Oferta de vacinas atrasa novamente, pela sexta vez

País é o 72º entre 190 nações e territórios em percentual de vacinados, contrariando a propaganda enganosa do governo e seus apoiadores

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Atraso de vacinas

Já virou rotina. Mais uma vez o Ministério da Saúde (MS) reduz a previsão de oferta de doses de vacinas contra a Covid-19. É o terceiro corte consecutivo apenas em junho. Desde março, já houve seis modificações para baixo no cronograma publicado pelo ministério. Conforme documento publicado no site do Ministério da Saúde na noite desta quarta-feira (9), a estimativa agora é de 37,9 milhões de doses para este mês.

Em 19 de março, poucos dias antes da posse de Marcelo Queiroga no posto de Eduardo Pazuello, o MS chegou a prever 56,5 milhões de doses de vacinas para junho. A previsão foi sendo reduzida desde então, e a queda se acelerou nas últimas três semanas. O total caiu dos 52,2 milhões iniciais para 43,8 milhões, depois 39,9 milhões e finalmente os 37,9 milhões de agora.

O MS informou que o declínio foi motivado por uma redução quase pela metade do total de doses de vacinas da AstraZeneca que o Brasil receberia do consórcio Covax Facility, coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dos 4 milhões esperados para este mês, apenas 2,073 milhões de doses devem ser entregues nos dias 28 e 29 de junho. A outra metade deve chegar nos primeiros dias do próximo mês.

Nas semanas anteriores, as reduções na previsão de junho ocorreram com doses da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan, devido a atrasos no recebimento dos insumos usados na produção das vacinas. Causados principalmente pela insistência de Jair Bolsonaro e seus acólitos em atacar a China, onde é produzido o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) dos medicamentos.

O ministério da Saúde tem informado que o cronograma pode ser alterado por variáveis como não recebimento de insumos, questões logísticas, atraso em entregas de doses prontas e falta de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Além dos atrasos de junho, Queiroga já adiantou problemas futuros à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado Federal. “Nós vamos ter alguma dificuldade em julho e agosto, mas o Ministério da Saúde tem acerto com a AstraZeneca para fornecer IFA até que a Fiocruz possa produzir vacinas suficientes com IFA nacional”, explicou aos parlamentares.

País patina no ranking de vacinas

Segundo o MS, já foram distribuídas 105 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 aos estados e ao Distrito Federal. O resultado torna o Brasil o quarto país em número total de doses no ranking global de dados oficiais compilados pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. Patamar esperado para a sexta nação mais populosa do mundo, com 212 milhões de habitantes.

Levando-se em consideração o tamanho da população, no entanto, o resultado é bem diferente. Até 9 de junho, o Brasil havia aplicado pelo menos uma dose em 23% da população. Isso coloca o país em 72º lugar no ranking de 190 nações e territórios.

Na América, o Brasil figura em 15º lugar. O país mais bem posicionado do continente é o Chile, que aplicou pelo menos uma dose em 58% da população. No ranking da proporção da população que recebeu duas doses, o Brasil (10,8%) aparece em 74º no mundo e 18º na América.

No quesito velocidade de doses aplicadas diariamente por um milhão de habitantes, o Brasil (3.094) aparece em 89º no mundo e 13º na América. O ritmo tem caído: em meados de maio o Brasil aplicava 4.207 doses por um milhão de habitantes. Desde fevereiro, o país leva de 12 a 14 dias para aplicar 10 milhões de doses contra a covid-19.

Segundo reportagem da ‘BBC News Brasil’ com base em dados do Ministério da Saúde, o país tem capacidade instalada de vacinar 2,4 milhões de pessoas por dia. Já chegou a vacinar 18 milhões de crianças em campanha contra a poliomielite e 88 milhões de pessoas em três meses na pandemia de H1N1, em junho de 2010.

Estudo recente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) demonstrou que o Brasil precisa vacinar 2 milhões de pessoas por dia para controlar a pandemia em até um ano. Mas desde o início da campanha de imunização contra a Covid-19, em 17 de janeiro de 2021, o Brasil só superou dez vezes a marca de 1 milhão de vacinados em 24 horas. A China tem vacinado 20 milhões por dia.

Da Redação

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