Nota de repúdio às declarações da ministra Damares Alves

“Exigimos que tirem seus rosários de nossos ovários, com sua tentativa de controlar nossos corpos e nossa sexualidade. O corpo é nosso!”

O Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas para as Mulheres – NAPP Mulheres, vem repudiar as declarações feitas pela Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, em evento da Conferência de Ação Política Conservadora – CPAC Brasil, no último dia 12 de outubro.

Iniciou seu discurso com a preconceituosa e violenta frase: “Estou aqui há 24 horas e ninguém me ofereceu ainda um cigarro de maconha e nenhuma menina introduziu um crucifixo na vagina”. A afirmação traduz a ideologia formulada pela extrema direita internacional sobre a esquerda, que denominam “marxismo cultural”. Orientam seu combate aos movimentos de luta pelo meio ambiente, de cultura, de juventude, população negra, LGBTQI+ e, sobretudo de mulheres – a autonomia conquistada pela luta das mulheres estaria desintegrando a família e as crianças e adolescentes estariam supostamente se desviando sexualmente e se tornando usuárias de drogas. Articulam ataques orquestrados contra esses movimentos e contra toda a população mundial.

Tirem seus rosários de nossos ovários

A autonomia da mulher sobre o próprio corpo é pauta fundamental para os movimentos feministas. O direito ao exercício livre da sexualidade, historicamente negado às mulheres, é uma reivindicação muito importante, ao lado da legalização do aborto, em prol da vida e do direito de escolha da mulher. Exigimos que tirem seus rosários de nossos ovários, com sua tentativa de controlar nossos corpos e nossa sexualidade. O corpo é nosso!

Escancaramos os armários

Apesar do Brasil ser o país que mais mata LGBTQI+ no mundo, os dados mostram que cada vez mais pessoas, sobretudo jovens, têm a coragem de aceitar e assumir quem são. Meninas, meninos e meninas vestem a cor que quiserem e as crianças, adolescentes, jovens e adultos devem ter sua identidade de gênero e orientação sexual respeitada. A violência e o ódio pautados pelo governo federal não serão capazes de suplantar o amor, amor pela outra pessoa ou amor próprio.

Toda solidariedade a Jean Willys 

Exprimimos toda nossa solidariedade a Jean Willys, que, como se não bastasse as perseguições sofridas que o levaram a sair do Brasil, foi atacado na fala de Damares Alves. Com o discurso ideológico de que Jean Willys teria apresentado projeto de lei de legalização das drogas para beneficiar traficantes, a Ministra quer encobrir os dados alarmantes de genocídios, violência de Estado e encarceramento que a política de guerra às drogas e apologia à violência de seu governo promove.

Falsa proteção

Depois de acusar os povos indígenas de infanticidas e dizer que “respeita, mas não promove” pessoas LGBTs, a Ministra ainda quis sustentar que seu governo promove “proteção” a todos. A afirmação é absolutamente contraditória com o ataque aos direitos sociais e o desmonte de políticas públicas promovidos pelo seu governo. O congelamento do salário mínimo, a reforma trabalhista, a tentativa de reforma da previdência, o desmonte das políticas de combate à violência contra as mulheres, entre muitas outras ações do governo federal, têm como consequência a volta de milhões de pessoas no Brasil à miséria e pobreza, o desemprego e o aumento escalonado da violência e ao do feminicídio.

Quando se refere a mulheres, população negra, povos indígenas, LGBTs, crianças e adolescentes, não há dúvida de que este governo não tem como objetivo sua proteção, mas, sim, o controle de seus corpos, e que suas políticas só produzem desamparo, doença e morte.

“Eles” vão voltar

Ciente do enraizamento social da esquerda e do bom senso da população, Damares Alves pregou pela reeleição de Bolsonaro, sustentando que fiquem 12 anos no poder, pois caso contrário, “eles” vão voltar. Que fique entendido, a resistência contra a colonização, escravidão, patriarcado e capitalismo se fortalece a cada dia.

Não vamos embora e não assistiremos caladas a destruição do país. Agora é que são elas!

Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas para as Mulheres – NAPP Mulher

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