Efeito Lula: indústria de transformação cresce em quase 70% dos setores em 2024
Pesquisa do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) comprova os acertos do Nova Indústria Brasil, programa federal voltado à retomada do crescimento do setor, mas alerta para os riscos dos juros altos
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Graças às medidas adotadas pelo governo federal desde a posse do presidente Lula, a indústria de transformação expandiu-se, em 2024, de maneira disseminada entre os setores. É o que comprova levantamento divulgado, nesta quinta-feira (24), pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre janeiro e agosto, 68,9% dos segmentos avançaram em relação ao mesmo período de 2023. Tal ascensão garante que o crescimento da economia seja sustentado.
A industrialização nacional constitui uma das metas da administração Lula. Foi por isso que o governo lançou o programa Nova Indústria Brasil (NIB), que coloca o setor no centro do desenvolvimento do país. Até 2033, o NIB vai impulsionar a competitividade das companhias brasileiras, por meio da concessão de crédito, da renovação de maquinário e da transição ecológica. Essa expansão observada pelo Iedi é a maior em quase meia década, superando o desempenho de 2021, quando 62,5% dos segmentos apresentaram resultados superiores aos do ano anterior.
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Rafael Cagnin, economista do Iedi, enfatizou o crescimento agudo entre os bens duráveis, como automóveis, geladeiras, máquinas de lavar roupa, aparelhos eletrônicos e móveis. “Os dados mais recentes mostram esse processo de ganho de vigor, seja para bens de consumo, seja nos segmentos associados a investimentos”, elogiou Cagnin.
Expansão disseminada
De acordo com o estudo do Iedi, de janeiro a agosto, 10 dos 90 ramos analisados, ou seja, 11% deles, obtiveram crescimento em dígitos duplos, na comparação com o mesmo período de 2023. Destacam-se a fabricação de ônibus e caminhões (+50,5%), de aparelhos domésticos (+33,4%), de equipamentos de comunicação (+24,2%) e de máquinas e utensílios de uso geral (+21,5%).
Confira outros setores analisados pelo Iedi abaixo:
Abate de reses, exceto suínos (+17,7%)
Fabricação de fogões, refrigeradores, máquinas de lavar e secar domésticos (+17%)
Fabricação de produtos de madeira, cortiça e material trançado, exceto móveis (+14,7%)
Fabricação de componentes eletrônicos (+14,6%)
Indústria de Transformação (+3,2%)
Indústria Geral (+3%)
Indústrias Extrativas (+2,3%)
Outro levantamento divulgado pelo Iedi, dois dias atrás, já havia colocado o Brasil 30 degraus acima no ranking global da indústria de transformação, chegando à 40ª posição, também por conta da breve redução da taxa Selic pelo Banco Central (BC), entre 2023 e 2024.
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Especulação financeira
No segundo trimestre, o crescimento de 1,8% registrado pela indústria de transformação foi determinante para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) do país no período, confirma o Iedi. Apesar do bom desempenho, Cagnin adverte para o perigo representado pelo início do ciclo de altas de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu, na última reunião, elevar a Selic ao patamar de 10,75% ao ano, uma das taxas mais altas do mundo.
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“Os ramos com maior dinamismo em 2024 são justamente os que dependem mais da política monetária. Para os bens duráveis, a alta da Selic demora mais para ser percebida na piora das condições de crédito. Já os bens de capital são afetados mais rapidamente, porque afeta o cálculo de custo de oportunidade”, pondera Cagnin, que lamentou ainda as dificuldades de financiamento encaradas pelas empresas.
“Houve uma mudança importante no padrão de financiamento corporativo das grandes empresas, com a emissão de debêntures passando a financiar mais de um terço dos investimentos. Nesse cenário, o repasse às taxas de mercado é mais acelerado, na comparação com o crédito bancário, e a alta da Selic vem se somar ao movimento, em um repasse que também é mais rápido”, acrescenta o economista do Iedi.
O último boletim Focus, divulgado na segunda (21) pelas empresas ligadas ao sistema financeiro, reafirmou sua função nada republicana de pressionar o BC a escalar os juros, fazendo previsões alarmistas de que a inflação está prestes a sair do controle, muito embora ela siga dentro da meta.
Da Redação, com infomações de Iedi, IBGE, Valor Econômico