Mulheres afirmam compromisso com Lula por igualdade e reconstrução do Brasil
Mulheres de mais de 20 entidades entre movimentos sociais, populares e sindicais, além de partidos políticos de esquerda, participaram de uma reunião nesta quinta-feira, 10
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O encontro do ex-presidente Lula com mulheres de mais de 20 entidades entre movimentos sociais, populares e sindicais, e de partidos políticos de esquerda, de todo o Brasil marcou a manhã desta terça-feira, dia 10. Temas sobre a luta das mulheres brasileiras por seus direitos, pela reconstrução do país e de políticas de igualdade de gênero fizeram parte da reunião “Mulheres com Lula para Reconstruir o Brasil”.
A secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, abriu o encontro relembrando o golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Rousseff e o enfrentamento de diversos ataques instigados pelo ódio e pelo fascismo do governo de Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19.
“Não conseguiram nos calar. Estamos aqui reunidas, de cabeça erguida e prontas para reconstruir esse Brasil. Nós, mulheres do PT, e todas as companheiras de organizações aqui presentes não arredaram o pé um minuto de defender a sua honra (de Lula), o seu legado e a verdade. E hoje, estamos aqui para dizer que enfrentamos um período cruel e doloroso para as mulheres brasileiras. A fome, o desemprego, o despejo, a miséria batem primeiro na porta das trabalhadoras: chefes de lares, mães, mulheres negras, indígenas, LGBTs, quilombolas, ribeirinhas, do campo, da cidade, da floresta e das águas”.
Anne destacou a luta das mulheres nas ruas contra o desgoverno de Bolsonaro, as trabalhadoras da saúde, uma das maiores conquistas da redemocratização, que é o Sistema Único de Saúde (SUS), relembrou a maior eleição da bancada feminina na Câmara Federal, em 2018, e a quantidade de mulheres que ingressaram no legislativo, eleitas em 2020.
“Estivemos nas ruas em todos os atos de resistência contra o governo, por democracia, comida no prato e vacina no braço. E agora, em 2022, vamos levantar nossas vozes mais alto e mostrar ainda mais a nossa força. Como agora no 8 de março. Não fomos nós que colocamos Bolsonaro no poder. Mas será pelas mãos das mulheres que ele vai cair. Aqui, somos mulheres, unidas e diversas, para reconstruir o Brasil e abraçar o futuro”.
Eleonora Menicucci, ex-ministra da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres no governo de Dilma Rousseff, ressaltou o legado do PT na melhoria de vida e na construção das mais importantes políticas públicas para as mulheres. Disse ainda que a luta engloba três fundamentais questões: para trabalho igual, salário igual; o silêncio é cumplice da violência; e nosso corpo nos pertence: saúde integral, direitos sexuais e reprodutivos.
Geração de emprego e política de cuidados
Representando a Marcha Nacional de Mulheres (MNM), Sônia Coelho – Soninha – falou sobre a necessidade de reverter os retrocessos nas políticas sobre o trabalho com a geração de emprego com qualidade, de renda básica para reconstruir o país para toda a população, principalmente negra, e na redução da jornada de trabalho, pois muitas mulheres estão sobrecarregadas. Além disso, Soninha ressaltou a importância de apoiar a economia solidária.
“Queremos a revogação da reforma trabalhista, ampliar a previdência social para todas as mulheres, assegurar uma política de cuidados como o Chile e a Argentina, que valorizam o trabalho das mulheres e a sustentabilidade da vida”.
Soninha citou os avanços em direitos sexuais e reprodutivos na América Latina e que o Brasil precisa acompanhar. Além disso, enfatizou a necessidade de fortalecimento do SUS e a revogação do teto de gastos.
“Precisamos urgente restaurar e promover processos democráticos, com uma democracia participativa. Por isso, os movimentos sociais são importantes. Confie nos movimentos, no feminismo e nas mulheres”.
Acolhimento e afeto na democracia
Representando a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Elisa Aníbal ressaltou as políticas universais de acolhimento e afeto para as mulheres, que permeiam a dignidade e a verdadeira democracia.
“Não existe democracia se não for feita para as mulheres, pensada para as mulheres e construída por mulheres. A democracia precisa permear nossos corpos e ser livre de violências. A revolução vai acontecer a partir das mulheres do feminismo”.
