Bolsonaro culpa “fique em casa” para fugir do fracasso da economia
Sem argumento para justificar desastre socioeconômico brasileiro, chefe do Executivo repete falácia para se esquivar de culpa por desemprego, empobrecimento e fome
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Acuado pelo desgaste com o desastre socioeconômico de seu desgoverno, Jair Bolsonaro novamente tenta fugir da culpa alvejando mentirosamente o “fique em casa”. Mas a verdade é que países que seguiram as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) recuperaram mais rapidamente a atividade econômica do que os marcados pela omissão e sabotagem do próprio chefe de Estado, como o Brasil.
Esses países ocuparam as primeiras posições do ranking do crescimento econômico elaborado pela agência de classificação de risco Austin Rating no início de 2021. Na passagem de 2020 para 2021, o Brasil perdeu sete posições, caindo para o 19º lugar numa lista de 50 economias. E teria caído mais, não fosse a alta do preço das commodities, que, em contrapartida, está na origem da atual inflação de dois dígitos.
Bolsonaro atentou contra os fatos no Congresso do Mercado Global de Carbono, na última quinta-feira (19). “Talvez, digo talvez, (eu fui) o único chefe de Estado do mundo que não aceitou o ‘fique em casa e a economia a gente vê depois’. Lamentavelmente, a condução da pandemia foi tirada da minha mesa presidencial”, afirmou o homem que brigou com governadores e o Supremo Tribunal Federal (STF) em vez de governar.
Em abril de 2020, o STF ratificou a autonomia de estados e municípios para adotar medidas de isolamento social e definir as atividades a serem suspensas. Porém, a Corte também reconheceu o poder do governo federal para exercer atribuições relativas à pandemia – tarefa da qual o chefe do governo federal se esquivou o quanto pode.
A atitude de Bolsonaro custa caro ao país. O Brasil registrou proporcionalmente mais mortes por Covid-19 em 2020 do que 89,3% dos demais 178 países analisados pela OMS. O risco de morrer de Covid-19 foi 3,6 vezes maior que a média mundial no Brasil, que seguiu o padrão comum aos países que registraram mais mortes pela doença no início da pandemia e também tiveram os mercados de trabalho mais prejudicados.
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O Brasil também sofreu queda na ocupação mais intensa do que em 53 (ou 84,1%) de 64 países analisados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) entre os três últimos trimestres de 2019 e de 2020. O nível brasileiro de ocupação no período foi o 16º pior do mundo, com 48,8% da população em idade de trabalhar ocupada.
Sabotagem contra a vacinação e inoperância para recuperar a economia
Entre 2020 e 2021, quando o mundo já dispunha das primeiras vacinas para a Covid-19, Bolsonaro perguntava “para que a pressa” em comprar os medicamentos. Sua atitude desprezível, além das centenas de milhares de mortes, também causou desemprego.
Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrou que o número de horas trabalhadas no Brasil em 2021 ficou 5,6% abaixo dos níveis observados no quarto trimestre de 2019, antes da pandemia. Resultado pior do que a média mundial, cujo índice foi de 4,3%, travando a recuperação do emprego no país até hoje.
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Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) Maurice Obstfeld afirmou que Bolsonaro, ao negar a dimensão e a profundidade da pandemia, não só foi irresponsável no combate à Covid-19 como também comprometeu a capacidade do país de enfrentar a crise na economia.
“Com uma liderança apropriada, o Brasil claramente teria a capacidade de salvaguardar a saúde das pessoas”, afirmou o economista. Segundo ele, Bolsonaro e seus ministros importaram dos Estados Unidos a falsa contradição imposta pelo negacionismo da administração de Donald Trump. Não à toa, os dois países lideram o número de morte por Covid-19 no mundo.
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O FMI estima uma queda do PIB de 5% neste ano, agravada pelo comportamento irresponsável de Bolsonaro no combate à pandemia, diz o ex-economista chefe do FMI. A taxa de desemprego deste ano subirá para 18,7%, depois de ter fechado 2019 com média de 11,9%, alertam Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) e LCA Consultores.
Neste ano, também o número de insolvências de empresas pode crescer 32% em relação às 2.078 registradas em 2021, quando as medidas anticíclicas aprovadas no Congresso Nacional fizeram o número de falências cair 28%. A projeção é da consultoria Euler Hermes, líder mundial em seguro de crédito.
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“Esperamos um aumento notável em 2022, puxando o número de ocorrências para 2.900”, afirmou o chefe de Pesquisa de Insolvência da Euler Hermes, Maxime Lemerle. Ele ressaltou que a situação é mais grave para pequenas e médias empresas. Elas representam mais de 90% do número total de insolvências durante a pandemia, em comparação à média de 85% antes da crise sanitária que Jair Bolsonaro e seus ministros cúmplices transformaram em uma tragédia socioeconômica.
Da Redação