Nova cepa identificada em pelo menos 10 estados  agrava crise sanitária

Brasil ultrapassa 240 mil mortes com alto platô de mais de mil vítimas fatais diárias por quase 30 dias, enquanto o mundo apresenta queda de 10% de óbitos na última semana, segundo a OMS. Estados sofrem por falta de vacinas e variação do vírus ameaça controle do surto. “Manaus tem o potencial para se tornar um risco global”, alerta a especialista da OMS, Cristiana Toscano. Confederação Nacional dos Municípios (CNM) pede demissão de Pazuello

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O descontrole da pandemia de Covid-19 no Brasil preocupa especialistas, especialmente porque a nova cepa do vírus já foi detectada em pelo menos dez estados. Nesta semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou  uma queda de 10% nos óbitos mundiais registrados por semana, cerca de 81 mil vítimas fatais. No Brasil, no entanto, a alto platô de mortes foi mantido, com pequenas variações de 1% para mais ou menos nas últimas semanas. Com o registro de 1.090 mortes nas últimas 254 horas, o Brasil ultrapassou 240,9 mil óbitos e 9,9 milhões de contágios. Além disso, alguns estados estão interrompendo suas campanhas de vacinação por falta de doses.

A consequência poderá ser o surgimento de mais variantes do vírus no segundo semestre. O alerta é da professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, Cristiana Toscano, em entrevista ao colunista do UOL, Jamil Chade. Além do Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina e São Paulo registraram infecções pela nova cepa, com potencial de maior transmissibilidade.

“Manaus tem o potencial para se tornar um risco global, além de estar enfrentando uma situação epidemiológica que representa um fiasco das ações de saúde pública local e nacional”, afirmou a cientista, a única brasileira a fazer parte do Grupo Estratégico Internacional de Experts em Vacinas e Vacinação da OMS.

Segundo informou o colunista, o alerta da cientista coincide com o diagnóstico da OMS de que a nova cepa do vírus identificada em Manaus já é predominante. Se não forem contidas, as mutações poderão arruinar o controle do surto no mundo.

“Teríamos de ter um controle maior da porcentagem de quantos casos de covid-19 são por essa variante P.1 [de Manaus], que é de preocupação”, advertiu a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Monica Levi, ao ‘Estadão’. “Ela pode ter comportamento semelhante à variante encontrada na África do Sul, sendo mais resistente aos anticorpos tanto de quem já teve a doença quanto de quem está sendo vacinado”, disse.

Governadores cobram vacina

Nesta quarta-feira (17), os governadores se reúnem com o ministro da Saúde Eduardo Pazuello para cobrar da pasta celeridade na aquisição de imunizantes e insumos necessários ao combate à pandemia. O governador da Bahia Rui Costa criticou o que chamou de “insensibilidade para com a vida humana” da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e sua “burocracia incompreensível”.

“Todos os dias morrem mais de mil pessoas no Brasil, ontem alcançamos a marca de 240 mil mortos e a Anvisa continua com sua lentidão junto com o governo federal”, acusou Costa, em entrevista para a ‘TV Record’.

“Não fez pré-contrato, não se preparou, não discutiu anteriormente com os laboratórios. Agora que as vacinas existem, ainda coloca um sem número de exigências, de burocracia. As vacinas vem a conta gotas e acabam rapidamente”.

Demissão de Pazuello

O agravamento da crise tornou a situação de Pazuello na pasta cada vez mais difícil. Na terça-feira (15), A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou uma nota afirmando ser “necessária, urgente e inevitável” a saída do ministro da Saúde. A entidade acusa a pasta ainda de ignorar pedidos de audiência e não fornecer informações.

“Por considerar que a vacinação é o único caminho para superar a crise sanitária e possibilitar a retomada do desenvolvimento econômico e social e por não acreditar que a atual gestão reúna as condições para conduzir este processo, o movimento municipalista entende necessária, urgente e inevitável a troca de comando da pasta para o bem dos brasileiros”.

Da Redação, com informações de ‘UOL’ e ‘Estadão’

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