Bolsonaro volta a atacar instituições do país, desprezando a vida

Gleisi Hoffmann e líderes petistas criticam nova ofensiva do presidente da República, que zomba do coronavírus, reúne centenas de bolsonaristas em Brasília e desafia Supremo e Congresso, enquanto manifestantes agridem profissionais de imprensa. “Basta. Não é possível que o jogo da morte e o desprezo à democracia tenham continuidade quando o Brasil conta mais de 6,5 mil mortos e quase 100 mil infectados”, denuncia a presidenta do PT

Ueslei Marcelino/Reuters

Fotógrafo Dida Sampaio foi um empurrado por manifestantes em manifesto contra a democracia

Numa nova escalada contra a democracia brasileira e desprezando as recomendações das autoridades sanitárias, o presidente Jair Bolsonaro voltou às ruas para demonstrar que não tem qualquer apreço às instituições democráticas e ao combate à pandemia do coronavírus. Neste domingo, 3 de maio, Bolsonaro voltou a estimular ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, diretamente da Praça dos Três Poderes, numa clara ofensa às instituições do país. O Brasil tem agora 6.777 mortes provocadas pelo Covid-19 e 97.929 casos confirmados da doença em todo o país.

O bolsonarismo reuniu neste domingo centenas de pessoas em Brasília, realizando carreata em plena Esplanada dos Ministérios. Jornalistas foram agredidos com chutes, murros e empurrões por bolsonaristas. A ameaça do presidente foi explícita: “Vocês sabem que o povo está conosco, as Forças Armadas ao lado da lei, da ordem, da democracia, liberdade também estão ao nosso lado”, disse Bolsonaro.

“Vamos tocar o barco, peço a Deus que não tenhamos problema nessa semana, porque chegamos no limite, não tem mais conversa, daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço. Amanhã nomeados novo diretor da PF, e o Brasil segue seu rumo”, afirmou. “Não vamos mais admitir interferência, acabou a paciência. Vamos levar o Brasil para frente”, ameaçou.

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, rechaçou os ataques à democracia e à imprensa e denunciou o presidente por desprezar as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) de evitar aglomerações e atentar contra a democracia. “Basta. Não é possível que o jogo da morte e o desprezo pela democracia tenham continuidade a cada final de semana, com o presidente da República ameaçando o Judiciário e o Legislativo, e a horda de fascistas que o apoiam ataca a imprensa e a oposição, tentando calar quem denuncia o arbítrio”, reagiu a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann.

Cantilena fascista

“Toda semana, o presidente decide estimular vândalos a usurparem a bandeira nacional, vestirem-se de verde e amarelo e ameaçar o Supremo e o Congresso, arrotando vitupérios contra a oposição e a imprensa”, denunciou. “As Forças Armadas sequer repreendem o Vândalo-Geral da República e deixam por isso mesmo até o próximo ataque a Rodrigo Maia, Dias Toffoli ou a qualquer outro que discorde dessa cantilena fascista. Basta! Os democratas precisam reagir”.

Gleisi disse que é simbólico que Bolsonaro lance nova ofensiva contra as instituições republicanas na semana em que o mundo relembra os 75 anos das mortes de Adolf Hitler, que se suicidou em 30 de abril de 1945, e Benito Mussolini, morto em praça pública, em Roma, em 28 de abril do mesmo ano. “As instituições e os democratas não podem se curvar ante o fascismo e a escalada do arbítrio, porque a história ensina que o preço que pagamos por não deter o fascismo é a morte e o fim do pluralismo de opiniões. Nessas horas, vale relembrar o poema de Bertold Brecht para deter o fascismo antes que cale a todos”, cobrou.

Os líderes da legenda, deputado Enio Verri (PR) e senador Rogério Carvalho (SE), criticaram duramente o presidente, assim como o líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE). “Bolsonaro novamente afronta as instituições democráticas, chama o povo às ruas no meio de uma pandemia colocando a vida dos brasileiros em risco”, criticou o deputado cearense. “Um atentado contra a democracia, mas sobretudo contra a vida e a ciência”, lamentou.

“Bolsonaro volta a promover aglomeração. Afronta instituições democráticas. Acuado com acusações contra ele e sua família, diz esperar não ter problemas na próxima semana, e usa as Forças Armadas como ‘escudo’ para se proteger. Bateu o desespero?”, questionou o líder no Senado.

O senador Humberto Costa (PT-PE) também reagiu: “Bolsonaro volta a apoiar ato contra STF e Congresso e diz que Forças Armadas estão ‘ao lado do povo’. É inaceitável”, criticou. O secretário-geral do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), também atacou a ofensiva do presidente da República. “Chegamos no limite. Não há mais como um criminoso permanecer na Presidência da República”, denunciou.

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