Rose Rodrigues destaca papel social do Pronera
Ao Café PT, secretária Agrária Nacional do partido fala sobre a abertura de curso de medicina para filhos da reforma agrária, quilombolas e sem-terra
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“É um sucesso muito grande, o terceiro governo Lula marcou um gol de placa! Pela primeira vez a gente vai ter um curso de medicina para esse público em que o presidente tanto aposta. Estamos muito entusiasmados com essa conquista porque é uma reparação histórica para os filhos da classe trabalhadora do campo, das águas e das florestas.”
A fala é da secretária Agrária Nacional do PT, Rose Rodrigues, sobre a abertura de uma turma extra do curso de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com o Incra, voltada para beneficiários do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), quilombolas e famílias sem-terra.
Em entrevista ao programa Café PT da TvPT nesta segunda-feira (3), Rose destacou o papel fundamental das secretarias e setoriais do PT no diálogo com movimentos sociais, que resulta na formulação de políticas públicas, especialmente o Pronera.
“É ouvindo a classe trabalhadora por meio de suas organizações que conseguimos formular um plano de governo que tem cheiro de povo. Celebramos isso com muito orgulho. O PT é esse grande instrumento histórico de fazer o Brasil para todas as brasileiras e todos os brasileiros”, afirmou.
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Cheiro de SUS
Rose ressaltou a importância do curso de medicina do Pronera frente à dificuldade de interiorizar médicos no país. “Alguém que nasceu ali, que ama aquele território, poderá se formar e atuar na própria região. Imagina a alegria, o cheiro de SUS! Saúde não como mercadoria, mas humanizada.”
Além de representar uma grande conquista, o curso demonstra na prática como um governo popular valoriza movimentos sociais e sindicais historicamente criminalizados e alvo de fake news. “Esse curso chega com sabor de dignidade e respeito aos cidadãos e cidadãs que decidiram morar no campo.”
O Pronera, que não teve nenhum incentivo dos dois últimos governos, agora “trata desigualmente os desiguais”, segundo Rose. Para ela, o terceiro governo Lula não só incentiva como cuida desse público, ao contrário do anterior, que falava em “arroba” ao se referir ao peso dos quilombolas.
“Trazer de volta o Pronera é reestruturar o locus, a base das ações para que esses cursos voltem a estar novamente disponíveis para esse público.”
Processo de seleção
A UFPE disponibiliza 80 vagas para o curso de medicina do Pronera. A primeira etapa de seleção ocorreu em 5 de outubro, com verificação documental de vínculo com a reforma agrária. As seguintes são eliminatórias e classificatórias, incluindo provas presenciais e redação para avaliar conhecimento e entendimento sobre reforma agrária.
Rose parabenizou Alfredo Macedo Gomes, reitor da UFPE, por socializar o conhecimento produzido nas universidades, destacando que a qualidade da formação será garantida. “Os alunos terão tanta competência quanto os formados pelas seleções tradicionais. O filho de quilombola ou assentado da reforma agrária se tornar médico pelas mãos do Estado é algo que só acontece em governos comprometidos com o tratamento singular dessas pessoas. É um sonho, e o campo está em festa”, sintetizou.
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Cabeça erguida
O Pronera já formou mais de 200 mil estudantes. Para Rose, isso é fruto da atuação das secretarias e setoriais do PT, que elaboram políticas públicas inclusivas, abrangendo cursos de pedagogia, agronomia, direito, alfabetização, entre outros, sem tirar vagas de ninguém.
Ela ressalta que o ensino do Pronera faz o aluno se reconhecer como brasileiro, com orgulho de sua origem quilombola, assentada, indígena ou extrativista. “Dizer de cabeça erguida ‘sou engenheiro agrônomo formado pelo Pronera’ engrandece o papel do nosso partido. É gigantesco”, afirmou.
Rose lembra que a relação do PT com os movimentos sociais permite levar para universidades aqueles historicamente excluídos, não apenas para estudar, mas para dialogar sobre melhorias em seus territórios. “A luta popular e sindical precisa ser legitimada […] Lula, em seu terceiro governo, materializa conquistas históricas, como o curso de medicina, uma das últimas fronteiras do ensino superior.”
Narrativas falaciosas
Em artigo no site do PT, publicado em 29 de setembro, Rose rebateu ataques da grande mídia e parte da sociedade que tentam criminalizar o Pronera. “O que está por trás das narrativas é a luta de classes, o desespero de saber que o filho do agricultor e da agricultura, do camponês e da camponesa vai virar médico, como é o filho do empresário e do fazendeiro”, destacou.
Uma das falsas alegações espalhadas sobre o curso era de que seria exclusivo para o MST. “A imprensa cobriu com esse requinte de crueldade dizendo para a população brasileira essa ideia de que o curso estava sendo feito para o MST. Isso demonstra má fé”, apontou Rose, reafirmando que trata-se de um programa nacional de educação da reforma agrária alcançando diversos movimentos sociais que lutam por uma política pública constitucionalizada desde 1970.
“Em 1970, nasceu o Incra com o dever constitucional de executar a reforma agrária. A Constituição diz que a terra do nosso país tem que cumprir uma função social”, finalizou.
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Da Redação
