Reforma da Previdência levará jovem a aceitar menos direitos

Proposta de Jair Bolsonaro (PSL) prevê desoneração para quem empregar trabalhador aposentado, o que levará jovens a aceitar empregos precários

EBC

Jovens querem trabalhar, mas não têm oportunidades, diz Dieese

Além de colocar a vida de idosos com pouca renda em risco, a Reforma da Previdência de Jair Bolsonaro (PSL) vai levar os jovens do país a aceitar trabalhos precários.  A Proposta de Emenda Constitucional foi apresentada na quarta-feira (20) e especialistas em mercado de trabalho apontam que os jovens menos qualificados terão de aceitar vagas com menos direitos. Isso ocorrerá porque as empresas vão preferir contratar trabalhadores já aposentados.

Pelas regras da reforma, os trabalhadores poderão se aposentar após 20 anos de contribuição mínima e ter 65 anos, para homens, e 62 para mulheres. O texto da PEC prevê também a desoneração para quem empregar trabalhador que já tenha se aposentado, como dispensa do recolhimento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do pagamento da multa de 40% em caso de demissão.

Segundo o advogado Luiz Guilherme Migliora, ouvido pela Folha de S.Paulo, as empresas vão priorizar o trabalhador aposentado, já que sem o recolhimento de 8% do FGTS e o gasto com a multa esse  profissional será 11,2% mais barato para o empregador.

Ainda segundo o advogado, os mais jovens vão ser incentivados a aderir a outra proposta de Bolsonaro, que ainda está em gestação, que é a chamada carteira verdade e amarela. O regime de contratação tem regras trabalhistas mais flexíveis, ou beirando a informalidade, como Bolsonaro diz. É válido lembrar que a taxa de desemprego médio entre pessoas de 18 a 24 anos passou de 25% em 2018.

“O trabalhador aposentado vai virar um item de desejo no mercado de trabalho. Isso vai gerar uma pressão para os não aposentados e, entre os jovens, forçá-los a aceitar uma carteira verde e amarela, principalmente os menos qualificados”, explica Migliora.

A publicação também ouviu o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômico (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, que explicou  que manter os trabalhadores mais velhos não será uma tarefa fácil para as empresas. De acordo com Lúcio, há um risco de que muitos brasileiros cheguem aos 60 anos sem trabalho e não tenham nenhuma proteção contra a pobreza.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S.Paulo

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