Prisão de Sara Winter expõe governo e empresários bolsonaristas

Diferente da postura da sociedade, o presidente Bolsonaro se manteve em absoluto silêncio diante da gravidade dos fatos ocorridos no final de semana. O deputado federal Eduardo Bolsonaro prestou solidariedade ao grupo “300 do Brasil”, desalojado do acampamento na Esplanada dos Ministérios.

Reprodução

Sara Winter e Jair Bolsonaro.

A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira, 15, Sara Winter e mais cinco membro de seu grupo “300 do Brasil” – que não passam de trinta. A decisão é do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito do inquérito que investiga protestos antidemocráticos.

O estopim para a reação foi o “bombardeio” da sede do STF por fogos de artifício na madrugada de domingo, em Brasília. No sábado, o grupo tentou invadir o Congresso Nacional, aos gritos de “Acabou, porra!”, expressão proferida por Bolsonaro.

No domingo, o Ministério Público do Distrito Federal já havia acionado a Justiça para investigar o grupo, particularmente a denúncia de porte de armas. No pedido, o MP-DF alerta para declarações públicas sobre porte de armas dentro do acampamento feitas por sites associados e por lideranças do grupo.

No domingo e nesta segunda-feira, lideranças políticas, juristas, entidades e instituições públicas protestaram contra as ações do grupo e expressaram apoio ao STF. Nesta segunda-feira, os ex-presidente Lula e Dilma Rousseff, e a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffman, manifestaram o repúdio ao ataque às instituições.

Diferente da postura da sociedade brasileira, o presidente Bolsonaro se manteve em absoluto silêncio diante da gravidade do fato, sem emitir nenhum sinal de contrariedade com as ações que beiram ao terrorismo.  No domingo, diante da repercussão negativa dos fatos ocorridos Bolsonaro não compareceu à fraca manifestação bolsonarista em Brasília.

Solidariedade ativa

Outros integrantes da ala radical da bolsonarismo não esconderam a concordância com as ações do grupo “300 do Brasil” e outras ações de afronta às instituições e à democracia. No sábado, quando o grupo teve o acampamento desmontado pelo governo do DF, o deputado federal Eduardo Bolsonaro compareceu ao local para prestar solidariedade.

No domingo, foi a vez do ministro da Educação, Abraham Weintraub, alinhar-se ao lado do grupo e outros manifestantes que pediam “intervenção militar”.  No encontro público com os bolsonaristas, após silenciar no depoimento à Polícia Federal, Weintraub voltou a chamar os ministros do STF de “vagabundos”.

Provocação profissional

Mais do que uma ação tresloucada, ou interesses eleitorais particulares, as ações comandadas por Sara Winter atendem a estratégia golpista perseguida pelo bolsonarismo. “Fui treinada na Ucrânia e digo: chegou a hora de ucranizar!”, disse Winter em seu Twitter, deixando claro seus objetivos. “Ucranizar”, no caso, é promover eventos violentos, a exemplo do que ocorreu na Ucrânia, em 2013.

A prisão de Sara Winter expõe a conexão com o governo Bolsonaro e o financiamento de empresários bolsonaristas às ações do grupo. Um ativista não identificado dos “300” confessou no sábado, em “live” divulgado pelo próprio grupo, que empresários bancaram seu deslocamento de Salvador para se integrar ao grupo em Brasília. Setores da mídia citaram a expressão “follow de money”, cobrando rápida e rigorosa investigação sobre o grupo.

 

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