-lhe uma empresa de 10 ou de 10000 funcionários que ele a paralisa. Em contrapartida, passou a ser visado. Estive presente em suas duas demissões, em 78 (na Volks) e em 79 (em uma fábrica de garrafas de Diadema). Gostava de agir, preferencialmente, nos banheiros na hora do almoço, onde distribuía seus boletins camuflados, até que a direção da Volks colocou vigilantes à paisana para pegá-lo. Mas o momento mais marcante, diria até, o mais “revolucionário” de nossas vidas, foi no histórico 1º de maio de 1980, quando nos unimos a cerca de 50 mil trabalhadores e familiares e vencemos a resistência de milhares policiais armados com metralhadoras, blindados e helicópteros. No trajeto entre a igreja matriz e o campo da Vila Euclides, pessoas nos edifícios jogavam papel picado para nos encorajar, diante daquele cenário em que um massacre poderia ocorrer a qualquer momento. Não houve massacre. Os milhares de militares que barravam nosso acesso ao campo tiveram que debandar, diante da irredutível persistência da multidão em realizar o seu ato, em uma das maiores vitórias já registradas da classe trabalhadora brasileira. Mas o nosso amigo Osvaldo não saiu totalmente “incólume” desse dia glorioso. Diante de tamanha emoção pelo ocorrido, perdeu (literalmente) a voz por algumas horas.

Minha 13ª companhia foi a da companheira e ex-vereadora Tereza Lajolo, eleita em 1982 para a nossa primeira bancada da Câmara Municipal de São Paulo. Contudo, muito antes de se tornar vereadora, estive com ela no CRUSP em dezembro de 1968, quando tanques militares do exército junto com cavalaria e artilharia pesada invadiram o campus e apontarem seus canhões para os nossos prédios. Cada tanque para um prédio. O AI5 estava ali, declarando guerra contra os estudantes, esvaziando todos os prédios da moradia estudantil da universidade e levando presos todos esses estudantes para o presídio Tiradentes. Também com a Tereza estive nas reuniões do Clube de Mães da Brasilândia e nas disputadas assembleias da associação de moradores do bairro. Em algumas dessas reuniões discutimos e definimos nossa entrada no PT. E em 1982 escolhemos a Tereza como nossa candidata da comunidade.

Com Paulo Skromov estive em tantas e tantas situações que será muito difícil escolher quais para narrar. Poucas pessoas estiveram tão comprometidas com a formação de um partido dos trabalhadores como ele. Militante trotskista engajado desde meados dos anos 60. Sindicalista do ramo dos couros a partir dos anos 70. Autodidata nos estudos dos clássicos revolucionários, sua formação aumentava a cada luta que se embrenhava e criar um partido da classe trabalhadora virou-lhe uma obsessão, mesmo que para isso tivesse que ter passado e cindido com várias organizações clandestinas. Faltava conhecer alguém que desse mais força a esse propósito. E em uma reunião da diretoria do DIEESE não faltou mais: conhecia ali o presidente dos metalúrgicos do ABC, o Lula. Durante as greves dos metalúrgicos, nos dias de assembleias, eu acompanhava os dois sindicalistas caminhando pelas ruas de São Bernardo do sindicato até a Vila Euclides. Éramos sempre os primeiros a chegar no campo, mesmo parando em alguns botecos pelo caminho. No alto de um morro, com vista para todo o campo, Skromov sempre dizia coisas importantes sobre a conjuntura e a greve, que eu e o Lula anotávamos na mão mesmo com uma caneta bic. Mais tarde, quando houve a intervenção do sindicato e o Lula havia sumido por dois dias, conseguimos descobrir o seu paredeiro. E fomos eu, Skromov e mais um grupo de sindicalistas, espremidos dentro do fusca do sindicato dos coureiros, até a presença do maior líder sindical da história do país. Poucas horas depois, Lula reassumia a direção da greve. Não custa lembrar: também estive ao lado do Skromov, em 10 de fevereiro de 1980, quando ele dirigiu os trabalhos na assembleia de fundação do PT, no Colégio Sion.

Meu companheiro seguinte, Júlio Turra, é conhecido por ser há décadas um destacado e combativo líder sindical da CUT. Mas assim ainda não o era quando o conheci. Ele era uma liderança estudantil que cursava Ciências Sociais da USP. Militante trotskista, junto com outra liderança, o estudante de economia Markus Sokol, unificaram seus grupos e constituíram a organização estudantil “Liberdade e Luta”. Estive presente nessa reunião de três, eu como mero espectador, em que esse nome foi gestado. Com o Júlio estive em outras duas situações inusitadas. A primeira decorria da nossa situação: estávamos visados, já tínhamos sido presos. Então, nos primeiros atos públicos pós-AI5 (fora do campus), em 1977, estabelecemos uma “base operacional” para servir de apoio ao movimento. Lá, tínhamos um mapa do centro de sp com alfinetes e um rádio sintonizado na CBN. Nosso intuito era de sermos continuamente informados (muitas vezes, “mal informados”) de qual trajeto deveria a manifestação seguir sem que houvesse risco de repressão. Dirigentes estudantis que estavam nas manifestações, sempre com fichas telefônicas nos bolsos, nos ligavam de orelhões para conseguir de nós tais informações. Na segunda situação, conseguimos fugir das tropas do coronel Erasmo Dias no momento da invasão da PUC. Eu, o Júlio e mais dos militantes tivemos que ficar escondidos por mais de duas horas atrás de uma caixa d’água de uma casa vizinha, até que todas as viaturas e todos os ônibus da polícia lotados de estudantes presos fossem embora.

