Para Lula, empresários são peças-chave para a integração da América Latina

O ex-presidente participou do encerramento do Fórum América Latina e Caribe Global 2014 onde defendeu que o desenvolvimento econômico da região aconteça com inclusão social

LULA SP 1

Lula participou do encerramento do Fórum Empresarial: América Latina e Caribe Global 2014, no qual reforçou a ideia de crescimento econômico aliado à inclusão social

Em discurso sobre a integração do comércio da América Latina, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de um fundo de desenvolvimento para os países latinos para que discussões sejam pautadas com visão política, prevendo crescimento econômico com inclusão social. Para ele, a participação de empresários é imprescindível para que a integração saia cada vez mais dos protocolos e seja concretizada. Lula acredita que a região tem potencial para atuar semelhantemente a União Europeia.

“Integração é algo fácil de falar e difícil de ser executada, sobretudo para um político latino-americano”, afirmou Lula, na presença do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e do presidente Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, nesta terça-feira (10), durante o Fórum América Latina e Caribe Global 2014.

Para Lula, a criação de um fundo de desenvolvimento da América Latina com US$ 2 a 3 bilhões iniciais é uma boa medida para alavancar dinheiro. Além disso, a participação dos empresários no processo se torna necessária para que as propostas não escoem ao retornarem ao Parlamento de cada país. “Com o modelo que temos, se levarmos em conta a potência de integração e o Brasil se comportar como um grande mercado para qualquer país da América Latina, podemos fazer nos próximos 10 anos o que não fizemos em 50”, disse.

Para exemplificar a falta de concretização dos projetos, Lula citou a discussão sobre a crise de 2008, com o G20, onde as 20 maiores economias mundiais assinaram vários acordos, porém nenhuma foi posta em prática. “Não aconteceu nada porque não existe um governo mundial que exija isso. É cada um puxando para o seu lado”.

Integração – Na campanha de 2002, descartava-se a ideia de integração à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), visto que existia o interesse na consolidação de um bloco mais soberano para a América Latina. A política de não-integração era criticada por aqueles que acreditavam que a participação na Alca se tratava de uma oportunidade extraordinária, pois aproximaria as relações econômicas com os Estados Unidos.

“Não quisemos nos alinhar aos Estados Unidos, pois não havia sequer uma proposta para ajudar os países mais pobres. Eram propostas simples e secas, onde o rico ficava mais rico e o pobre mais pobre”, explicou.

Há 10 anos, o Brasil, que faz fronteira com 10 dos 12 países da América Latina, não tinha integração com os países. Em 2003, quando começou o processo de inversão, o fluxo de balanço de comércio entre Brasil e Mercosul era de US$ 10 bilhões. Hoje, são US$ 49 bilhões. Antes da crise de 2008, só com a Argentina, o fluxo aumentou de US$ 7 bilhões para US$ 30 bilhões. Já com América Latina e Caribe o aumento foi de US$ 20 bilhões para US$ 95 bilhões.

“Isso demonstra que valeu a pena acreditar e que era possível nos tornarmos mais amigos e diversificar a possibilidade de crescimento desses países”, avalia o ex-presidente.

Copa – Lula aproveitou a ocasião para criticar a postura dos que subestimaram o Brasil sobre a realização da Copa do mundo. Para muitos, o país não tinha condições de sediar o evento. “Fico triste com o azedume de algumas pessoas e isso me faz lembrar a Copa do México de 86, ocorrida logo após um terremoto, e que foi incrível”, lembrou.

” Nós mostramos que temos condições sim”, completou.

Em tom de brincadeira, Lula pediu ainda aos colegas argentinos que deixem a vitória para os brasileiros. “Não se metam em levar a Copa. Já perdemos a de 50, não queremos perder agora”, concluiu.

 

Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias

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