“Bolsonaro imita Trump”, diz Lula sobre ataques ao sistema eleitoral

Lula diz que o atual presidente só busca justificar a futura derrota em 2022. Bolsonaro corre o risco de ficar inelegível caso insista em espalhar fake news sobre as eleições

Ricardo Stuckert

Lula

Em entrevista à Telesur, na noite de quarta-feira (23), o presidente Lula criticou os constantes ataques que Jair Bolsonaro vem fazendo ao sistema eleitoral brasileiro, tendo chegado ao ponto de afirmar que as eleições de 2018 foram fraudadas para que ele não vencesse já no primeiro turno.

“Bolsonaro defende o voto impresso agora porque está tentado copiar o modelo de Trump para justificar a ideia de que, se algum adversário derrotá-lo, será roubo ou fraude”, disse Lula, referindo-se ao fato de que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, questiona até hoje o resultados das eleições na qual foi derrotado. A postura do americano chegou a provocar uma invasão de fanáticos ao Capitólio, o Congresso do país.

“Se houvesse fraude nas urnas eletrônicas, eu jamais teria sido presidente da República, porque, seguramente, a elite brasileira não queria (minha eleição)”, completou Lula (assista no vídeo abaixo, programado para começar nesse trecho da entrevista).

A fanfarrice de Bolsonaro em tentar seguir a estratégia de Trump já entrou no radar de magistrados, que percebem na postura do atual presidente uma ameaça à democracia brasileira. A resposta mais contundente veio do corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, que deu 15 dias para que Bolsonaro apresente as provas que disse ter sobre a suposta fraude no sistema eletrônico de votação em 2018.

Na quarta-feira (22), o magistrado, que integra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), editou uma portaria estabelecendo que todas as autoridades que relatem inconformidades no processo eleitoral ficam obrigadas a apresentar os elementos em 15 dias.

Risco de inelegibilidade

Segundo apuração da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a iniciativa do corregedor tem amplo apoio de ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal. A crença geral é a de que não tem prova alguma para apresentar e está simplesmente disseminando fake news. É uma forma, portanto, de “colocar travas no comportamento de Bolsonaro e de mandar o recado de que há uma linha que ele não deve ultrapassar”, informa a jornalista.

“Há integrantes de Cortes superiores que afirmam inclusive que o presidente pode ficar inelegível em 2022 caso se comprove que alimenta notícias falsas contra o sistema das eleições, que é o pilar da democracia no Brasil”, acrescenta Bergamo.

Assessora da liderança do PT no Senado e integrante da Coordenação Executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Tânia Oliveira elogia a iniciativa do ministro Salomão. “Bolsonaro, na verdade, fica dando dicas de que não vai aceitar uma derrota em outubro de 2022. A ação do TSE, pedindo que ele apresente essas provas, é muito importante para desmascarar esse discurso”, observa.

Tânia complementa dizendo que a defesa do voto impresso feita por Bolsonaro não faz sentido. “É bom que se diga que, na verdade, os partidos políticos podem auditar os votos no atual sistema. Não existe nenhum impedimento, e os técnicos credenciados pelas legendas podem verificar a lisura”, explica.

Da Redação, com informações da Folha de S. Paulo

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