Nas ruas, chilenos comemoram dois anos dos protestos pela nova Constituinte

Em outubro de 2019, a revolta popular contra o atual modelo social do Chile durou quatro meses e foi reprimida violentamente, mas resultou na redação de uma nova Constituição

Os chilenos foram às ruas da capital Santiago e em outras localidades para comemorar o segundo aniversário dos protestos por mais justiça social realizados em outubro de 2019 e que duraram quatro meses, mas resultaram na decisão de se redigir uma nova Constituição para o país. Atos também foram registrados na cidade portuária de Valparaíso, em Antofagasta, ao norte, e nas cidades de Concepción, Chillán e Punta Arenas, ao sul.

Em Santiago, milhares de manifestantes – a maioria jovens – caminharam rumo à Praça Itália que fica no centro e que foi batizada por eles de praça Dignidade, local que foi palco dos confrontos de outubro de 2019 que deixaram 34 mortos e cerca de 500 pessoas sofreram lesões oculares, devido à ação violenta das forças de segurança enviadas pelo governo chileno. A violência da polícia chilena durante os atos de 2019 provocou uma série de críticas na comunidade internacional.

Em 2019, as primeiras manifestações ocorreram após o aumento do preço das passagens do metrô de Santiago, mas rapidamente a revolta se estendeu contra o próprio modelo econômico chileno, que sempre favoreceu uma elite, com a ausência do Estado nas questões sociais, como educação, saúde e pensões, modelo esse herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

As manifestações de agora comemoram o que parte da população chilena considera o grande despertar dos cidadãos, após 30 anos da retomada da democracia que teria proporcionado progresso macroeconômico, mas que não prioriza temas sociais.

Durante a comemoração dos dois anos dos protestos, ao passar em frente ao palácio presidencial La Moneda, que fica a poucos quilômetros da Praça Itália, os manifestantes repetiram palavras de ordem contra o governo direitista do presidente Sebastián Piñera. Foram registrados alguns confrontos de manifestantes encapuzados com a polícia que lançou bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água contra o grupo.

Nova Carta Magna

A comemoração pelos chilenos do segundo aniversário da “convulsão social” ocorreu justamente quando se dá início à redação de uma nova Constituição, processo institucional que começou em novembro de 2019, através de plebiscito, como resultado concreto da revolta popular contra um modelo social considerado injusto e pela vontade de 19 milhões de chilenos por um “novo pacto social”.

Na segunda-feira (18), a Convenção Constitucional já começou a tratar de temas de fundo, que serão incorporados aos artigos da nova Carta Magna, depois de mais de 100 dias que foram destinados aos seus regulamentos internos.

Os atos comemorativos dos dois anos da revolta popular no Chile ocorreram em meio à campanha das eleições de 21 de novembro, quando será eleito o sucessor do presidente Sebastián Piñera e também o Congresso Nacional será renovado.

O novo governante assumirá o cargo em 11 de março de 2022 e a atual Constituição será substituída se for aprovada em um plebiscito que também será realizado também no próximo ano.

A nova redação vem sendo debatida pelos 155 membros da Convenção Constitucional, que tem paridade de gênero, algo inédito no mundo, e também conta com 17 assentos que foram destinados aos povos originários do Chile. A Convenção é presidida inclusive por Elisa Loncón, uma mulher indígena mapuche.

Da Redação, com Agências

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