Votação rachou base golpista de Temer, avaliam líderes do PT

Votação de quarta mostra que Michel Temer perdeu base e terá dificuldades para livrar-se de novas denúncias, avaliam líderes petistas no Congresso

Gustavo Bezerra/PT na Câmara

Temer compra apoio de aliados na Câmara

Um dia após a votação que rejeitou a denúncia contra Michel Temer por crime de corrupção passiva, os líderes petistas no Congresso Nacional avaliaram que o presidente golpista perdeu forças para enfrentar novas denúncias.

Para eles, o placar foi aquém do esperado pelo governo, mostrando encolhimento da base governista, dificuldade dos golpistas de aprovarem propostas como a reforma da Previdência, além do enfraquecimento para enfrentar novas denúncias contra Temer.

“Um placar onde o governo só tem 263 votos, depois de ter uma base com 400, é muito complicado para o governo, que perdeu base”, afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

Em sessão no plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2), foram 263 votos a favor e 227 contra o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) que pedia o arquivamento da denúncia contra Temer . Desta forma, a investigação ficará parada no Supremo Tribunal Federal (STF) até o dia 31 de dezembro de 2018, quando, tecnicamente, o golpista encerraria o mandato.

Sobre possíveis novas denúncias contra Temer a serem apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Zarattini foi enfático: “Acredito que a situação do governo vai ser ainda pior do que foi nessa”.

Na avaliação do líder, é muito difícil que deputados que já votaram contra o governo nesta primeira denúncia mudem de opinião.

Usurpador Michel Temer garantiu o arquivamento da denúncia contra ele por corrupção passiva, em votação no Plenário nesta nesta quarta-feira (2)

“Por outro lado, muitos do que votaram a favor do governo podem mudar de opinião. Com certeza em uma segunda denúncia, o placar daqueles que votarem pela aceitação da denúncia vai ser maior do que foi nessa agora”, afirmou.

Já o Líder da Minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE), que acompanhou a votação, acredita que o resultado desta quarta apenas adiou o desfecho desse governo Temer.

“Eu acredito que em uma próxima denúncia, que venha a ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República, e deverá ser, dificilmente obterá sucesso como obteve agora com essa primeira denúncia”.

Isso certamente vai produzir dificuldades para aprovação da reforma da Previdência”, diz Humberto Costa

Racha na base golpista

Ainda sobre o racha na base do governo, o líder do PT na Câmara destacou que um dos grandes apoios de Temer, o PSDB, saiu profundamente dividido, com uma bancada rachada ao meio. Foram 22 votos a favor de Temer e 21 contra, na votação desta quarta. “O PSDB sai desse episódio absolutamente despedaçado”.

Segundo ele, os “infiéis” a Temer não votaram apenas de forma divergente ao governo, “votaram contra o governo e pelo seu fim”, o que vai gerar um confronto na base, com troca de ministérios e cargos.

O líder da Minoria no Senado também apontou a redução do tamanho da base de sustentação do governo.

“Isso certamente vai produzir dificuldades, por exemplo, para a aprovação de reformas com a reforma da Previdência e outras decisões impopulares que estão na lista para serem tomadas no Congresso”, assinalou.

Na avaliação de Zarattini, essa diminuição da base governista se deu pela pressão das ruas e das bases eleitorais dos deputados.

“Essa pressão existiu e ainda existe. Pode não ter sido suficiente para mudar o resultado final, mas foi suficiente para colocar o governo em uma posição de grande fragilidade aqui na Câmara”.

No mesmo tom, o líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Décio Lima (PT-SC), qualificou que o arquivamento da denúncia apenas “tonifica ainda mais a nossa indignação para continuarmos lutando pelo Brasil”.

“Aqueles que lutam por uma causa lutam por uma vida toda. Não desistem diante de adversidades de qualquer batalha”, completou.

Líder da oposição no Congresso Nacional, deputado Décio Lima (PT-SC)

Segundo o líder da Minoria da Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), o objetivo principal da oposição, a partir de agora, é consolidar o bloco constituído durante esse processo entre PT, PDT, PCdoB, Rede e PSol, além de deputados de vários outros partidos.

“Vamos reunir a oposição já próxima semana e ajustar a nossa ação conjunta que vai ser feita a partir de agora”.

Balcão de Negócios para salvar Temer

Para o senador Humberto, o resultado favorável a Temer era esperado, pois o governo utilizou-se da formas “menos republicanas possíveis para obter votos pela não continuidade do processo”.

O balcão de negócios também foi destacado pelo líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ).

“Temer passou os últimos 15 dias usando os cofres públicos para comprar votos e salvar a própria pele. Conseguiu maioria para enterrar a denúncia, mas viu sua base diminuir e se distanciar muito do tamanho necessário para aprovar a reforma da Previdência”.

Lindbergh declarou que, desta vez, o governo Temer não caiu, “mas segue balançando”. E declarou que o PT e a oposição aos golpistas vão seguir “denunciando esta quadrilha que, em troca de medidas exigidas pelos donos do dinheiro, acha que ganhou uma licença Premium para saquear o País”.

Senador Lindbergh Farias concede coletiva como novo líder do PT no Senado

Já o líder Zarattini enfatizou que o governo, agora, terá que efetivar as promessas feitas aos deputados que votaram contra a denúncia.

“A conta saiu caríssima para o governo e para o Brasil”, afirmou, destacando a liberação de emendas e convênios com municípios, além da Medida Provisória que abre mão de R$5 bilhões em receitas provenientes de multas do setor agrícola, “que garantiu o voto de cerca de 200 deputados ligados à bancada ruralista”.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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