Tragédia: Brasil caminha para cenário de 3 mil mortes diárias

Ministro da Economia Paulo Guedes volta a mentir, dizendo que o governo trabalha para “dar escala” na aquisição de 14 milhões da vacina Pfizer

Márcio James

Tragédia: Brasil caminha para cenário de 3 mil mortes diárias

Em ritmo acelerado de infecções e mortes por Covid-19, o quadro nacional de extermínio em massa deverá ser ampliado nos próximos dias. Se o país não fechar, o sistema de saúde será completamente paralisado em todas as regiões e o número de mortos pode chegar ao patamar de 3 mil vidas perdidas por dia, alertam especialistas, confirmando previsões do próprio Ministério da Saúde. O impacto será ainda mais devastador nas periferias, onde populações mais vulneráveis já enfrentam um cenário de guerra desde o fim do auxílio emergencial. No domingo (7), mais um recorde da média diária de mortes foi batido, pela nona vez, chegando a 1,5 mil óbitos.

Transformado em um campo de concentração continental por Jair Bolsonaro, o país já perdeu 265.500 brasileiros, além de contabilizar mais de 11 milhões de casos da doença. E não há perspectivas para uma urgente aceleração da campanha de vacinação, que anda a passos de tartaruga. Segundo a colunista Mônica Bergamo, da ‘Folha de S. Paulo’, a Fiocruz deixará de entregar, em março, 15 milhões de vacinas em março ao Plano Nacional de Imunização (PNI). Por causa de um problema técnico, serão entregues apenas 3,8 milhões de doses.

Nesta segunda-feira (8), o ministro da Economia Paulo Guedes voltou a mentir, afirmando que a vacinação em massa é “prioridade” do governo e que Bolsonaro tratou, com a fabricante Pfizer, da compra de 14 milhões de imunizantes, a serem entregues até junho.

“O presidente Bolsonaro teve uma conversa agora com o presidente mundial da Pfizer. Nós estávamos já negociando há bastante tempo com a Pfizer e havia um problema de escala, nós precisamos de uma escala maior e esse foi o pleito do presidente”, disse Guedes no Palácio do Planalto, ignorando que foi graças à omissão criminosa de Bolsonaro que o país deixou de comprar 70 milhões de doses da vacina em agosto de 2020, quando a empresa procurou o governo para fazer a oferta.

“O Brasil poderia ter comprado, muito antes, 70 milhões vacinas da Pfizer, 20 milhões da Johnson, 70/80 milhões da Sputnik, mais 30 milhões do consórcio da OMS”, lembra o líder da bancada do PT na Câmara, Bohn Gass. (RS). “Mas Bolsonaro se negou. Da OMS, por exemplo, comprou 10 milhões quando poderia ter comprado 40 milhões. Ele boicotou a vacina, sim”, enfatiza Gass.

Em mais uma manobra diversionista, Bolsonaro, ao invés de providenciar vacinas, enviou uma comitiva para Israel atrás de um spray “milagroso” contra a Covid-19. Trata-se de uma séria candidata a nova cloroquina, uma vez que os estudos sobre o medicamento não foram concluídos.

3 mil mortes diárias

“Não sei de onde o ministério tirou essa estimativa, mesmo se fossem 2.500. Eu não estou certo de que a cúpula do governo consegue fazer essas simulações, ou se isso é puro chute. Mas não parece inverossímil”, avalia o professor do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Roberto Kraenkel, em depoimento ao ‘Valor’. “Tudo vai depender das ações dos governos locais para tomar medidas que diminuam o contato entre as pessoas”, observa.

“Estamos numa situação de interrupção do auxílio emergencial de R$ 600, subemprego estrutural e desemprego subindo, transporte público caótico, com pessoas aglomeradas”, advertiu o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, também  em entrevista ao ‘Valor’. “O presidente está ganhando essa guerra da comunicação, da informação… E a população deixou de usar máscara. As três variantes estão circulando, segundo a Fiocruz, em todo o território. E a cobertura vacinal caminha a conta-gotas”.

Da Redação, com informações de ‘Valor’

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