Avanço do coronavírus expõe urgência de valorização do SUS brasileiro

Apesar de subfinanciado, SUS é o único no mundo a oferecer todo tipo de atendimento a todos. Sem ele, um teste de Covid-19 custaria pelo menos R$ 5 mil

Cecília Figueiredo/Sindsep

Diante das incertezas da crise desencadeada pelo aumento de casos de infecção e mortes por coronavírus no Brasil, que colocou o país de quarentena, a única certeza é a urgência de valorização do Sistema Único de Saúde (SUS). A advertência foi feita pelo vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), Hélcio Marcelino. “Mesmo sucateado, tendo perdido mais de R$ 20 bilhões para o pagamento de juros só ano passado, ainda consegue oferecer todo tipo de tratamento para toda a população.”

Em entrevista ao jornalista Cosmo Silva para o Jornal Brasil Atual na tarde desta quarta-feira (18), o dirigente lembrou que nos Estados Unidos, que não oferece saúde pública à população, mesmo quem paga plano de saúde tem de arcar com o equivalente a R$ 5 mil reais para fazer o teste do coronavírus.

“Se não fosse o SUS e seus trabalhadores, a situação seria muito pior no Brasil. Muito pior que a da Itália e da Espanha, onde a gente vê as pessoas sendo internadas em casa, e os médicos sendo obrigados a escolher quem vai viver e quem vai morrer para colocar no respirador, porque a contaminação foi muito grande e não teve como fazer o atendimento da maioria das pessoas”, disse.

Hélcio chamou atenção ainda para o fato de o SUS, mesmo historicamente subfinanciado, tendo perdido mais de R$ 20 bilhões para o pagamento de juros só ano passado, ainda conseguir oferecer todo tipo de tratamento para toda a população.

“Neste momento em que o coronavírus avança no Brasil ganha importância a defesa do SUS. Mas todo mundo necessita do SUS o tempo inteiro e as pessoas não sabem. A prevenção da dengue, a análise da qualidade da água que a gente toma. Mesmo quem tem plano de saúde precisa do SUS. Agora nesses momentos de crise, em que o sistema público é convocado a dar a resposta, aí que fica claro para todo mundo que ‘ainda bem que a gente tem o SUS’ e não estamos na situação de países como os Estados Unidos”

Hélcio Marcelino, vice-presidente do SindSaúde-SP

Hélcio falou ainda sobre a importância dos servidores públicos da saúde em uma situação extremamente crítica como agora. “Toda solidariedade da sociedade para quem trabalha na área é necessária neste momento. E trabalhador da saúde é quem está mais exposto à contaminação. Profissionais de outras áreas ainda podem ficar em casa, protegidos do contato com o vírus. O trabalhador da saúde com certeza vai entrar em contato com o vírus”.

E aproveitou para mandar um recado para o ministro da Economia Paulo Guedes, que chamou os servidores públicos de “parasitas“.

“Sou da área de enfermagem, fiz meu juramento, não posso me furtar. É nessa hora que a sociedade precisa da nossa presença, do nosso trabalho, até para provar para o ministro da economia que parasita é quem sobrevive de dinheiro público, parasita são banqueiros, são ministros que enriquecem absurdamente com um dinheiro que nunca vão gastar na vida, nós não. Mesmo correndo risco de vida, estamos lá dentro dos hospitais para atender a população que precisar do nosso atendimento”.

Por Rede Brasil Atual

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