SP: Moradores de áreas nobres querem fim das ciclovias; Prefeitura defende espaço público

Objeto de críticas e preconceitos, as ciclovias adotas pelo governo do petista Fernando Haddad elevam a qualidade de vida da população

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 22-09-2012, 10h00: Evento realizado na Avenida Paulista marca o Dia Mundial sem Carro. (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Na contramão do movimento internacional pró-mobilidade urbana, a ampliação das ciclovias na cidade de São Paulo (SP) tem sido duramente criticada por moradores de áreas nobres da capital.

Em resposta, o secretário municipal de G0overno, Chico Macena, afirmou que o planejamento urbano da cidade de São Paulo já previa a criação de ciclovias desde os anos 1980.

“Temos que tirar vagas de garagens para ciclovia e para aumentar o tamanho das calçadas”, defendeu na tarde desta segunda-feira (8), durante evento promovido pela Prefeitura para ampliar o diálogo com a população, conhecido como Gabinete Aberto.

“Rua não é local para estacionamento. Devemos privilegiar o uso coletivo. Espaço público é para o público”, completou.

Em reportagem publicada no jornal “O Estado de S. Paulo”, neste domingo (7), cidadãos acusam as mudanças de serem as responsáveis por  causar transtorno ao reduzir o número de vagas para carros em alguns bairros e atrair gente que “não presta”.

“Eles não podem perder o direito de estacionar os carros nas ruas. E a ciclovia vai atrair assaltantes”, argumentou uma das moradoras do bairro de classe média alta ouvidas pela reportagem.

“Quem anda de bicicleta não presta, hoje nós sabemos disso. São pessoas não qualificadas. Então, vamos ficar sujeitos a esses riscos aqui?”, sustentou outro morador.

Hoje a capital paulista conta com mais de 200 quilômetros de ciclovias e mais de 6,7 mil vagas para bicicletas, segundo a Prefeitura. A previsão é que até o final de 2015, o espaço destinado exclusivamente para a travessia de ciclistas chegue a 463 quilômetros. Somente na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) foram instalados 139,2 quilômetros desse total.

Cultura – Juntamente às mudanças estruturais é preciso haver uma mudança cultural entre os moradores. Nessa direção, um projeto de lei de autoria da vereadora Juliana Cardoso (PT), da Assembleia Legislativa de São Paulo, pretende oferecer desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) às empresas que estimularem o uso de bicicletas entre os funcionários como meio de transporte, disponibilizando bicicletários e vestiários, por exemplo.

Segundo a vereadora, há um conflito de interesse que vai contra a evolução do meio de transporte prioritário na cidade. “Estamos rompendo toda essa cultura em favor do carro. Isso também aconteceu quando adotamos as faixas exclusivas para ônibus, que agora já está praticamente solucionado”, afirma.

Depreciada por parte dos paulistanos, as ciclovias são alvo de abaixo-assinados e ações na Justiça. A pedido de moradores, um inquerido foi aberto pelo Ministério Público Estadual (MPE) para investigar a adoção dos espaços determinados para o trânsito de ciclistas.

Segundo o prefeito, a ação vai contra o esforço do governo local para cumprir o Plano de Mobilidade, estabelecido por lei. “Todos os prefeitos do Brasil têm de responder ao plano, que prevê faixa exclusiva para ônibus e ciclovias”, disse Haddad, em evento no mês passado.

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias

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