“Temo pela vida de Lula”, diz Adolfo Esquivel, Nobel da Paz argentino

Ativista lembrou que ex-presidente “promoveu a paz tirando 36 milhões de brasileiros da miséria extrema” e criticou imperialismo dos EUA na América Latina

Reprodução

Adolfo Perez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz no Acampamento

Responsável por indicar Lula para o Nobel da Paz, o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel concedeu entrevista, nesta quinta-feira (31), à Rádio França Internacional (RFI), criticou a decisão inútil do Supremo Tribunal Federal (STF) e revelou temer pela vida do ex-presidente.

“É gravíssimo que não tenham deixado que Lula fosse ao sepultamento de seu irmão mais velho. É um ataque onde existe muito ódio. Temo pela vida de Lula, na situação em que ele se encontra. São setores reacionários que não medem sua crueldade”, afirmou Esquivel à RFI.

O Nobel da Paz argentino, criador da associação Serviço Paz e Justiça, revelou durante a entrevista que decidiu promover a campanha para que Lula seja o próximo agraciado pelo Comitê norueguês do Nobel para reconhecer a luta do ex-presidente contra a fome e a miséria.

“Lancei a candidatura oficial de Lula ao Prêmio Nobel da Paz antes mesmo dele ser preso e condenado injustamente. Condenam Lula porque ele tirou 36 milhões de brasileiros da miséria extrema, da fome, da marginalidade, da grave situação que vive o povo do Brasil. Ele dedicou sua vida a seu povo, e não se serviu do povo. Logicamente, esperamos que o comitê do Nobel o considere”, declarou Esquivel.

O ativista também acredita que a libertação de Lula é fundamental para o futuro da democracia brasileira, mas também para a América Latina. “Seria muito relevante não apenas para o Brasil, mas também para a América Latina, onde existe cada vez mais fome e marginalidade, além de situações de perseguição política e social”, afirmou.

Imperialismo ataca a América do Sul

O Nobel da Paz argentino atribuiu as crises políticas dos países da América do Sul ao imperialismo dos Estados Unidos. Segundo Esquivel, as tentativas e golpes que ocorreram no Brasil e Venezuela tem participação direta dos estadunidenses. O ativista lembrou que Sérgio Moro recebe até hoje instruções do Departamento de Estado dos EUA, que foi “responsável pela prisão de Lula”.

“Vocês sabem: Sérgio Moro, como o Bonadío aqui [Claudio Bonadío, polêmico juiz federal argentino], viajam permanentemente para os Estados Unidos para receber instruções do lawfare, como chamam a guerra judicial contra todos os mandatários progressistas latino-americanos. Além disso, o Poder Judiciário no Brasil é submetido ao poder político, além dos grandes interesses dos EUA na região”, criticou.

Por fim, Esquivel aponta que os EUA são os principais responsáveis por orquestrar os ataques à soberania da Venezuela. “Todos esses governos atacam fortemente a Venezuela, violando o direito de autodeterminação do povo venezuelano. Não apoiam uma solução de diálogo. Estamos vivendo um ataque liderado obviamente pelos Estados Unidos, que possuem um intervencionismo muito grande em nossos países”, diz.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Rádio França Internacional

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