Cida, na ONU: “Se não tivermos paridade, não teremos democracia no mundo”

Na Assembleia Geral das Nações Unidas, ministra das Mulheres participou de diversas agendas em NY e apresentou medidas do governo brasileiro como a lei que prevê a igualdade salarial entre mulheres e homens

Ascom/MMulheres

Cida Gonçalves destacou que, no Brasil, a violência política de gênero tem sido um grande obstáculo à permanência das mulheres da política

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participou de uma série de agendas em Nova Iorque (EUA) realizadas no âmbito da 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, ocorrida nesta terça-feira (19). As reuniões cumpriram a função de retomar as políticas brasileiras para o fortalecimento dos direitos das mulheres e meninas e o enfrentamento a todas as formas de discriminação e violências, em especial a misoginia.

A primeira agenda da ministra foi a Roda de Conversa no Pacto Global da ONU, que ocorreu na última sexta-feira (15). Na atividade, Gonçalves participou do Painel sobre Igualdade de Gênero e Igualdade Salarial 2023: Percepções do Sul Global, e foi a representante do Brasil. Ela falou sobre as políticas do governo brasileiro para o enfrentamento à desigualdade salarial e remuneratória entre mulheres e homens e os dados deste cenário no Brasil.

Ela destacou a aprovação da Lei nº 14.611, que prevê salário e remuneração igual para trabalho de igual valor, apresentada pelo presidente Lula em 8 de março e sancionada no dia 3 de julho deste ano.

Segundo o Ministério das Mulheres, Goncalves destacou que a lei não é o bastante para transformar a realidade brasileira: “O Estado precisa construir políticas públicas para dividir o trabalho do cuidado, que envolve as crianças, os idosos, as pessoas enfermas e os trabalhos domésticos e hoje recai de forma desproporcional sobre as mulheres. Além disso, é preciso promover o debate para uma mudança de comportamento na sociedade sobre esse tema, a fim de mudar a visão sobre a divisão sexual do trabalho”, disse a ministra.

Mais cidades com mulheres na liderança 

Outra agenda que contou com a participação da ministra foi o projeto das Nações Unidas Women Led Cities – Cidades Lideradas Mulheres. A iniciativa é uma parceria global entre lideranças do setor público e privado que traz as mulheres para a vanguarda do planejamento das cidades e promove a igualdade de gênero em posições de liderança. 

Durante a sua fala, a ministra destacou que, no Brasil, a violência política de gênero tem sido um grande obstáculo à permanência das mulheres da política: “As vereadoras não querem mais ser candidatas, querem sair agora.”

Segundo a ministra, para uma cidade ser considerada inclusiva para a mulher, ela deve ter uma série de itens como iluminação pública adequada, rodovia, transporte seguro, onde as mulheres não sofram com assédios e importunações sexuais. Ela destacou também a importância da unidade de todos e todas para garantir a presença das mulheres na política.

“Nós precisamos discutir a cidade como um todo para as mulheres. Mas nós também precisamos pensar como é que as mulheres podem ser as líderes. Nós precisamos incentivar e trabalhar para que isso aconteça.  A primeira coisa que eu queria trazer de proposta é que esse grupo e a ONU nos ajudem a discutir a questão das cotas para as mulheres nos parlamentos e nos lugares”, pontuou.

A ministra ainda defendeu a adoção de um plano para assegurar que as mulheres consigam chegar aos cargos de poder e lá permanecer: “Portanto, nós precisamos ter uma estratégia que garanta às mulheres chegarem no lugar de poder e permanecerem nesses espaços. Porque, se não tivermos paridade, nós não vamos ter democracia no mundo, e é essa a discussão que nós fazemos no Brasil. Se as mulheres não tiverem poder de voz  e não tiverem condições de fazer isso, nós também não vamos ter democracia, nem cidadania e justiça social.”

Por fim, ela lembrou que ano que vem serão realizadas eleições municipais no Brasil. Segundo a ministra, dos 5.570 municípios, aproximadamente mil não têm sequer uma vereadora. “Se nós queremos cidades líderes para as mulheres ou as mulheres líderes da cidade, nós precisamos ter estratégia para que as mulheres possam, de fato, ser líderes. O nosso desafio é eleger o maior número de prefeitas e de vereadoras. E o desafio que eu coloco é não ter só uma, nós precisamos ter duas para que a solidão não seja o espaço das Câmaras Municipais e dos lugares da política”, obserou.

“As mulheres não podem ir para a política para ficarem silenciadas. Então, a cidade precisa ser construída para as mulheres, com a inclusão das mulheres, com o olhar das mulheres, mas elas precisam liderar essas cidades, elas precisam liderar os espaços de política pública”, defendeu Cida.

Igualdade de gênero é defendida por Lula 

Durante seu discurso de abertura, o presidente Lula destacou a aprovação da Lei da Igualdade Salarial e Remuneratória e revelou ao mundo o compromisso brasileiro no enfrentamento ao feminicídio: “Inspirados na brasileira Bertha Lutz, pioneira na defesa da igualdade de gênero na Carta da ONU, aprovamos a lei que torna obrigatória a igualdade salarial entre mulheres e homens no exercício da mesma função. Combateremos o feminicídio e todas as formas de violência contra as mulheres.”

Cida Gonçalves integrou a comitiva presidencial durante a abertura da 78ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, aberta pelo presidente Lula nesta terça-feira (19). Ela também terá agendas junto com Janja Lula da Silva, como o Encontro de Mulheres Elas Lideram, e fará uma visita ao Consulado Geral do Brasil em Nova Iorque, onde são recebidas mulheres brasileiras em situação de violência.

Da Redação do Elas por Elas, com informações do Ministério das Mulheres 

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