“Não estamos lutando para resistir e sim para existir”
Natália Szermeta, do Movimento Trabalhadores Sem Teto (MTST), lamentou os retrocessos do governo de Bolsonaro, que a seu ver destruiu o Brasil com o retorno da miséria e da pobreza.
Conforme Natália, a sociedade brasileira está vivendo em um país destruído, não somente sem governo, mas em um país que destruiu tudo o que havia sido conquistado. “Dezenas de mulheres estão despejadas e morando nas ruas. O ano de 2022 é a possibilidade que temos de recuperar a dignidade do nosso povo, do nosso país”.
“É preciso retomar a presidência para que possamos enquanto movimento social continuar na construção e no avanço da democracia. Porque não estamos lutando para resistir e sim para existir, e temos de retomar os programas de habitação desse país. Não existe democracia nem liberdade nem autonomia se não tivermos onde morar, onde sermos abrigadas quando somos violentadas. Precisamos de políticas públicas que ajudem essas mulheres”.
O evento também contou com a participação da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann; da coordenadora geral da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas, Luiza Batista; da ex-ministra da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, Eleonora Menicucci; da diretora de mulheres do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Done Nice; da companheira de Lula, Janja; e de mais de quatro mil mulheres que acompanharam o encontro virtualmente.
Confira abaixo as frases de outras participantes do encontro:
Symmy Larrat, – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Trans (ABGLT)
“Governo genocida tira, dia a dia, o que havíamos conquistado. O debate e a narrativa dos genocidas são de cunho moral. Não podemos recuar nem temer. Para vencermos, é preciso entender que o debate das mulheres de gênero e sexualidade é estruturante. Existe um caminho pra vencermos esse debate moral burguês, é com mais mulheres ocupando a política. Queremos chegar igual, com tamanho, qualidade e diversidade de todas as mulheres representadas”.
Lucinéia Freitas – Movimento Sem Terra (MST)
“Vivemos mais de uma pandemia, além da Covid. Vivemos a pandemia de violência no campo, de violência contra as mulheres, contra a população negra e indígena. O enfrentamento a essa pandemia é desmontar toda a legislação da boiada, que foi montada nesse período e repensar o campo a partir da reforma agrária e não reforma agrária como política social, mas como política estruturante do desenvolvimento desse país”.
Selma Dealdina – Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq)
“As comunidades quilombolas se somam às caminhadas com o presidente Lula. Temos sofrido violações pelo desgoverno de Bolsonaro, da não titulação dos nossos territórios e do sucateamento das instituições públicas como Fundação Palmares”.
Michela Calaça, do Movimento de Mulheres Camponesas
“Estamos todos os dias lutando contra todos os retrocessos. Continuamos na luta em defesa da vida. Defendemos a vida das mulheres, da natureza e do planeta. É o mote principal do MMC”.
Juneia Batista, da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
“Temos de reconstruir o Brasil com Lula na presidência. Reconstruir a democracia, a soberania e os direitos da classe de trabalhadores, que estão sofrendo muito com a reforma trabalhista que retirou todos os nossos direitos”.
Celina Alves, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
“Queremos o fim da lei das terceirizações, queremos o fim da reforma trabalhista, imoral e indecente, o fim do desmatamento da Amazônia, do desmonte dos serviços públicos (conseguimos barrar a PEC 32!), da mineração nas terras indígenas, da carestia, fome, da pobreza e da violência de gênero”.
Iêda Leal – Movimento Negro Unificado (MNU)
“Nós, negros e negras, não vamos abrir mão de continuar construindo um país que o Lula começou”.
Vanja Santos – União Brasileira de Mulheres (UBM)
“Somos 52% da população brasileira e lutamos ao longo da história pelos nossos direitos. Vínhamos acumulando vitórias importantes no seu governo (de Lula), quando tivemos tamanhas conquistas. Nos governos de Temer e Bolsonaro, vimos nossos direitos serem atacados e diminuídos. As mulheres foram as que mais sofreram violência durante a pandemia, na rua, na miséria. É uma vergonha, porque o Brasil tinha saído da pobreza. Isso dói muito”.
Mazé Morais – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)
“Vivemos um momento muito desafiador, de uma conjuntura diversa. A pandemia afetou o nosso modo de vida, com violência, redução de renda, sobrecarga de trabalho, ausência de políticas públicas, negação dos direitos, destruição da natureza, acirramento do machismo, do racismo e do aumento da desigualdade, que tem passado de forma danosa nas nossas vidas”.
Confira, abaixo, a galeria de fotos do encontro:
Da Redação