Falando em liderança estudantil, sem prejuízo dos demais, eis a maior de todas: José Dirceu. Também foi muito difícil escolher os momentos que estive ao seu lado. Mas fico com a célebre batalha da Rua Maria Antônia, quando resistimos heroicamente na Faculdade de Filosofia a invasão que sofremos dos fascistas armados do Comando de Caça aos Comunistas, sediados no Mackenzie. Ficou na minha memória o discurso inflamado do Dirceu após a batalha, com ele empunhando a camisa ensanguentada do estudante secundarista José Guimarães, assassinado com um tiro pelos fascistas. Também estive com ele em uma viagem “fake” de retorno ao país quando aprovada a lei de anistia. Detalhe: desembarcava devidamente armado. A lei de anistia ainda não lhe dava motivos suficientes para aposentar sua pistola. Ainda vivíamos sob a ditadura e Dirceu era um daqueles quadros que sempre tinha uma rota de fuga, um “plano B” preparado. Sobre o Dirceu, cabe aqui também mais uma observação. Hoje, 40 anos da fundação do PT, estamos todos nós, militantes desse partido, comemorando. Ele certamente também o estará. Mas a perseguição política que sofre desde os anos 60, salvo raros momentos, não diminuiu. Meu orientador chamou-o certa vez de um tipo “Robespierre”, o incansável. Um daqueles “imprescindíveis” do poema de Brecht. A ditadura não conseguiu acabar com ele. As elites tentam anulá-lo de toda forma, até hoje, mas também não conseguem. Se tomam os bens e a carteira de trabalho de alguém, mesmo que de militantes aguerridos, mas “humanos”, estes certamente ficarão bastante abatidos. Se fazem isso com Dirceu, ele arruma outra profissão, como a de escritor. Se nos prendem, muito provavelmente ficaríamos deprimidos e fora de combate. Se prendem José Dirceu, ele escreve um livro. Se o soltam, ele sai por todo o país, vendendo-o. Não há como derrotá-lo.

Meu próximo companheiro de militância é o ex-guerrilheiro Aton Fon Filho, da Ação Libertadora Nacional. Estive com ele em dois cursos de formação guerrilheira em Cuba, na serra Escambray e em Pinar Del Rio, onde não sabíamos (e nem podíamos saber) o nome e nem sobre nada da vida de ninguém. De volta ao Brasil, participamos de várias ações de guerrilha urbana, expropriando vários bancos e carros-fortes em SP e no Rio. Acabamos sendo presos e torturados. Mas, mesmo atrás das grades, ainda conseguimos planejar e executar mais uma necessária e urgente ação. O companheiro de armas Bacuri (Eduardo Collen Leite) era mantido em uma cela isolada e já estava sofrendo bárbaras torturas há meses. Era nítido que ele poderia não aguentar mais ou que já poderiam querer dar um fim nele de vez a qualquer momento. Em uma audiência militar, antes dela começar, jogamos no plenário panfletos denunciando o fato. A audiência foi adiada e fomos mandados para o Carandiru, para longe do Bacuri. E nossas suspeitas, infelizmente, se confirmaram. No fim do ano, o assassinaram para não ter que ser trocado pelo embaixador suíço, sequestrado no dia anterior ao da sua morte. Ainda sobre Aton, ele foi condenado há mais de 80 anos de cadeia e saiu em livramento condicional na anistia. Não pode se filiar nem participar diretamente da formação do PT pois estava com seus direitos políticos ainda suspensos. No entanto, prestou serviços na Assembleia Legislativa à liderança da bancada do PT, que havia acabado de aderir ao novo partido. E algum tempo depois, também à Câmara de vereadores de São Paulo, assim que foram empossados, em 1983, a primeira bancada do PT.

Finalmente, meu último companheiro dessa fantástica e fictícia jornada, Francisco Carvalho, nosso querido Chiquinho. Com ele frequentei as reuniões da Comunidade Eclesial de Base da Vila Ayrosa em Osasco, onde começamos a nos organizar por melhorias do bairro, cujas estratégias eram elaboradas praticando-se em nossas reuniões o exercício coletivo da tríade “ver, julgar e agir”. Também com Chiquinho militei durante mais de uma década dentro do movimento sindical na CUT e na tendência Democracia Socialista, organização que nos forneceu muita formação e que procurávamos repassá-la para a militância através da distribuição do jornal “Em Tempo”, que vendíamos continuamente nos atos da CUT e do PT que frequentávamos.

Essa é minha história que tenho para contar com esses aguerridos(as) fundadores(as) do PT! E que as novas gerações de militantes, atuais e futuras, do PT ou de quaisquer partidos ou organizações de esquerda, que visem um mundo melhor, possam se espelhar nesses e em outros grandes exemplos de militância que temos e que fazem parte da história do PT.

Maurílio Araújo é filiado do PT no Diretório Zonal do Centro na cidade de São Paulo e mestrando na USP

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