Paridade mudou cultura política no PT, afirma Vivian Farias

Membro da Executiva Nacional do partido defende que paridade entre homens e mulheres na direção é pedagógica e transforma prática cotidiana do partido

Divulgação
6º Congresso Nacional do PT

Secretária Nacional de Coordenação Regional e membro da Executiva Nacional do PT, Vivian Farias

Integrar e aproximar a direção nacional do Partido dos Trabalhadores com seus diretórios estaduais é tarefa da Secretaria Nacional de Coordenação Regional do PT, sob comando da pernambucana Vivian Farias.

Membro da Executiva Nacional do partido, Vivian reforça a importância de levar em conta as diferentes regionalidades que existem dentro do PT.

“Não podemos tratar o PT do Nordeste igual ao PT do Norte, igual ao PT do Sudeste. Existem especificidades regionais que mexem na vida política do partido como um todo”, defende.

Nesse sentido, ela acredita que o 6º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, que acontecerá em junho deste ano, deve debater a criação e o papel das Vice-Presidências Regionais do PT.

O objetivo dessas vice-presidências, na avaliação da secretária, seria o de acompanhar mais de perto os diretórios estaduais de maneira mais orgânica, presente e atuante no cotidiano dos diretórios e zonais do PT, assim como junto à militância da base.

Isso pode, inclusive, aumentar a participação das mulheres nos espaços de poder dentro do partido, acredita Vivian. “Podemos, sim, ter várias companheiras ocupando esses espaços das Vice-Presidências Regionais do PT.”

Quando o assunto é participação e representatividade, Vivian é ferrenha defensora da paridade entre homens e mulheres nos cargos de direção do PT como instrumento da luta pela maior presença feminina nos espaços de poder.

Vivian Farias em reunião da Executiva Nacional do PT

Para ela, toda regra que envolva a cultura política é pedagógica e a paridade possibilitou essa mudança na cultura política do PT.

“Apesar de não estar no estatuto do PT, a maioria das mesas de debates hoje é composta com paridade. Houve mudança nas saudações, na narrativa do partido. As mulheres se empoderaram e conseguiram capitanear politicamente a paridade para uma mudança de cultura política na prática cotidiana do PT”, fala, como exemplos dessa mudança no partido.

Porém, a membro da Executiva Nacional vai além da paridade e propõe também o revezamento entre homens e mulheres nos cargos de direção, inclusive na presidência do PT.

“Eu sou bem radical nesse sentido. Acredito que a gente tinha que propor alternância de gênero nos espaços, porque a gente não pode mais permitir que só homens, homens e homens fiquem nos espaços mais decisórios do partido”, explica Vivan.

A alternância de gênero na presidência é prática em alguns movimentos sociais na Europa e na América Latina e seria, na opinião dela, uma política temporal, “até que se consiga modificar a práxis política do partido, para que se tenha mais mulheres reconhecidas nos espaços”.

Para Vivian, o que falta à maior participação de mulheres nos espaços de poder dentro do PT é a sensibilidade do conjunto do partido, inclusive sobre as próprias relações sociais, para não reproduzir a opressão de gênero dentro da legenda.

Mulheres conseguiram capitanear a paridade para uma mudança de cultura política, na prática cotidiana do PT

“É preciso entender que a mulher dirigente geralmente também é a dona de casa, a que tem o cuidado quase que exclusivo da criação dos filhos. Isso tudo pode dificultar o deslocamento da mulher, a dedicação mais integral ao fazer político. É preciso ter sensibilidade para fazer o contraponto a uma cultura que quer nos oprimir, que quer nos colocar no privado da vida, e não na vida pública”, conta.

Juventude pioneira

Ainda compondo os quadros de jovens do Partido dos Trabalhadores, Vivian Farias destaca que a juventude petista foi pioneira em diversas mudanças, depois incorporadas pelo próprio partido.

Isso porque a paridade de gênero foi instituída desde o primeiro Congresso da Juventude do PT, em 2008, quando foi eleita uma mulher para ser a secretária nacional de juventude do partido. Além disso, esta gestão já contava com representantes de todas as regiões do País.

3º Congresso Nacional da Juventude do PT

“As cotas de negros foram primeiro advindas na JPT também. Então, a nossa juventude vem de maneira muito protagonista mexendo no partido e ensinando que uma militância mais orgânica passa sim pelo empoderamento das mulheres, dos negros, dos LGBT, para ter um partido mais diverso, mais plural e mais a esquerda”, enfatiza Vivian.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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