CNI: 71% das empresas apontam juros do BC como barreira ao crédito

Entidade volta alertar para asfixia dos juros ao setor: 47% das empresas desistiram de contratar ou renovar financiamentos de curto ou médio prazo por causa das dificuldades causadas pela Selic, hoje em 13,75%

José Paulo Lacerda - Site do PT

Juros escorchantes do Banco Central asfixiam o crédito para a indústria, aponta a CNI

O experimento de asfixia da produção industrial vem sendo conduzido com algum êxito pelo Banco Central de Roberto Campos Neto, para infortúnio do desenvolvimento do país. É o que atesta a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Nesta quarta-feira (7), a entidade divulgou a Sondagem Especial Condições de Acesso ao Crédito, que revela que 71% das empresas do setor apontam a Selic de 13,75% como a principal barreira de acesso ao crédito de curto e médio prazo.

Ainda segundo a CNI, 25% condenam as exigências de garantias reais e 16% denunciaram a falta de linhas adequadas às necessidades da companhia. A pesquisa  foi realizada entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023 e abordou as condições de crédito.

Para piorar, 47% das empresas desistiram de contratar ou renovar financiamentos de curto ou médio prazo por causa das dificuldades. Somente 28% contrataram ou renovaram linha de crédito. “No caso do crédito de longo prazo, o cenário é pior: 58% não procuraram contratar nem renovar e apenas 14% conseguiram contratar ou renovar”, alerta o portal da CNI.

“Observamos um cenário mais seletivo e exigente para quem busca recursos financeiros”, explicou o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra, à CNI. “Isso também explica o fato de cerca de metade das empresas não terem tentado renovar ou buscar novos empréstimos e uma parcela significativa ter renovado em condições piores ou muito piores. Também deve-se destacar que uma parte relevante das empresas que tentou renovar ou contratar crédito não conseguiu”, lamentou.

“Isso é muito negativo porque elas acabam não conseguindo realizar os projetos desejados, e muitas vezes precisam recorrer a recursos próprios, o que geralmente é menos eficiente”, advertiu Guerra.

Segundo Guerra, “a melhoria nas condições de oferta de garantias pelas empresas é uma agenda muito importante, que tem sido trabalhada e deve se intensificar”.

“Nesse sentido”, pontua o pesquisador, “destacam-se aprimoramentos a dois programas criados na pandemia e que merecem ser fortalecidos, o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) e o PEAC (Programa Emergencial de Acesso ao Crédito). Outra oportunidade de avanço é o PL 4.188/2021, que instituí o Novo Marco de Garantias”.

Da Redação, com CNI e Folha de São Paulo

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